Capítulo 37

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Na manhã seguinte, eu acordei primeiro que Regina, e me pus a velar seu sono, que parecia bastante tranquilo, e brincar com alguns fios de seus cabelos.

Eu estava distraída brincando com suas mechas, quando ela dá um grito e acorda assustada. Eu também me assustei e dei um pulo para trás.

— Emma! ― Olhou-me com seus castanhos marejados e então me agarrou, começando a chorar. — Eu tive um pesadelo horrível. ― Abraçou-me mais apertado. Para tentar lhe acalmar, comecei a afagar seus revoltos fios morenos.

— Dizem que quando contamos os sonhos, eles não se realizam. ― Afastei-me para poder ver seu rosto. — Talvez, sirva para os pesadelos também. ― Dei um sorrisinho e consegui arrancar um meio sorriso dela.

— Estávamos em uma laje que parecia ser na escola... ― Começou a contar, endireitando-se mais na cama. ― Estávamos sentadas, e eu estava te abraçando por trás. ― Trocamos algumas palavras e quando nos beijamos, alguém atirou em nós e eu não lembro mais o que aconteceu. ― Finalizou, abraçando-me novamente, enquanto eu tentava me encontrava surpresa e sem palavras, pelo que acabara de ouvir.

E então eu entendi tudo.

Em forma de sonho, ou pesadelo, melhor dizendo, ela havia se lembrando de tudo. Ou pelo menos o motivo de sua quase morte e vários dias em coma. A parte que envolve Neal atirando em nós por causa de sua obsessão por mim.

― Emma? ― Traz-me de volta a realidade.

— Isso não foi um pesadelo. ― Soltei, e sem lhe encarar, senti seu corpo se afastar bruscamente do meu. ― Foi real. ― Sussurrei. — Lembra-se da história que te contei, do porquê o meu ex namorado estava me seguindo? ― Ela balançou a cabeça afirmativamente, confirmando. — Foi isso que aconteceu no dia. Ele viu quando nos beijamos.

— Então eu me lembrei de tudo. ― Afirmou. — Não lembrei? ― Questiona-me ainda confusa com as novas informações.

— Você lembrou-se desse dia, mas não sei se lembrou dos meses anteriores. ― Expliquei e ela franziu o cenho. — Você lembrou? ― Indaguei curiosa. Se ela se lembrou mesmo de tudo, poderá responder várias perguntas que eu tenho para fazer desde o começo dessa história.

— Eu não... ― Começa a falar, mas não termina. Faz uma careta e se deita na cama novamente. — Ahhh! ― Gritou, assustando-me.

— Está tudo bem, Regina? ― Perguntei preocupada. — O que você está sentindo? ― Ela estava se contorcendo na cama, com uma das mãos na cabeça e fazendo uma careta.

E então os gritos cessaram e ela desmaiou. Assim como das outras vezes, durante o mês passado. Desesperei-me ao vê-la desacordada. Não parecia nem que respirava. Não parecia haver vida em seu corpo. Um pouco perdida sobre o que fazer, dei um pulo da cama e peguei minhas roupas que estavam jogadas ao chão, como um lembrete da noite anterior. Vesti-me nas carreiras e após pegar a delas, comecei a vesti-la também. Para a minha alegria e alívio, quando eu finalizava de abotoar sua calça, ela acordou.

— Graças a Deus você acordou. ― Sentei-me do seu lado, e ela me acompanhou. — Está se sentindo bem? ― Bastante preocupada, toquei em seu rosto, procurando algum machucado, ou qualquer coisa que me indicasse que ela não estava bem.

— Estou com uma leve dor de cabeça. ― Falou num sussurro, fazendo uma breve careta de dor. Parecia estar zonza e fazia uma expressão de quem estava vendo coisas à sua frente. — Em, acho que me lembrei de tudo, agora. ― Colocou a mão na cabeça. — Não tenho muita certeza, mas... ― Suspirou. ― Acho que me lembrei. Veio tudo como fleches. ― Encarou-me séria e eu fiquei nervosa. — Lembrei de coisas que fiz no começo do ano, e antes de tudo acontecer naquele dia. ― Explicou-me, fazendo uma careta novamente. Provavelmente ainda estava sentindo as dores.

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