Capítulo 31

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Durante a madrugada, eu acordo algumas vezes por conta da dor que estou sentindo em minha queimadura. Mas Regina não vê em nenhuma das vezes, e eu agradeço por isso, pois não queria atrapalhar seu sono com coisas minhas.

Quando eu vejo que finalmente amanheceu, levanto-me da cama com cuidado para não a acordar, e saio do quarto. Procuro pela sala e pela cozinha, o tal líquido azul que foi usado para aliviar minha dor na hora do incidente, mas não o encontro. Então, sigo para o jardim e me sento em baixo da macieira. Fecho os olhos e aproveito a brisa fria da manhã, batendo em meu rosto. O momento é tão bom, que por uns segundos, esqueço minha dor na mão.

Ainda de olhos fechados, e aproveitando o momento, sinto uma presença se aproximando. Sorrio, ainda de olhos fechados, e sinto um suave beijo em meus lábios.

— Bom dia! — Abro os olhos ao ouvir sua saudação, vendo-a ajoelhada em minha frente.

— Bom dia! — Sorrio-lhe, recebendo outro como resposta. Bato no chão ao meu lado, pedindo para que me acompanhe no momento relaxador que eu estava tendo.

— Caiu da cama? — Indaga-me bem-humorada, atendendo ao meu pedido e se sentando ao meu lado, mas sem se encostar a árvore, devido a cirurgia. — É tão cedo ainda... 

— Perdi o sono... — Fiz uma careta, levantando minha mão machucada na altura de suas vistas, para entender o motivo. — Aproveitei para ver o Sol se fazendo presente na manhã...

— Você deveria ter me acordado para te ajudar com essas dores. — Diz séria, e eu sinto como se tivesse recebendo uma reclamação.

— Eu não queria atrapalhar teu sono com uma besteira dessas. — Respondo em tom baixo, desviando o meu olhar para o chão a minha frente.

— Isso não é uma besteira, Swan. — Toca em meu braço, tentando trazer minha atenção para si. Mas eu só olho para a sua mão apertando o meu braço de leve. — Eu não me importaria de me acordar na madrugada para cuidar de você... — Encarei-a finalmente, sentindo o meu coração bater acelerado com sua afirmação. — Você me ajudou muito quando eu precisei. Agora é minha vez de retribuir. — Diz em tom baixo. — O que está sentindo agora? — Pega minha mão machucada, com cuidado, e analisa.

— Está tudo queimando... — Faço uma cara de dor enquanto ela acaricia ao redor do machucado, trazendo-me medo e alívio ao mesmo tempo.

— Já está bom de trocar esse curativo. — Levanta-se e me puxa pela mão, indo em direção a casa.

•§•

Assim que entramos, sento-me no sofá enquanto ela vai para o corredor dos quartos, voltando em seguida, com o tal líquido azul em mãos, que tanto procurei assim que me levantei.

— Onde estava? — Pergunto assim que ela se senta ao meu lado no sofá, e começa a desenrolar a gaze da minha mão.

— Em cima da mesa de cabeceira. — Diz simplesmente, sem tirar sua atenção do que fazia. Reviro os olhos comigo mesmo. Incrível como eu não consigo achar as coisas que eu quero.

Durante todo o processo, ela me pergunta se está doendo, e eu nego. Na verdade, eu só estava com medo de sentir a dor, com tantos dedos e unhas, passando perto do local. Mas não explanei isso para ela. Depois que minha professora derrama o líquido em cima do local, vai até o quarto novamente, e traz em uma pomada, que depois de ser colocada na região, é novamente coberta por uma nova gaze.

— Onde aprendeu a fazer isso? — Indago surpresa por sua habilidade e tranquilidade enquanto fez o novo curativo.

— Em casa, na faculdade, na escola e no hospital. — Dá de ombros.

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