Capítulo 33

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Depois que Regina preparou algo para comermos, escolhemos assistir um filme para passar o tempo. Ela parecia estar bem mais calma agora. Ao menos por fora. Estávamos agarradas no sofá, exatamente como eu gosto. Eu estava sentada, encostada nos braços do sofá, e Regina estava entre as minhas pernas, com sua cabeça apoiada em meu colo, enquanto eu fazia carinho por seus braços e cabelos.

— Em... — Murmura em baixo tom.

— Uh? — Puxou seus cabelos para cima, e me curvo para lhe observar.

— Você tem remédio para dor de cabeça? — Indaga com voz manhosa.

— Tenho... — No mesmo instante, Regina se levantou, saindo dos meus braços, e eu me levantei para ir buscar o remédio, que estava no meu quarto.

Depois de também ir à cozinha e pegar um copo d'água, volto até a sala, encontrando-a sentada no sofá, com a testa suada, olhos fechados, e muito pálida. — Está se sentindo bem? — Toquei em sua testa molhada de suor e com falta de cor, e pude perceber o quão quente ela estava.

Regina apenas balançou a cabeça de um lado para outro, negando, e continuou de olhos fechados.

— Acho melhor irmos ao hospital. — E sem esperar por uma resposta, levantei-a do sofá, passei seu braço por meu pescoço, e a levei para fora de casa, indo logo para o ponto de táxi, esquecendo-se de pegar dinheiro, ou mesmo os documentos.

•§•

Assim que paramos em frente ao hospital, peço para o motorista esperar um pouco, e sigo para dentro, logo dando de cara com o mesmo enfermeiro simpático que me atendeu um dia antes, e que também havia retirado os pontos de Regina.

— O que aconteceu? — Perguntou em tom claro de preocupação, já pegando uma cadeira de rodas que outro enfermeiro levava para algum lugar, e colocando-a sentada.

— Ela se queixou de dor de cabeça, e mais cedo disse que sentiu dores no local da cirurgia.

— Ela teve algum estresse ou fez algum esforço? — Quis saber, levando Regina pelos corredores do hospital e eu o acompanhando.

— Aconteceram os dois. — Respondi em tom sussurrado, já sentindo a culpa por seu estado. Afinal de contas, se ela fez esforço e se estressou, teve um motivo. E ficou bem claro que fui eu.

O senhor balançou a cabeça de modo negativo, e de forma indireta, repreendeu-me por ter deixado que isso acontecesse. Comprometi-me a dizer que não deixaria mais acontecer, e sem mim, ele adentrou a uma sala após o extenso corredor, restando-me apenas a opção de esperar.

•§•

Enquanto eu esperava do lado de fora do hospital, observando as pessoas entrando e saindo, muitas delas, bastante machucadas, minha mão começou a latejar e arder bastante. Já não aguentando mais de dor, voltei para dentro à procura de alguém para me ajudar. Por sorte, logo que cheguei na sala de espera, encontrei o mesmo profissional que levara Regina consigo.

— O que aconteceu? — Sentou-se ao meu lado, tocando em meu ombro. Rapidamente enxuguei algumas lágrimas solitárias que insistiam em cair sem a minha permissão.

— Está doendo muito. — Fiz uma careta, mostrando minha mão para ele, que logo a pegou começando a tirar a gaze que protegia o machucado. Eu podia sentir a dor subir por meu braço e chegar ao meu coração. Sem exageros.

— Vamos fazer um novo curativo. — Disse rapidamente, após observar minha pele vermelha. Puxou-me então para uma sala ao lado da que tinha entrado com Regina, e quando entrei, sentei-me em uma cama hospitalar e ele começou o procedimento de limpeza, depois colocou um remédio que, naquele momento, eu poderia pagar milhões por ele, e depois enrolou com gaze novamente. — Está bem melhor. — Sorriu. — Acredito que com mais uns três curativos e você não vai mais se incomodar com dores. — Se eu pudesse pular, certamente o estaria fazendo, após o que me foi dito, apenas por saber que em breve me livrarei desta dor horrível.

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