Um sonho quebrado

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Dois meses se passam.A banda nunca mais ensaiou.Rafael, Lemir e Sócrates de vez em quando se falam pela internet, mas não acertam um dia para ensaiar.Rafael de vez em quando pensa em sair da banda, mas Sócrates sempre o convence de ficar.Gustavo parece não ligar para nada, nem liga para ninguém ou para algo.Juli como sempre, fica na dela.

Sócrates fica incomodado com essa situação, pois isso atrapalha os planos que ele possui para a banda.Quer inscrever a banda em alguns festivais futuros, mas para isso é essencial que a banda esteja bem ensaiada, coisa que não acontece com a Prometheu Liberto.

Se na parte profissional, as coisas não estão indo bem para ele, o namoro com Daniele está as mil maravilhas.Apaixonados, amarrados um ao outro por uma linha invisível que os faz sempre ficar juntos, pois não conseguem ficar muito tempo longe um do outro.Mas apesar do namoro ir bem, Sócrates não está transbordando de alegria.Para ele, a realização do seu sonho é mais importante do que tudo, inclusive de sua vida pessoal.Ele largaria sem pensar a felicidade que possui com Daniele em troca do sucesso de sua banda.

Ele ainda está no seu emprego, em uma função burocrática.As vezes ele tem vontade de gritar com todos e jogar tudo para cima, porém ficaria sem dinheiro e não poderia pagar as futuras gravações e shows da banda.Ele ainda está juntando dinheiro para que eles possam lançar um disco.Ele ainda aguarda o seu sonho.Ele ainda está esperando.

Mais três meses e Sócrates resolve convocar uma reunião.Ele pretende que todo mundo discuta os problemas e faça a banda funcionar novamente.Eles marcam um churrasco na casa de Lemir, no começo de dezembro.No dia, todos chegam de bom humor; colocam um som ambiente para tocar e começam a beber e comer.

-Então cara, o que a gente tem pra conversar sobre a banda?É melhor falar logo agora porque quando eu ficar bêbado não vou lembrar de nada. – diz Gustavo

-É mesmo, vamos começar logo essa reunião. – acrescenta Rafael.

-Então...sobre os shows.Quando alguém for marcar um show, consulte todo mundo antes de fechar o dia da apresentação.Ninguém aqui é mais importante do que ninguém, então vamos conversar direitinho e ver o que todo mundo pensa, beleza? – diz Sócrates

Gustavo fica olhando para baixo e mostra um sorriso no canto da boca.Bebe um pouco de cerveja e fica calado.

-Outra coisa.A gente tem que aprender a tocar mais baixo.As vezes uma pessoa toca tão alto que os outros não conseguem se escutar direito.

-Mas a gente não é profissional então não tem problema, a gente pode aumentar o quanto a gente quiser – diz Gustavo

-Sim cara, mas isso atrapalha os outros integrantes. – diz Sócrates

-Não me atrapalha em nada – fala Gustavo

Rafael coça a cabeça e olha para Sócrates; Juli e Lemir se entreolham.

-Só isso? – pergunta Gustavo

-Vamos decidir o que a gente vai tocar afinal de contas... cover, músicas autorais ou misturado? – indaga Lemir

-Misturado mesmo – diz Rafael

-Eu acho que deveria ser só autoral – diz Gustavo

-Por quê? - pergunta Sócrates

-Por que a gente deveria dar valor ao som próprio.

-Eu sei, só que precisamos tocar músicas cover pra chamar mais a atenção do público, e colocar as nossas músicas no meio uma vez que o público já está prestando atenção.

-Bom, é isso que eu penso, mas enfim... tudo sempre é contra mim...

-Contra você?Claro que não cara.A gente pensa naquilo que é certo... o problema é que você geralmente tem ideias ruins – diz Rafael

-Então faz assim – diz Gustavo enquanto se levanta da cadeira – continuem sem mim.

-Não cara, senta ai – diz Lemir

-Ué, minhas ideias não são ruins?Então vou fazer o que aqui?Decidam ai qualquer coisa ai depois vocês me falam – diz Gustavo, enquanto vai embora.

Depois que Gustavo se vai, Sócrates desabafa:

-Carinha complicado esse, sempre querendo ser o centro das atenções.

-Bom resumindo, a gente toca música mesclada mesmo, cover com autoral. – diz Rafael

Todos concordam.


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