O interior

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Está escuro.Não uma escuridão qualquer, mas uma escuridão espessa, onde não há penumbras: apenas o puro negro.Também está frio.Sócrates escuta passos bem longe.

-Quem está aí?

Uma luz aparece um pouco longe; se parece uma lamparina, que ilumina o que parece ser um corredor um pouco estreito, onde três pessoas no máximo poderiam ficar um do lado da outra.Quem carrega a lamparina é o estranho homem que visitou a sua casa.

-Afinal de contas, qual é o seu nome? – pergunta Sócrates quando o homem chega perto.

-Pode me chamar de "Eu".

- "Eu"?Seus pais estavam com falta de criatividade né amigão?Onde estamos?

Eu dá um leve sorriso.

-Me acompanhe por favor. – pede Eu gentilmente.

Eles vão andando para frente, e o ambiente vai ficando mais frio.Sócrates sente uma brisa gelada, e escuta o barulho de ventanias.Quando chegam no que parece ser uma saída do corredor, Sócrates vê um lugar inóspito, uma paisagem morta e escura; árvores sem vida cobertas por gelo, chão seco coberto por um gelo escuro somado a um céu nublado com nuvens escuras de tal maneira, que deixa o ambiente sombrio.No horizonte não há montanhas ou relevos.O vento gelado chicoteia as árvores mortas e concede a trilha sonora do lugar; um sopro constante.

-Que lugar é esse? – pergunta Sócrates

- Aqui é você.Este é o seu interior.

-Não parece animado.

-É...não parece mesmo.

-E agora?Posso voltar pra casa?

-Sério?Você não está nem um pouco curioso sobre o que existe dentro de você?

-Já vi.Árvores feias, escuridão, vento e frio.

-Não gostaria de mudar isso?

-Pra que?Vou ganhar o que com isso?

-Você sabe por que este lugar está desse jeito?Você sabe por que você está desse jeito?

-Não.

-Tudo o que você fizer aqui, pode mudar algo na sua vida.Esta é a sua estrutura atual; se você melhorar essa paisagem, pode trazer melhoras para o seu caráter, para a sua vida profissional e pessoal.

-Parece bom – diz Sócrates – ainda sem levar muito a sério.- Por que este lugar está assim?

-Finalmente, um pouco de curiosidade sadia.Me acompanhe.

Eles começam a andar no meio do nada, em direção a lugar nenhum.


Os EspelhosOnde histórias criam vida. Descubra agora