O coração

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-E para acabar com a timidez?

-Nem sempre ela é ruim.Não chega a ser um empecilho terrível.Agora, vamos abrir as portas de todos os andares.

Então eles vão abrindo andar por andar todas as portas que estavam trancadas; até que finalmente, chegam no sétimo andar.Ele é o topo do castelo e possui apenas uma sala pequena.Do lado de fora da sala, eles escutam o bater de um coração.Quando Sócrates vai abrir a porta, Eu fala:

-Espere. – então faz aparecer a lamparina.

-Está escuro lá dentro? – indaga Sócrates.

-Muito.

A porta é aberta e a escuridão é como nanquim.Porém a luz da lamparina abre espaço para a visão trabalhar.No meio da sala, há uma espécie de pedestal.Todavia ele está vazio.

-Cadê ele? – pergunta Sócrates

-Está ali. – aponta Eu para o canto.

Sócrates vê o seu coração.No canto da sala, dentro de uma poça de agua suja, sendo mordido por um rato.Está cheio de feridas e cicatrizes.Ele fica aterrorizado com o estado do coração.

-Um coração que não é bem cuidado, fatalmente irá ficar assim. –diz Eu.

Sócrates está em choque; seus olhos se enchem de lágrimas.

-O que...o que eu devo fazer para mudar isso?

-Você acabou de fazer.Agora, temos que esperar algum Amor chegar.

-E o que irá acontecer?

-Ele irá cuidar do seu coração.

-Todas as pessoas solitárias tem o coração assim?

-Não.Apenas aquelas que estão sozinhas por não conseguirem companhia.

-O que?

-Parece óbvio, mas não é.Algumas pessoas são solitárias, porém por escolha própria, e acabam conseguindo viver assim de alguma maneira.Mas há aquelas pessoas que querem ter um amor, todavia por algum motivo não conseguem.O resultado é um coração abandonado.Você sempre quis ter alguém, mas não conseguia.Sofreu muitas decepções, e elas provocaram algumas cicatrizes em você.Suas companhias foram a solidão e a tristeza, e elas fizeram o seu coração ficar esquecido, sem cuidados de ninguém. – de repente Eu para de falar e olha para baixo.

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