Um sonho quebrado

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De noite ele tenta ligar para Lemir e Rafael, mas não consegue.Ele entra em contato com Juli, e ela diz que a banda deve continuar.Na noite seguinte, Rafael liga:

-Cara, tu viu o que Gustavo escreveu não foi?

-Vi.Mas e aí, tudo bem pra você?Bora continuar ensaiando?

-Não sei cara.Eu já tava meio desanimado, agora que alguém saiu é que piorou, mesmo sendo um cara chato como Gustavo.Talvez...hã...talvez seja melhor a gente parar mesmo...não tá funcionando muito bem já faz algum tempo...

-Mas eu acho que agora é que vai ficar melhor mesmo, porque quem fazia confusão era ele.Sem ele, tudo melhora.

-Eu sei, mas...eu tava querendo parar mesmo...minha faculdade tá tirando todo o tempo que eu tenho... e eu tava pensando em tocar coisas diferentes...

-Tô ligado...

Um silêncio se instala por alguns segundos.

-Então cara, eu vô nessa...depois a gente se fala melhor beleza? – diz Rafael

-Valeu cara.

Sócrates desliga o celular e coloca as duas mãos no rosto; ele fica assim por um tempo.Há alguma coisa pesando em seu peito, então ele respira fundo.Bebe um pouco de água e vai deitar.Na cama, ele fica olhando para o teto, pensando sobre as saídas de Rafael e Gustavo.Ele tenta não se abater, e já começa a pensar em montar outra banda com outro estilo;o seu sonho de ser um músico de sucesso não poderia morrer por causa de alguém.

Apesar da tentativa, a tristeza domina os seus olhos que logo ficam pesados.Sua tristeza se mistura com o seu sono e então adormece.De madrugada ele desperta pelo menos três vezes, sempre pensando em alguma coisa relacionada ao término da banda.Na sexta-feira, ele vai para a casa de Daniele.Porém, antes de chegar a casa dela, um homem que estava na calçada bebendo lhe chama; ele educadamente se aproxima.

-Opa amigo, é você que namora aquela menina com o cabelo ruivo?

-Sim, sou eu.Por quê?

-Rapaz, eu não quero me meter na vida de vocês, mas você sabe né, as mulheres vivem brigando entre si e nós vivemos nos ajudando, e é por isso que nós dominamos o mundo não é mesmo?

Sócrates dá um sorriso no canto da boca.

-Então amigo, é melhor você tomar cuidado com aquela ruiva lá, porque ela é danadinha...

-Que isso Osmar!Pára de tomar conta da vida dos outros! – diz uma mulher de dentro da casa.

-Qual é o problema mulher?Só tô ajudando o rapaz, nada de mais!Vai fazer o meu comer! – Osmar se vira novamente para Sócrates e continua – Enfim... quem avisa amigo é, beleza garoto?

-Certo.Obrigado viu?

-Desculpa qualquer coisa ai, eu só queria ajudar!

-Não, sem problemas.

Sócrates se retira muito desconfiado.Desconfia do homem e também de Daniele.Quando a chama, ela não está com um rosto muito amistoso, apesar de ele sustentar um sorriso.

-Tudo bem? – ele pergunta

-Tudo.Por quê? – responde ela meio irritada

-Não, nada.

Ela abre o portão, e ele lhe dá um beijo rápido, mal correspondido.Durante toda a noite, ela não se mostra disposta a fazer o que sempre faziam, dá respostas ríspidas, até o momento em que ele se irrita.

-Olha só, é melhor eu ir embora.

-Por quê?

-Por quê?Você ainda pergunta?

-Então tá bom, se você quer ir, não vou obrigar você a ficar.

Elese despede da mãe dela, e vai embora sem dar um beijo de despedida.Enquantocaminha para o ponto de ônibus, a cabeça de Sócrates trabalha freneticamente.Elepensa um pouco sobre o fim da banda, sobre o comportamento de Daniele e sobre ainusitada conversa com o homem.Durante toda a viagem ele fica pensativo eplanejando o que vai fazer e o que não vai fazer em relação ao seu namoro.    

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