-Lá, você continuará infeliz, e muito provavelmente tentará se matar de novo, pois não aguentará tanta tristeza, solidão e frustração.
Sócrates respira fundo.
-Que seja.
Um silêncio se instaura.Sócrates está olhando para baixo; Eumesmo o observa e diz:
-Que seja então – com uma voz melancólica - Faça assim: vá por este caminho, e ele ti levará para casa.No final dele, haverá uma porta.
-Não tem uma coisa mais simples não?Sabe, como por exemplo a porta já aparecer aqui?
-Não.
Sócrates faz uma cara de decepção.
-Tome.Fique com isso. – Eumesmo amarra na cintura de Sócrates uma corrente pequena; presa a corrente da cintura, há uma maior que se arrasta pelo chão, e nela há uma pequena pedra redonda na sua ponta.
-O que é isso?
-Algo necessário para você chegar em casa.
Sócrates faz uma cara de desdém.Ele pega a pedra e percebe que há algo escrito nela; ele tenta ler, mas o texto é tão pequeno que não consegue.
-Não olhe para trás e nunca pegue a pedra nas mãos.Leve-a com a força do seu corpo.Vá e boa sorte. – se despede Eumesmo.
Sócrates solta a pedra no chão e faz um sinal de adeus; dá as costas e começa a andar arrastando a pequena corrente e a pedra no chão.
-Adeus formiga.
Ela faz um estranho barulho.O caminho é largo e feito de terra; dos lados da estrada existem grandes árvores que cobrem tudo, não deixando a visão se alongar para os lados do caminho.À medida que Sócrates começa a andar, tudo vai ficando em silêncio; há apenas o barulho da corrente e da pequena pedra se arrastando.Ele olha ao longe e vê que o caminho o leva para uma montanha não muito alta.
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Os Espelhos
General FictionTodos nós possuímos sonhos.Alguns muito grandes, outros mais simples.O fato é que nem sempre conseguimos realiza-los e alguns ficam decepcionados por toda a vida, não conseguindo superar a dor da derrota.Mas na vida não há apenas um caminho a se se...