A pedra

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Ela desce todo o caminho violentamente, e chega a base outra vez, machucando Sócrates sem piedade.Parado, encostado em uma árvore, Gustavo apenas observa enquanto Sócrates sofre com seus machucados.Então se aproxima e tenta levantar Sócrates; ao ser erguido, Sócrates pergunta:

-O que você quer?

-Como assim?

-Qual é a sua intenção me ajudando?

-Não tenho intenção nenhuma cara.

-Você?Logo você que quer sempre ser o centro das atenções?Quer ser lembrado como?O salvador?O cara que ajudou o fracassado?

-Não cara, esquece isso...

-Então me esquece cara, vai embora daqui.Não se preocupe, não preciso de sua ajuda.

Apesar de querer responder, Gustavo permanece em silêncio pois percebe que qualquer argumento naquele momento não funcionaria.Sócrates respira fundo e diz:

-Vá embora. – e eles se encaram. – Por favor, vá embora. – pede e desvia o olhar.

Gustavo fica olhando para Sócrates um pouco, meneia a cabeça negativamente, dá as costas e vai embora.Sócrates o observa; quando ele sai da sua vista, começa a se preparar para arrastar a pedra novamente.Todo machucado, respira fundo e começa a sua jornada mais uma vez.Entretanto, ele falha novamente; e dessa vez desloca o braço esquerdo na queda.Enquanto grita as dores do corpo, começa a chover.Quando as dores ficam um pouco mais suportáveis, ele se levanta e vai em direção a pedra.

E começa a socar ela com o braço que está bom.

-Desgraçada!Merda! – tenta tirar a corrente mais uma vez da sua cintura, e mais uma vez, não obtém sucesso.Cansado, se apoia na pedra.Ele gira em torno dela e por fim, percebe que ela está ainda maior.Além disso, vê algo escrito nela.

"Orgulho", é a palavra que está escrita.Instantaneamente, ele começa a chorar.Senta no chão, e coloca a mão na cabeça enquanto chora.Ele solta um grito violento, que sai do porão da sua alma, como uma bolha que chega a superfície da agua.Suas lágrimas e seu suor se misturam com a chuva.Ele se sente abandonado; e aos poucos começa a se abandonar.Deita no chão e fica observando a chuva cair.Paulatinamente, vai parando de chorar.Então fecha os olhos e dorme.

Quando abre os olhos, estão Gustavo e o anão observando-o.Eles o levantam.Sócrates olha para os dois, e olha para a inscrição na pedra.Ele solta um pequeno sorriso no canto da sua boca.Ao que parece, entendeu a mensagem que Eumesmo deixou para ele."Algo necessário para você chegar em casa" disse Eumesmo, quando Sócrates perguntou sobre a corrente e a pedra.Ele começa a sorrir mais largamente, enquanto coloca as mãos no rosto.Gustavo e o anão sem entender nada, se entreolham.    

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