Os Espelhos

O inconsciente

-Os olhos da mente são influenciáveis, mas os olhos do corpo não.Estes por sua vez podem ser enganados por jogos de luz, sombra e espaço.As duas visões possuem seus defeitos e qualidades e é com essas ferramentas imprecisas que o ser humano precisa entender o mundo.

Quando você olhava para o espelho, a imagem estava distorcida; aquilo na verdade era uma imagem do mundo real. Na ilusão, você era bem sucedido e realizado; todavia isso era uma distorção sua do mundo real, e é por isso que quando olhava para o espelho, tudo estava torto, pois aquilo era a verdade: a visão que você tinha de si mesmo estava errada, distorcida.O espelho lhe mostrou a verdade.Ali, eram os olhos do corpo lhe mostrando o que os olhos da mente não conseguiam.Você claramente não está pronto para ser uma pessoa melhor Sócrates.Lembra quem salvou a sua vida?

-...Eu.

-Quando ele ti salvou, acreditava que você poderia superar todos os seus traumas e frustrações.Ele ti ajudou a esquecer das frustrações do seu passado, destruindo sonhos que nunca iam ser realizados mas que você ainda tinha alguma esperança de realização.Agora, ele quer que você se abra para as pessoas, abrindo o seu coração para quem sabe, encontrar algum amor.Mas você o guarda a sete chaves, e para abrir essas chaves é necessário destruir o orgulho, a arrogância e o medo que tanto lhe protegem e que ao mesmo tempo, afasta você das pessoas. Porém você não conseguiu.Irei fazer assim: vou ti mandar de volta para a ilusão, porque lá você é feliz e satisfeito consigo mesmo; você ainda não está pronto para se aceitar como de fato você é.

-Não, não faça isso.

-Você prefere viver triste?Prefere saber que é um nada?

Sócrates cabisbaixo, responde com uma voz fraca:

-Sim.

-Mas mesmo assim, você ainda é arrogante e orgulhoso.

-Foi o que me restou para me defender.

-O que lhe defende também lhe machuca.

-É só isso que eu tenho.

Eles se observam.Sócrates com um olhar desolado e triste, e Eumesmo com um olhar investigativo.

-Então, o que você quer?

-Voltar para o mundo real, voltar pra casa.