A primeira visita

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-É mesmo né? E eu fiquei feito uma boba esperando ele.

-Mas ele deve ser um idiota.Porque um cara que não quer ficar com uma menina linda como você só deve ser um idiota.

-Ah, deixa de ser bobo. – diz ela meio sem graça. – Sabe, eu não sei por que, mas eu me sinto tão a vontade de conversar essas coisas com você.

Ele dá um sorriso forçado no canto da boca.Ela se despede e vai embora.Naquele momento, ele percebeu que já tinha perdido a chance de ficar com ela há muito tempo; ele a perdeu para um concorrente que ele não esperava: a amizade.

Na sala, no fim da aula de história, Gabriela, uma menina que estava sentada atrás de Sócrates pergunta:

-Ei, você copiou tudo?

-Copiei.

-Me empresta teu caderno?

Ele faz o que ela pede.Enquanto copia o assunto, ela continua:

-Você mora ali, no bairro das palmeiras é?

-É.E você?

-Eu moro ali perto, em Itaúna.

-Ah, que legal – diz ele meio desinteressado.

Ela termina de copiar, entrega o caderno e agradece.No fim da aula Flávio, um amigo seu, diz:

-Meu irmão, tu não percebeu que aquela Gabriela é afim de você?

-Tu acha?

-Ela fica ti olhando o tempo todo cara.Quer que eu coloque ela na sua fita?

-Ah sei lá, não tenho vontade de ficar com ela.

-A menina é gatinha e você rebolando desse jeito ai?Nem parece que é homem pô!

-Ué, eu sou obrigado a ficar com ela só porque ela tá afim de mim?

-Tu só quer o que não pode ter Sócrates, e o que você poder ter, não quer.

Sócrates silencia.Aquela foi uma frase que ele não esperava ouvir de uma fonte que não é conhecida por sua sabedoria. 

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