Os Espelhos

A pedra

Pensativo, Sócrates fica olhando para o chão, com um olhar vazio."Se eles foram colocados aqui, a ajuda deles deve servir de alguma coisa, apesar de eles parecerem inúteis para mim" , pensa consigo mesmo."Isso é mais um teste, um daqueles testes idiotas de Eumesmo".

-E agora, você precisa de ajuda ou ainda acha que pode se virar sozinho? – pergunta o anão.

Sócrates olha para ele, porém permanece em silêncio.O anão e Gustavo se olham novamente, com um sorriso no canto da boca.Sócrates respira fundo e diz:

-Vamos ver se vocês servem pra alguma coisa.Poderiam me ajudar a subir a pedra até o topo da montanha?

-Não foi tão difícil assim não é? – diz Gustavo.

-O que?

-Pedir ajuda.Nem sempre se consegue fazer tudo sozinho Sócrates.

-Estou percebendo.

-É bom que continue percebendo ao longo da sua vida.Querendo ou não, mais cedo ou mais tarde você vai precisar de ajuda.Achar que pode fazer tudo sozinho é apenas um engano que o seu ego gosta de alimentar – diz o anão.

Sócrates dá um sorriso forçado e começa a arrastar a pedra.

-Vamos.

-Espere – diz o anão – Ele pega um cipó da árvore e o usa para prender o braço deslocado de Sócrates.

-Obrigado – agradece.

- Por nada.

Então os três começam a subir a pedra montanha acima.A chuva se intensifica um pouco e começa a ventar também.A subida é árdua e cansativa.Na frente, Sócrates puxa a pedra com o corpo e atrás, Gustavo e o anão a empurram.Em um determinado momento, eles param para descansar antes de subir em uma parte mais íngreme.Sócrates coloca a mão no braço esquerdo que lhe proporciona muita dor.Encosta a cabeça na parede e diz:

-Eu nunca pensei que dependeria de um anão e de você para conseguir fazer alguma coisa. – diz para Gustavo.

-É sempre um prazer lhe ajudar – diz o anão, com sorrisos de Sócrates.

-E eu nunca pensei que iria lhe ajudar. – responde Gustavo.

Um silêncio ecoa no ar.Os dois olham para direções diferentes e o anão fica observando-os.