As duas casas

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-Para aonde vamos agora?

-Voltar para aonde estávamos.

Eu começa a andar, porém ao escutar o que foi dito, Sócrates reluta um pouco mas depois acaba seguindo Eu.Eles chegam a casa onde estavam e ela está com a porta aberta.Eu direciona Sócrates para o segundo andar, e o martelo ainda está no chão.Eu o pega, e dá para Sócrates.

-Você precisa acabar com isso.

Sócrates pega o martelo com relutância.Ele começa a andar em direção a foto mais alta da casa, que mostra a sua banda acabando; ele abaixa a cabeça e respira fundo.Ele dá um golpe na foto, porém não muito forte.Golpeia novamente com mais força, e a foto começa a quebrar.À medida que vai quebrando a foto, deixa escorrer algumas lágrimas; quando finalmente a quebra, se ajoelha e coloca as mãos no rosto.Extremamente sério, ele vai quebrando o primeiro andar inteiro até o teto inacabado desabar.A chaminé para de funcionar, assim como os relâmpagos e os trovões.Porém o tempo permanece frio, nublado e com neve.Ele segue para o térreo e começa as outras fotos, porém com mais cautela.

-Lembre-se: aqui embaixo você não precisa quebrar todas as imagens – diz Eu.

Assim ele deixa várias imagens intactas, desde as fotos dos seus ídolos até dos momentos que considera importante.A casa aos poucos, vai se tornando uma ruína.Então chega um momento em que diz:

-Posso parar agora?

-Pode.Vamos embora desse lugar.

Sócrates respira fundo.Ele olha para o martelo.

-Ainda vamos precisar dele?

-Não.Agora pode jogar fora.

Ele arremessa o martelo bem longe.Eu começa a andar e Sócrates o acompanha.Na medida em que anda, ele olha para trás e fica observando as ruínas das duas casas.Então percebe que por trás das casas, há uma construção de outra casa; ele faz cara de espanto, porém não comenta nada.Eu sorri sem Sócrates perceber.

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