Cheguei na segunda em Baldelton e dei de cara com o Reverendo Anton, ele me abraçou ali diante de todos no aeroporto, sorriu animado e bateu no meu ombro.
_ Não vou te segurar, mas estou feliz em te ver, e corra, Denise e as crianças estão indo embora por que acham que não vai voltar.
Pisquei várias vezes e meu corpo e meu intimo foi tomado por arrependimento e um medo de perde-los, não disse nada corri para a saída, nem sei o que estava fazendo, o certo é deixa-los ir, eu iria apenas prejudicar mais ainda a vida deles e de Denise, mesmo assim eu precisava vê-los pelo menos mais uma vez, mandei o taxista voar para a Dalton calçados, desci sem pegar o troco e subi para dentro da fabrica, estava de calça verde exercito claro e camisa polo azul marinho, entrei na sala da diretoria, Sarah sorriu ao me ver ali em pé.
_ A Senhora Ross ficará feliz em ver o senhor, ela deixou esse documento importante para assinar, ela está com os acionistas na sala de reunião.
Me aproximei sem dizer nada e peguei o documento na mão e ali em pé a li mesmo, a medida que ia lendo sentia uma angustia tomar conta de mim, Denise simplesmente estava tomada pela raiva e me impediria de ver as crianças quando eu quisesse... Julia é minha filha e não pode me impedir de vê-la se não quero ficar com ela, olhei para Sarah, ela me olhou assustada e ficou estática e me viu sair da sala puxando a porta com raiva, atravessei o corredor dando de cara com os executivos que queriam me cumprimentar, mas apenas me deixaram passar, parei diante da porta, abri querendo derrubar aquele prédio, Denise parece não ter se importado com a minha entrada, não se intimidou e parece que já sabia que iria aparecer a qualquer momento.
_ Pode me explicar o que é isso? _ Denise parece não se intimidar comigo ali, não abalo mais a sua estrutura, matei o amor daquela mulher, fui em sua direção enquanto falava e ela sai calmamente sem ter a mínima vontade de falar comigo, nunca ninguém virou as costas para mim daquele jeito, Denise estava diferente, parecia ver Peter com seu jeito arrogante de ser, ao se virar para mim e despejar toda sua raiva senti que errei mais uma vez, ela tinha razão eu era covarde o suficiente para abandona-las, mas não podia me deixar de fora da vida de Julia, e senti naquele momento que saiu pela porta me deixando sozinho que seria difícil de chegar perto deles e da menina.
_ Vá a traz... _ Me encorajou Rey, e fiz o que mandou.
_ Denise?... Volte aqui e vamos conversar... _ Aquela mulher andava tão rápido naqueles saltos finos que não fui capaz de alcançá-la, estava tão nervoso que minhas pernas pareciam ter corrido uma maratona e estavam pesadas e presas ao chão. _ Denise...
Abri a porta e Julia estava correndo na minha direção, Denise a laçou nos braços e a pegou no colo e apertou para não sair, Julia me chama, sua voz me machuca e parece que estão cravando uma faca no meu peito, minha menina estava indo embora, não podia deixar, Denise foi cruel em dizer a ela que eu não as queria, desci a escada correndo, a porta da Van foi fechada.
Denise... _ Bati no vidro, a Van começou a andar, eu estava perdendo aquela garota e a minha filha. _ Denise.. Pare... Denise... Vamos com...
A Van pegou velocidade e passou pelos portões, olhei para o outro carro, os seguranças entraram e saíram logo a traz, olhei para o carro que tinha presenteado Denise, pneu murcho e deveria estar com problemas, olhei para a rua, as lágrimas desciam sem eu perceber, ofegante me apoiei nos joelhos e deixei a emoção tomar conta de mim, cai de joelhos arrependido do que fiz, deveria ter pensado melhor no dia que fui até Denise em Chicago, agora ela me odiava e não pouparia esforços para me manter bem longe, e ela tinha que querer isso mesmo, eu a deixei na mão e não pude ser quem ela queria que fosse.
_ Vamos para minha casa Stephan... _ Rey pega em meus ombros, eu o olho e deixo me levar.
Eu não tinha mais casa, não tinha família, estava sozinho novamente, não tive tempo de sentir faltas deles enquanto estava por aí fazendo o que eu achava correto, matando para livrar Denise e as crianças do mal, ela era egoísta nesta parte e não conseguia entender o que fiz por eles, me joguei no sofá da casa de Rey, ele também era sozinho, sua esposa tinha morrido a cinco anos e não arrumou mais ninguém, me deu um copo de uísque e sentou-se no outro sofá e curtiu o meu silencio e a minha dor, ele entendia bem o que estava sentindo e a noite caiu, tomei praticamente a metade da garrafa de uísque e dormi quase em coma alcoólico.
*
James achou um ótimo apartamento próximo deles na Av. Columbus, já todo mobiliado e com três ótimos quartos e fiz mamãe procurar Daniel no mesmo dia em que chegamos a Nova York, a coloquei num outro avião e a mandei para a Califórnia onde vivia com ele, foi difícil convencer minha mãe, mas consegui, estava na hora de aprender a caminhar sozinha e cuidar da minha própria vida, daqui para frente queria ser independente, todos nós teríamos que lidar com as merdas que a vida nos oferece, Torres seria outro que iria dispensar da minha vida, eu não queria mais me envolver com ninguém enquanto meu coração não estivesse pronto para amar novamente, me sentia amarga e triste, a revolta de Julia me fez ter mais raiva ainda dos homens, de como é fácil virar as costas e nos abandonar com filhos e responsabilidades.
Matriculei Sevtap e Kaan na escola ali perto de casa, depois procuraria um escritório bom e grande, colocaria tudo a venda que tenho em Chicago e transferiria o escritório para Nova York e começaria vida nova e sem confusão.
Era junho de 2015 quando chegamos a Nova York, a cidade estava quente e ótimo para se começar do zero, contratei uma empregada e uma babá e fui a luta, deixando tudo que vivi para traz.
Torres se sentiu revoltado e magoado comigo quando durante a um jantar comuniquei minha decisão de ficar sozinha e afastada de tudo e de todos, e ficou surpreso ao saber que nunca mais colocaria os pés em Chicago e não o veria mais, o deixei na mesa do restaurante e saí para não voltar mais, era como ver um filme na cabeça quando atravessei as portas e entrei no carro sem olhar para traz, ainda vi o reflexo de Torres no vidro do carro quando saiu para tentar me impedir, mas como Stephan, não veio a traz para tentar me conquistar, percebi que realmente estava sozinha e Peter tinha razão, ele e John foram os únicos que fariam de tudo para estar ao meu lado, eu tinha certeza de que Peter jamais desistiria de mim, por isso me caçou em outro país.
Os seis meses que se seguiram foram de muito trabalho e adaptação dos negócios, poucos quiseram se transferir para Nova York, mas os poucos que vieram deram o equilíbrio que precisava, Julia já estava mais adaptada e não perguntava mais sobre Stephan, John como era pequeno não sentiu sua falta, o inverno chegou com tudo naquela cidade e era uma delicia ver a neve cair, Julia e eu passávamos um bom tempo na janela do apartamento vendo a neve despencar do céu, ficávamos contando histórias e vendo o tempo passar.
Faltando quinze dias para o natal e ano novo, decidi que não iria ficar em Nova York, me sentei a mesa da sala de jantar e olhei para as crianças, Sevtap e Kaan agora só estudavam.
_ O que querem fazer nas férias? _ Perguntei aos dois que se olharam pegos de surpresa. _ Querem ir para a cidade de vocês e passar com seus pais e voltar em janeiro?
Sorrimos um para o outro e eles concordaram.
_ Ótimo... Vou mandar preparar o avião para vocês e vamos marcar uma data para a volta... Vejam o calendário escolar e Kaan?... já escolheu a universidade que vai estudar?
_ Vou ficar aqui mesmo em Nova York... _ Ele sorriu. _ Vou estudar administração ou economia, já mandei meu currículo.
_ Que bom!... Fico feliz... Ano que vem Sevtap é a próxima a entrar na universidade... Estou orgulhosa de vocês. _ Eram meus filhos postiços, os amava como Julia e John e desejava que fossem felizes.
Depois do café me levantei e fui ao banheiro escovar os dentes, me olhei no espelho, eu estava tão diferente, não tinha amigos e não aparecia em nenhum evento social justamente para não aparecer em colunas sociais e não ser achada por ninguém, estou com 36 anos, mãe solteira, podre de rica e sozinha, isso era triste demais, escovei os dentes e retoquei o batom e sai para trabalhar, agora tinha escritório no centro financeiro, investi quase tudo naquele pedaço comprando um hotel quase a falência, o reformei, investindo um bom dinheiro e deixando o local pronto para receber turistas, minha ligação com Chicago terminou por completo.
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O Assassino que me amava
RomanceDenise é Tenente da policia da Homicídios de Chicago e é casada com John também detetive e do FBI, os dois sofrem um grave acidente, mas o que parecia um acidente de transito se torna um pesadelo para Denise que se torna alvo de uma organização crim...