Por um triz

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Estacionei o carro o mais próximo que podia do local onde tinha ocorrido o homicídio, puxei minha bolsa de trabalho com meu bloco de notas, luvas, canetas, pinça entre outras coisas, Torres me olhou e franziu o cenho.

― De onde está vindo?

― Nem te conto... ― Olhei para dentro do carro. ― Minha nossa!... Quantos tiros ele levou?

― Pelo que analisamos... Acho que mais de cinco.

Coloquei as luvas e peguei a pinça, comecei a mexer no corpo, ele não teve a menor chance de se defender, a arma continuava no coldre, pelo modo que o corpo estava parecia despreocupado, mais um dia de rotina de seu trabalho, indo para casa cuidar de sua família, olhamos porta malas, porta luvas e reviramos seus bolsos, vi um papel caído entre os bancos, peguei a pinça e com cuidado puxei, uma notinha de lanchonete de ontem a noite, separei e coloquei no saco de evidencias para ir ate o local fazer perguntas. Dei para Torres anotar o estabelecimento e hora que passou por lá, olhei para Morales, era um bom homem, estava empenhado num caso de duplo homicídio e tudo indicava que estava chegando perto do assassino, passei a mão no rosto, sua esposa deve estar sofrendo e muito, ainda mais grávida, olhei para todos ali, a maioria era nosso pessoal, indignados e revoltados, saí do carro, me colocando num canto, tínhamos que dar andamento na investigação que Morales estava fazendo e pegar o desgraçado, olhei para todos novamente, a pericia tirava fotos do corpo, depois de uma hora seguimos para o IML e depois fui para casa trocar de roupa e tomar um banho, Torres foi comigo, ficou esperando na sala.

― Me conte onde estava para estar vestida daquele jeito?

Passei por ele já com minha roupa habitual de delegacia, calça preta, camisa branca e blazer preto, cabelos presos e uma maquiagem leve, puxei o bule de café e enchi duas canecas, levei uma para ele.

― Minha irmã se casou ontem, fui madrinha...

― E dormiu com aquela roupa? ― Torres riu levando a caneca a boca e deu um gole generoso.

― Na verdade... Acho que nem dormi... ― Sorri tímida, olhei para Torres. ― Ontem aconteceu uma coisa estranha... O meu ex noivo estava na festa... E tentou de todos os modos me convencer a voltar para ele, então resolvi explicar para ele que não tinha volta, que não o amava e não queria mais ninguém na minha vida... Então um dos seguranças partiu para cima de Ronald, o homem parecia um armário, os dois ficaram se encarando, eu achei que ele iria bater em Ronald e depois vi os outros seguranças descendo as escadas... Achei que tinha acontecido algo... ― olhei para Torres... ― Voltei correndo para junto da minha irmã e depois o homem... O tal segurança, Subiu as pressas e foi embora, ninguém conseguiu segurá-lo.

― E o que tem haver em não ter dormido?

― Eu dormi com ele...

Torres quase jogou o café que tinha na boa para fora, ficou tão surpreso que perdeu a fala, depois começou a rir.

― É... Eu fui para um bar com as meninas depois que o casamento acabou... E o achei, nos beijamos e ele me levou para o quarto do hotel, passamos a noite inteira transando.

― Você ficou louca, Denise! Definitivamente você não está no seu juízo perfeito! ― Torres se levantou revoltado. ― E se o cara fosse um maníaco sexual? Há essa hora eu estaria tendo que cobrir dois assassinatos... E um seria da minha parceira.

Passei a mão no rosto e fiz uma careta de como ele estava sendo exagerado, tomei o meu café em silencio enquanto ele esbravejava, me dando uma bronca como se fosse meu pai. Agora já era tarde, eu já tinha ido para a cama com um desconhecido e me diverti e muito.

O Assassino que me amavaOnde histórias criam vida. Descubra agora