O Assassino que me amava

Denise Feliz

Denise está completamente radiante com a ideia de ser mãe, entrou no consultório sorrindo, mas não desgrudou da minha mão, o médico me olhou.

― O senhor é grande... É lutador de MMA? ― O médico e Denise riram.

― Não! Eu gosto de me exercitar e tenho um bom preparo físico para criar músculos.

― Bom! Meus parabéns, espero nunca ter que brigar com o senhor.

― Muito menos eu...

O médico sorriu, eu não conseguia sorrir e a consulta começa, só podia escutar as recomendações.

― Há quanto tempo fez a cirurgia no coração? ― O médico anotava no computador, olhou para Denise.

― Tem quase três meses...

O médico parou e nos olhou.

― A senhora pode ter gerado o seu filho dias antes da cirurgia... Tem consciência disso?

Denise sacudiu a cabeça, fiquei sem entender, olhei para os dois.

― O que isso significa?... Qual o problema?

― Pode acontecer de ter má formação do feto por causa dos medicamentos, vamos fazer um ultrassom e ver como está o bebê, e ter a certeza se é de três meses que a senhora está.

Todos se levantaram menos eu, meu filho podia estar com problemas e ele paciente demais, que merda e essa? Comecei a ficar irritado, Denise me fez levantar, fomos para outra sala, Denise recebeu um avental, eu me sentei num banquinho próximo a maca e fiquei tentando me acalmar, se estava apavorado, agora estava mais ainda.

Denise apareceu com apenas o avental, me olhou com um sorriso no rosto e se deitou, deslizei a rodinha para ficar ao seu lado, o médio entrou, estendeu um lençol sobre suas pernas e levantou o avental deixando a barriga de Denise, falava um monte de coisas, mas eu não escutava, estava preocupado demais e queria saber como iria ver o bebê naquela maquina, espremeu um gel na barriga da minha mulher.

― É gelado. ― Denise me olhava sorrindo, pegou na minha mão, sorri nervoso, mas não consegui tirar os olhos da tela.

O medico começou a apertar aquele negócio na barriga de Denise e umas imagens destorcidas começaram a aparecer, quase dei um pulo da cadeira quando vi o bebê deitadinho, apertei a mão de Denise e segurei meu estado de euforia, ele era perfeito pelo que vi, Denise ria e chorava ao mesmo tempo, vimos o bebê de todas as formas e jeitos, estava feliz, pela primeira vez eu vi que fiz algo para tirar lágrimas de alegria de uma mulher e em vez de tirar uma vida. Eu estava dando uma vida, era meu filho e eu o amava.

Está tudo bem com o bebê, não existe nenhuma deformação física, a cabeça do bebê está com o diâmetro normal e dentro dos padrões.

― Obrigada, doutor! ― Denise secava o rosto enquanto agradecia, eu não tinha palavras para dizer, fiquei quieto e beijei minha mulher e a deixei ir para o banheiro se vestir.

― Vamos para a minha sala, vou passar medicação e vitaminas e recomendações.

― Tudo bem! ― Denise saiu logo em seguida, voltamos para a sala do médico para pegar a receita dos medicamentos.

Saímos de lá com receituário de medicamento e vitaminas, passamos pela farmácia e fiz questão de comprar, e voltamos para casa e curtimos o dia juntos.

Se eu tivesse matado Denise, não teria tido essa oportunidade de conhecer essa sensação boa de ser pai e viver em família, Denise será uma ótima mãe, vai me ajudar a cuidar do nosso filho, eu agora era um homem renovado, não pertencia mais o mundo violento que me enfiei, Denise estava feliz, eu estava feliz e pronto para seguir em frente.

Bruce vê o cerco se fechar

O cerco para Bruce estava se fechando, depois que todos na cidade souberam que Bruce tinha sequestrado uma garota, o dono da loja de veículos resolveu abrir o bico e contar sobre o carro que ele comprou, dando para a policia a placa do veiculo para o xerife Jack, que informou Shepherd. Começaram a procurar por multas de transito neste período que saiu da cidade de Fort Wayne, e Bruce cometeu uma infração no dia que Denise contou que estava grávida, passando por um radar fixo que foi fotografado, Torres ficou sabendo, resolveu avisar Bruce, mas queria negociar, foi para o carro e ligou.

― Bruce... Torres.

― O que aconteceu?

― Já sabem onde vocês estão. Seu carro foi flagrado por um radar de transito... É questão de horas para estarem aí... ― Torres respirou fundo. ― Nos entregue Denise... E eu te ajudo a fugir.

― Não posso entregar Denise... Não dá!

― Por que não.

― É complicado, Torres! Só que agora não posso entregar Denise.

― Você não tem mais para onde fugir, Bruce... Se entregue de uma vez se é o caso, mas volte para cá e deixe Denise viver a vida dela.

― Nossas vidas estão ligadas... Não posso a deixar ir...

Bruce desligou o celular, Torres queria entender o que ele queria dizer com aquilo, e por que estava tão apavorado no telefone, Shepherd bateu em seu vidro, Torres abriu.

― Vamos viajar em uma hora... Está autorizado a vir conosco.

― Tudo bem! ― Torres desceu do carro e seguiu para dentro do prédio para ouvir o que seria feito.

Foram quase 7 horas de voo, descemos na cidade de Phoenix e seguimos por terra até o endereço que nos foi passado. Onde o carro estava registrado, mas encontramos apenas dois trabalhadores e uma senhora dentro da casa muito elegante, e não falava Inglês, Torres era o único latino americano e fez as perguntas.

― Este é Bruce e está e Denise... Os conhece? ― Mostrei a foto para a senhora.

― Não, senhor... O carro é do meu marido... Ele está no campo.

Ela apontava para o campo.

― Como se chama seu marido? ― Torres olhou para Shepherd.

― Bruce Palomino... Eu sou Solange Aguiar Palomino. ― ela apontou para a casa. ― Moramos aqui há 18 anos.

Torres traduziu para Shepherd, estavam correndo atrás da pessoa errada, Shepherd resolveu fazer uma busca pela casa, tudo estava limpo, no guarda-roupa tinha as roupas da senhora e do marido que apareceu logo depois, fotografias do casal espalhadas pela casa e dos netos e filhos, nada ali lembrava Denise, resolveram ir para a cidade, começaram a fazer perguntas e mostrar as fotos dos dois, até que foi reconhecido pelo farmacêutico.

Shepherd comemorou, estavam tentando engana-los, estariam por perto, muito perto.