Denise volta para casa

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 Acordei de madrugada com o estomago revirado, saí correndo para vomitar, Bruce veio atrás de mim e segurou meus cabelos, arfava nervoso, nem ele conseguia falar, comecei a desconfiar, há uma semana vinha me perguntando há quanto tempo estava atrasada, isso era loucura, mas eu queria o filho.

― Está melhor? ― Bruce me ajudou a sair do banheiro e me colocou sentada na cama.

O que eu vou falar para ele? Bruce vai entrar em pânico, vai surtar, eu estou quase surtando. O vejo sair do quarto, disse algo para mim, olhei aquele homem enorme saindo do quarto, cobri o rosto com as mãos e chorei, precisava contar, me levantei e fui até ele, Bruce engolia a água com um jeito desesperador, estava tão apavorado, encheu o copo novamente e se virou, e veio rápido em minha direção com o copo com água para me oferecer, lá vai é agora.

― Estou grávida!

O copo foi ao chão, falei rápido demais, deveria ter enrolado, senti o seu pavor aumentar, precisava acalma-lo e fazer entender que um bebê faria muito bem a ele.

― Bruce...

Bruce se esquivou de mim, levantando as mãos e não deixando que o tocasse. Eu estraguei tudo, poderia ter ido com calma e feito às coisas com mais sabedoria, minhas lágrimas vieram a tona, eu queria a minha mãe para poder abraçar e chorar. Bruce se virou e saiu pedindo para ficar só. Tentei impedir, mas era melhor deixar que pensasse no que iria fazer, ou ficaríamos juntos ou nos separaríamos de vez.

Me sentei na sala e deixei as lágrimas rolarem, passei a mão na barriga e acariciei meu bebê, estava tão longe de casa, não podia contar para ninguém a novidade, eu estava feliz e apavorada ao mesmo tempo, minha vida tinha dado uma mudada enorme, eu sei que tinha muita coisa para saber de Bruce, desconfiava de algumas coisas, mas o amava o suficiente para não pensar. E ele mesmo não me contava nada, sempre pedindo para esperar o melhor momento. Por um lado, já não interessava mais, eu queria ficar com ele, queria apenas resolver o que tinha para resolver e voltar para o seus braços, fiquei ali encolhida no sofá esperando por Bruce, precisava que voltasse para casa e conversasse comigo.

Acabei dormindo abraçada as almofadas, tinha chorado o suficiente para me sentir cansada. Acordei com o dia já claro, Bruce estava sentado na poltrona velando meu sono, os olhos inchados e uma expressão cansada, não me movi, ficamos nos olhando, até que não aguentei.

― Informação demais para você?

― Até dois meses atrás eu nem imaginaria que morreria de amor por uma mulher, ainda mais policial, que sou considerado foragido por ter trazido comigo para esse fim de mundo... e agora... Eu vou ter um filho com ela...

― Está assustado?

― Apavorado, Denise! O que vai ser dessa criança?... O que vai ser... Ver o pai na prisão por que passei por cima da lei e ainda sequestrei e engravidei... A minha vitima...

Bruce levou a mão ao rosto chorando, me levantei e fui até ele, me postei diante dele, peguei suas mãos e tirei de seu rosto, segurei entre minas mãos.

― Ninguém pode te acusar de que me sequestrou Bruce... Eu quis vir, podia ter ficado, podia ter trapaceado e ter ligado para á policia enquanto vasculhava a casa... Mas não fiz isso e estou aqui, o celular está ali sobre a mesa e não o usei. ― Sentei em seu colo, peguei sua mão e coloque sobre minha barriga. ― Nunca vou trair você, Bruce! E não vai ficar preso, por que o que fez foi me salvar.

Bruce parecia perdido e incerto do que falava, sua mão acariciou minha barriga, ele ainda chorava e não dizia nada.

― Diz alguma coisa, Bruce? ― Pedi quase em um sussurro.

― Isso é loucura... Eu não sei o que fazer?... Estou perdido... Estou desorientado e acho que essa criança não mereça esse pai.

― Por que não? Você é um agricultor, planta soja e vive disso. Tem duas propriedades e pode dar um sustento para ele. ― Deitei sobre seu peito. ― Bruce! Você não pode culpar a si por não ter tido uma família, e não pode querer se privar dela só porque não sabe como agir... Me deixe te ensinar?

Bruce me abraçou beijando meus cabelos. Ficamos ali em silencio escutando nosso choro e nossas respirações angustiadas, assim como ele eu também estava apavorada, eu não sabia até que ponto andavam as investigações, e eu precisava começar o pré-natal, justamente por causa da minha cirurgia.

Bruce depois de um tempo me fez tomar café da manhã, depois foi ver a plantação que crescia e o campo estava verdinho. Era lindo de se ver, e como combinava com ele aquele lugar, não conseguia imaginar Bruce fazendo outra coisa, é um homem tão amável e corajoso. Voltei para dentro e ajudei Dona Solange a arrumar a casa e fazer o almoço, eu tinha me tornado uma dona de casa nestes dois meses e agora seria mãe, e não sentia falta daquela vida que tinha, era como se não pertencesse a Chicago.

O Celular de Bruce começou a tocar, nunca atendo, eu sempre ficava olhando para ele tocar e tocar, cheguei perto e olhei, o numero era de Torres, deslizei o dedo no aparelho e resolvi atender.

― Alô... Bruce... Alô! ― Torres parecia nervoso. ― Bruce! Quero saber de Denise? Você prometeu em me dar informações e tem dias que não me atende.

― Eu estou bem Torres.

― Denise... Ah... Denise me diz onde você está?

― Eu estou bem... E mamãe?

― Sua mãe desapareceu e sua irmã agora vive com seguranças... Mas não sabe de sua mãe... Pelo amor de Deus, Denise!... Me diz onde você está.

― Estou bem. ― Desliguei o aparelho quando vi Bruce dando a volta na casa, coloquei o aparelho de volta na mesa e fingi que limpava-a quando abriu a porta.

― O que faz em pé, Denise... Vá descansar.

― Estou bem... Só quero me sentir útil.

― Depois do almoço vamos à cidade e ver um médico. ― Bruce se aproximou e me abraçou. ― Sabe o que dizer sobre a cicatriz não é.

― Sei sim! ― Sorri acariciando sua nuca.

Bruce me olhou e me deu um beijo apaixonado, olhou para a minha barriga e depois se ajoelhou pegando em minha cintura e deu um beijo demorado.

― Eu não sei como vai ser, mas eu juro que vou tentar ser um bom pai.

― E vai ser, Bruce!... Vai ser!

Bruce se levantou e me beijou mais uma vez, olhou para Solange apontando para mim.

― Solange!... Denise está grávida.

― ôhhhhhhhhh... Senhor! ― Solange ficou emocionada puxando Bruce para um abraço, depois a mim e pegou na minha barriga, ri com ela, era tão amável.

Depois do almoço fomos ao médico, no caminho para a cidade podia dizer que eu era a pessoa mais feliz daquele lugar. Bruce estava aceitando melhor o fato de ser pai, fosse o que acontecesse, iríamos superar tudo juntos, nosso bebê teria um lar e uma família para viver, e tenho certeza que Bruce seria um ótimo pai.

O susto foi grande com a novidade, mas agora estava em paz, assim eu achava.

Bruce falou com a recepcionista e fez a minha ficha, sentamos e esperamos ser chamados. Bruce estava incomodado vendo aquelas mulheres de todos os tamanhos e formas, suas barrigas aparentes, olhou para mim.

― Você é tão magra... Como uma criança vai caber aí dentro?

― Por isso a barriga estufa para frente. ― Dei risada apertando sua mão.

― Denise... Eu não posso te perder! ― Sua voz saiu embargada, seus olhos diziam tudo, estava apavorado.

― Não vai me perder, Bruce! Vai é ganhar mais um pedaço de mim que se misturou a você!

― Meu Deus! Eu fui capaz de fazer isso?

Dei risada e o puxei para beija-lo, logo fomos chamados.



O Assassino que me amavaOnde histórias criam vida. Descubra agora