DENISE Prescott X J.J.

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Denise

Depois do almoço segui para o centro de Chicago, entrei na W Adams St 82, e subi para o décimo andar.

― Boa tarde, Sra. Prescott... ― Disse a recepcionista sorrindo.

― Boa tarde.

Me sentei, precisava esperar, estava adiantada e não pensei que chegaria tão cedo, minha boca e meu cérebro imploravam por um café, ainda mais por ter passado por uma Starbucks, dez minutos atrás, uma garota saiu do consultório e sou chamada para entrar.

― Como vai, Denise? ― Dra. Patrícia sorria.

― Bem! ― disse me sentando no grande sofá, a Doutora se sentou à minha frente, pegou seu tablet e começou a anotar, colocou de lado e me olhou.

― Me conte como foi voltar a trabalhar?

― Fui afastada das ruas... Estou fazendo o trabalho burocrático e não tenho ânimo de sair de casa para ter que fazer isso, mas o meu chefe achou melhor me manter dentro do prédio por enquanto. ― Cruzei as pernas, respirei fundo. ― Não tem sido fácil Patrícia... Ainda sinto John perto de mim, todos os dias que acordo, eu o chamo para se levantar e ir trabalhar, escuto andar pela casa... Escovar os dentes e tagarelar enquanto se arruma... Cheguei a mandar á calar a boca. ― Dei risada.

Olhei para as minhas unhas... As lágrimas começaram a cair.

― Eu não sei por quanto tempo isso vai doer assim... E... Eu queria ter morrido com ele naquele dia.

― Tem tentado se relacionar com seus amigos, família?

― Tenho. E tento. ― A olhei puxando um lenço de papel ao lado na mesinha, passei nos olhos.

― Já se desfez das coisas de John? ― Patrícia me olhou franzindo a testa, mantinha o sorriso no rosto, tentava ser amável.

Não respondi, desviei o olhar para a estante de livros, fiquei me perguntando se ela chegou a ler tudo aquilo.

― Denise? ― Patrícia me chamou a atenção.

― Não... ― Respondi quase sem voz. ― Eu na verdade não fiz mais nada naquele apartamento... A louça está da mesma forma que deixei... Espalhei roupas minhas para não ter que abrir as gavetas... Minha vida está uma bagunça assim como a minha memória e minha vida.

― Não conseguiu se recordar de mais nada?

― Não. Está tudo confuso. ― Olhei para a doutora novamente. ― Disseram que viram a gente discutir no bar aquela noite, que John me puxou para fora do bar e me fez entrar no carro aos berros... Não me lembro disso... ― Fiquei em silêncio por um instante. ― Tiraram duas balas do carro e estavam destinadas a mim... Uma estava no encosto de cabeça e a outra no banco de trás de mim... Por algum motivo não conseguiram me acertar.

― O que a polícia diz?

― Que podia ser eu o alvo e não John!

― Tem algum motivo para isso? Tem alguém que você desconfia que pudesse ser uma ameaça a sua vida?

― É aí que está! ― Fiz um bico. ― Eu não consigo me lembrar... Sei que já prendi muita gente... E se eu ficar cara a cara... Não sei se sou capaz de reconhecer... E isso está me matando.

Doutora Patrícia pegou o Tablet e começou a anotar o que disse, depois me olhou.

― Vou te encaminhar para um neurologista e um psiquiatra Denise... ― Patrícia parecia preocupada. ― No hospital quando conversei com você... Parecia ter perdido apenas uma parte... A do acidente. E é a segunda sessão que relata que perdeu mais uma parte... Vamos investigar o que está acontecendo com você.

O Assassino que me amavaOnde histórias criam vida. Descubra agora