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Victória.

"Hoje sou, o que restou da dor, da minha dor.."

Cada noite é um pesadelo.

Os segundos se tornam semanas, os minutos se tornam meses e as horas se tornam anos.

1 mês.

Um mês sem meu neguinho, um mês sem sorrir, um mês sem amor, sem felicidade, sem ele.

Um mês, que parecia anos.

Um mês sem paz, apenas lágrimas, lágrimas e lágrimas.

Nesse período eu não fui visitar o Patrick, o mesmo não deixou. Disse ao Lelê que não me queria lá, e quando eu pudesse ir, ele me avisaria.

Mas esse dia ainda não chegou.

O Lelê é o único que está indo porque é o único que não está fichado, ele vai quase toda semana, leva tudo que precisa.. Mas quase não me dá informações, mas diz que está tudo bem com ele.. Mas eu não consigo acreditar..

Porque ele não quer me ver?

Já faz um mês, e eu não aguento.. Quem dirá nos outros meses?

Eu o quero de volta!

Ontem a Tati estava me dando esporro, porque agora, só vivo pelas crianças.

Não me arrumo, não saio, não como e nem sorrio.. Não sou mais a mesma Victória que costumava ser, porque tem uma parte minha privada e era a parte da minha alegria.

-- E aí, tá fazendo o que pra rangar? - perguntou Tati ao chegar na cozinha. - Quer ajuda?

-- Não, só estou esperando a água do macarrão ferver.

-- Tá melhor?

-- O que você acha? - a olhei.

-- Sabe que você não pode ficar assim, Vic. Tem pessoas que precisam de você! E o Patrick, não gostaria nada de te ver assim.

-- Eu sei, Tati, eu sei. - disse com a voz embargada - Mas é difícil.. O Bernardo vive chamando o papai dele, e a Valentina não está mais engolindo a história que o Patrick foi trabalhar.

-- Amiga, você sabe que estamos fazendo o possível e o impossível pra tentar tirar ele lá de dentro, mas sabe que está difícil, esses cana tão na cola dele.

-- O que eu não entendi foi, por que só ele rodou? Estávamos todos juntos na praia.

-- Perguntei a mesma coisa ao Kaio, ele está achando que foi armado sabe? Se reparar, só queriam o Patrick.

-- É muito estranho.. Não se encaixa na minha cabeça.. Por que o Patrick não me quer lá? Aquela explicação de que ele não me queria lá, e que é pra minha proteção não me convence.

-- Ele não disse que avisaria quando você pudesse ir?

-- Sim, mas já faz um mês e nada. Eu não aguento mais, não aguento não ver ele, Tatiana.. Eu estou a ponto de enlouquecer.. - disse já chorando.

-- Oh minha amiga - Tati me abraçou - isso vai passar, nós vamos tirar ele de lá, essa maré ruim vai passar.. Eu estou aqui pra tudo, tá bom?

(....)

-- Vem, passa o braço aqui, Tina. - ajudei a mesma a colocar a blusa do pijama.

-- Mamãe?

-- Oi?

-- Por que o papai não volta? Eu estou sentindo falta dele um tantão assim - gesticulou com as mãos - Esse trabalho tá demorando muito, não é?

-- Ele tá demorando porque o trabalho é graaaaande... Mas ele me disse que quando voltar, trás uma boneca bem grande pra você, da luna de preferência.

-- Por que eu não posso nem falar com ele? Ele não pode ligar do trabalho?

-- Não filha - disse com os olhos marejados - O patrão dele é muito chato, não deixa ele ligar.

-- Quem é esse moço? E aquele que colocou ele no carro aquele dia? Aquele que te segurou? Por que você estava chorando?

-- Valentina, vamos dormir? Amanhã você tem escolinha cedo. Boa noite, a mamãe ama você.

-- Eu também amo você, mamãe. Amo você, o bê neném e o papai, amo muitão. - sorri e dei um beijo em sua testa, a cobri e apaguei a luz do quarto, deixando apenas o abajur aceso.

Sai do quarto de Tina e fui para o meu, peguei uma camisola no guarda roupa e fui em direção ao banheiro, me despi e liguei o chuveiro, deixando aquela água quente escorrer por todo meu corpo.

Chorei. Chorei pois me doía saber que a Valentina ainda lembrava daquela cena, me doía saber que além de mim, outra pessoa sonhava com aquela horripilante cena. Ela é ainda tão inocente, já tendo que lidar com essas coisas.. O Bernardo, não sabe, não entende e nunca lembrará dessa cena, mas a Valentina, apesar da pouca idade lembra.. Isso me parte o coração.

Olhei para minha mão e vi aquela aliança em meu dedo, me trazia tantas lembranças, tanto boas, quanto ruins..

- Eu te prometo, amor eterno. Não vou desistir de você, não importa o que acontecer, será pra sempre, eu e você! - falei comigo mesmo, beijando aquela aliança.

Acabei de tomar o banho, me sequei, coloquei minha lingerie e minha camisola, fui até a frente do espelho e vi o meu estado..

Cabelo desidratado, olheiras profundas e estava super magra. Sim, eu estava totalmente acabada, tanto fisicamente, emocionalmente e interiormente. Escovei meus dentes e penteei os cabelos, dei uma olhada no berço e Bernardo dormia tranquilamente, peguei uma camisa do Patrick que ainda continha seu cheiro, me deitei na cama colocando a camisa ao lado do meu rosto, e dormi inalando o seu cheiro.

Primeira Dama II [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora