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Patrick

- Tem certeza que essa mensagem é dele?

- Kaio, o único P.a que eu conheço é o Paulo André.

- Mano, sei lá. - cossou a cabeça -Vai que você tem outro inimigo aí, e pá.

- Não falei nada pra Vic pra ela não ficar nervosa, e tu tá aqui. - sorri sem mostrar os dentes.

- Porra, não brinca não! O que tá escrito nisso aí?

- Aline que a Vic, e o Paulo me quer.

- Que?

- É isso aí, mano.

- E tu.. Tu vai? - perguntou nervoso.

- É lógico. Meu filho. E, sem vocês.

- Mano, mas eles vão matar vocês.

- Eu. Victória não vai.

- Porra, Patrick. - cossou a barba- Isso tá me cheirando a enrascada.

- Que seja - dei de ombros - Mas eu vou conseguir matar aqueles dois. Nem que seja a última coisa que eu faça.

- Para de falar besteira, filha da puta! - me deu um tapa na cabeça - Tu vai voltar pra cá, com a cabeça do cuzão do P.a na mão, porra! - sorri concordando e fui pra casa.

Cinco dias.

Cinco dias, eles estão com o meu filho.

Cinco dias, esses filhas da puta tão fazendo uma criança pura e indefesa, que não tem culpa de porra nenhuma de refém.

Cinco dias que parecem cinco anos.

Victória não fala nada. Só sabe chorar.

Alana vai diariamente pro hospital. Tem pesadelos, sua pressão está desregulada e está tendo crise de ansiedade.

Eu, depois daquele tapa que dei a Victória, tô me condenando pelo resto da vida.

Eu jurei que não há encostaria de novo. Jurei pra mim que não a tocaria, a não ser se ela quisesse.

Eu preciso recuperar o Bernardo. Por ele, por mim e por ela.

Sei que na hora da raiva agimos e falamos coisa sem pensar. Nunca foi minha intenção bater nela. Ela não sofreu tudo que sofreu quando eu estive em reclusão, pra tudo terminar agora. Eu não nadei até aqui, pra morrer na beira da praia.

Cheguei em casa e o silêncio tomava conta. Subi as escadas delicadamente e caminhei até a porta do quarto.

Girei a maçaneta delicadamente e abri a porta, tendo a visão de Victória deitada na cama com um porta retrato na mão.

Assim que ela sentiu minha presença, virou a cabeça em minha direção e pude perceber o quão inchado os seus olhos estavam.

Foi no automático, corri até a cama e abracei minha mulher. A mesma retribuiu o abraço soltando todas as lágrima que estava presa em si.

- Trás ele volta, meu amor. Trás nosso menino de volta! - repetia enquanto soluçava.

- Eu vou trazer - senti meu nariz arder - Eu vou trazer, nem que seja a última coisa que fizer na vida. - levantei a cabeça e observei ela me encarar.

- Do que você está falando?

- P.a me mandou uma mensagem. Disse que me quer em troca do Bernardo.

- O que? Como assim Patrick? - se exaltou.

- Ei, calma! Eu vou trazer o Bernardo de volta.

- Aí você trás ele de volta, e quem fica longe é você? Eu quero os dois do meu lado. Quero os dois no lugar que nunca deveriam ter saído! - voltou a chorar.

- Calma amor. Vai ficar tudo bem. - à envolvi com meus braços - Ou, vou tentar - sussurrei.

Depois de muito sacrifício e de dois calmantes, Victória dormiu.

Desci até a cozinha e bebi um gole de café, já que era a única coisa que me descia.

A vontade de usar drogas me consumia. Era como um analgésico, me anestesiava e me faz esquecer um pouco esses problemas.

Mas eu sei que não posso fazer isso.

Eu não posso fugir do problema que eu mesmo causei.

Não posso me refugiar em outro "mundo", sendo que o meu, está com problemas até o limite.

Continuei brincando com o café no balcão quando aquela pessoa me veio a cabeça.

Luiz Felipe, o pai do Bernardo.

Que da onde ele esteja, ele olhe pelo Bernardo. Que não deixe nada de ruim acontecer com o filho dele. Com o nosso filho.

Terminei de tomar café, coloquei a xícara na pia e subi em direção ao quarto, peguei uma roupa e fui em direção ao banheiro.

Tomei um banho rápido, coloquei uma box preta e deitei ao lado da Vic, e ali, dormi.

Acordei cedo, levantei devagar. O dia estava nublado, muito feio mesmo.

Coloquei uma calça e um moletom, calcei meus chinelos e quando estava saindo, ouvi a voz doce da Victória me chamar..

- Patrick, aonde você vai?

- Resolver uns negócios na boca, fica tranquila. - digo virando as costas.

- Não mente pra mim. Pelo menos dessa vez. - parei e respirei fundo

- Vou trazer o Bernardo de volta.

- O que? - levantou da cama correndo - Não, meu amor. Você.. - sua voz falhou - Você não pode me deixar. Por favor.

- Eu vou trazer nosso filho. Prometo que depois disso, a paz irá voltar novamente.

- E se você não voltar? - ela perguntou e sentir meu nariz arder.

- Eu volto. Volto com o nosso filho nos braços. - a mesma me abraçou e retribui o abraço com força, depositando ali todo o meu amor, abraçando o meu mundo. Meu porto seguro.

Os ruídos que saíam de sua garganta era alto. Seu corpo tremia e sua pele era fria.

- Vic... Amor, olha pra mim. - peguei em seu rosto, fazendo ela olhar para mim - Fica calma. Para de me deixar nervoso, porra. Vai ficar tudo bem. - dei um beijo nela e sai do quarto ouvindo seu choro alto e doloroso.

Passei um rádio pro Kl e peguei a pistola que estava na cintura. Kl me convenceu a levar a tropa só que não subiriam, ficariam apenas na escolta caso algo acontecer.

Fui até a boca e encontrei todos lá. Troquei umas ideias com eles e ditei novamente o plano.

- Tá tudo certo, Kaio?

- Tá sim. - disse assentindo com a cabeça - Tem certeza disso cara? É perigoso.

- Tenho! - ajeitei a pistola em minha cintura - Se eu for com o bonde todo, vou chamar muita atenção. Quero fazer tudo na encolha, por isso que vocês não vão subir o morro.

- Eu ainda acho essa história arriscada, chefe - Lelê coçou a cabeça - Não está me cheirando bem.

- Deveria tomar um banho, então. - cassoei.

- Tem certeza disso? - Hg me olhou desconfiado.

- Tenho porra! - abri os braços - É o meu filho! - vi os sorrisos se brotarem nos rostos dos rapazes.

- Nunca pensei que isso sairia dá sua boca. - disse Hg ao me dar tapinhas no ombro - Tu mudou mesmo.

- Ou nem tanto. - sussurrei - Agora vamos, para de viadagem. Vamos logo, antes que eu mude de ideia.

Todos foram para seus devidos carro. Entrei no carro fechando meus olhos e pedindo proteção ao lá de cima ou até mesmo, coragem. Ser corajoso o suficiente pra ver minha mulher feliz novamente. Ser corajoso o suficiente, pra cortar o mal pela raiz de todo mal que fiz.

Primeira Dama II [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora