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Victoria — Semanas depois

Acabo de sair do mercadinho carregando as sacolas de compras.

Patrick graças a Deus voltou a andar, lembro como hoje. Já levantou correndo atrás da Valentina quando ela caiu da escada de casa.

Subo ainda com as compras em minha mão. Paro um pouco para respirar e escuto o barulho da moto. Ele não tem jeito.

— Sabe que não pode tá fazendo esforço, né? — Para com a moto em meu lado.

— Que eu saiba era pra você está deitado. Seus pontos ainda não secaram totalmente. — digo o olhando com a mão na cintura.

— Vaso ruim racha mais não quebra.

— Não fala isso nem brincando. — O mesmo sorriu.

— Vem, passa as bolsas e sobe na moto. — assim fiz, passei as sacolas de compras e com sua ajuda subi na moto.

— Cadê as crianças? — perguntei.

— Com a Anny.

— Ela é a minha salvação. — sorri.

— Pra Tina gostar dela. Realmente é. — acelerou com a moto e foi em direção a nossa casa.

Desci da moto e peguei algumas sacolas enquanto Patrick vinha trazendo as coisas.

— Vai voltar pra lá? — me referi a boca.

— Não. Vou ficar um pouco com vocês.

—Ih, o que te deu? — sorri e fui em direção a cozinha — Tá carente?

— Não. — disse vindo em minha direção — Tô ausente.

— Como?

— Tô perdendo muitas coisas da minha família, Victória. Perdi muito tempo com pessoas que não tinham nada a ver. Perdi meu tempo praticando vingança, perdi tempo em hospitais. — suspirou.

— Mas amor, isso tudo já acabou. — acariciei seu rosto.

— Mas olha por tudo que passamos pra isso poder acabar? Perdi muitas coisas. Fiquei em reclusão, em coma, ausente. Olha só a Valentina. Tá tão esperta, abusada. Ela já não fala mais tão errado. Ela não é mais aquela que odiava ir a escola. O Bernardo. Já está tão grande. Já anda, já fala. Quando eu fui preso ele era apenas um neném. E quando sai, ela já estava prestes a fazer um ano. E agora, Victória. Temos outro filho vindo por aí. — passou a mão por minha barriga que já tinha um pequeno ovinho — Não quero perder mais a vida dos meus filhos.

— E você não vai. — o beijei — Achei linda sua atitude.

— Se sacrificar pela família. — sorriu.

Fiz a comida e almoçamos em paz, Anny tem ficado com as crianças constantemente, então, resolvi dar uma folga a ela.

Estávamos sentados no sofá. Tina e Bernardo dormiam num lençol no chão da sala, e Patrick acariciava minha barriga enquanto víamos um filme.

— Quero que seja uma menina.

— Que?

— Quero que seja uma menina. Nosso filho, Victória.

— Ah, — sorri e levei a minha mão sobre a mão dele — Será que vem uma menina?

— Eu espero. — sorriu.

— Eu acho que vem um menino. — disse.

— Porque?

— Eu não sei. Mas eu sinto. Não importa, ele ou ela já é um guerreiro ou guerreira.

Primeira Dama II [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora