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Victória.

Quando acabar me liga, tá bom? — concordo com a cabeça e selo nossos lábios.

Abro a porta do carro e ando em direção a porta de entrada da clínica, observo Patrick ir embora e adentro a mesma segurando a mão de Bernardo, já que minha barriga me impossibilitava de carrega-lo.

— Bernardo Felipe, por favor. — digo a moça da recepção.

— A doutora Rosana vai atender ele, aguarde na sala de espera, por favor. — diz a recepcionista.

— Obrigada, bom dia. —  pego na mão de Bernardo e sigo até a sala de espera.

O sento na cadeira e sento ao seu lado, coloco os documentos na bolsa novamente e fito meus pés que parecem dois pães de queijos.

— Meu pé está me matando. — digo em voz alta e percebo Bernardo aéreo.

Encaro aquela porta branca de madeira e lembro do que li na internet.

— Bê? — o chamo e não tenho resposta — Ôh Bernardo. — passo a mão na frente do seu rosto.

— Oi, mamãe.

— Você quer entrar numa escola, que nem a sua irmã?

— Tina? — ele pergunta, olhando pra parede.

— É, a Tina. - ele pensa um pouco.

— Não. — ele diz sério — Não quer não.

Como eu fui uma mãe tão irresponsável ao ponto de não saber se o meu filho é ou não autista?

Como fui tão tola ao ponto não perceber os pequenos sinais que ele já me mostrava?

Bernardo nunca foi uma criança afetuosa. Ele nunca gostou de carinho, nunca foi de chorar e muito menos me encarar nos olhos.

Lembro que quando mamava, era muito raro o Bernardo me olhar nos olhos como toda criança faz. Ele apenas ficava brincando com o bico do meu peito.

Ele sempre foi muito isolado, sempre viveu no "seu mundo". E por a Tina ser tão elétrica, tão pra cima eu achei isso bom, pelo menos um filho calmo.

Mas ele não é calmo e sim, especial!

Não estou trazendo o Bernardo ao médico porque acho ele um doente ou um maluco, não! Apenas quero saber o melhor modo dele não se recuar tanto, quero aprender um modo especial de como tratar meu filho, de como ama-lo ainda mais e fazer com que ele sinta esse amor é retribua, já que ele se fecha muito para qualquer tipo de se sentimentos, até mesmo a dor.

Logo doutora Rosana nos chama em sua sala, e Bernardo sai em disparada, assim que adentra a sua sala encontra uns blocos de empilhar no chão. Ele se senta e dali começa a empilhar os blocos.

— Acho que já sei porque veio aqui. — a doutora sorri — Eu já adianto que autismo não é uma doença, não é algo que tenha "cura". Ele apenas vai se familiarizar mais no mundo em que vive.

— Porque eu só descobri agora? — sinto meu nariz arder.

— É porque é nessa idade que os tais sintomas começam a aparecer. O autismo não aparece em exames de rotina, não é apontado no teste do pezinho, nem mesmo em ressonâncias ou tomografias. O diagnóstico é baseado em queixas familiares ou de próximos.

— Mas isso pode trazer dificuldades pra ele no futuro?

— Pode. — a doutora foi sincera — Ele terá problemas em se relacionar com outras crianças o que não será um problema pra ele, já que ele gosta de se isolar. Mas é a pouca fala, interação mais através de pintura. Crianças assim se sentem a vontade apenas com coisas que gostam.

Primeira Dama II [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora