36

6.4K 652 165
                                    

Victória narrando —— meses depois

Hoje a Melinda completa dois meses, depois de todo aquele sufoco no carro a ambulância logo chegou e elas foram levadas para o hospital.

Minha barriga está gigante e eu ainda não consegui ver o sexo do neném, o que nos faz pensar ainda mais em ser uma menina, o Patrick está radiante, eu só estou com medo de vir outra com espírito de Valentina.

Em falar nela, ela está impossível. Vive falando coisas feias, bateu em uma coleguinha na escola, mas ela é uma boa criança, me ajuda em tudo que peço, e com o Bernardo, apesar dela ensinar palavrão há ele, ela me ajuda bastante com ele.

Em falar em Bernardo uma coisa vem me incomodando em relação há ele. Ele é muito estranho pra sua idade.

Tudo bem, ele é bem pequeno, mas pra uma criança de um ano e meio, sendo meu filho e irmão da Valentina, ele deveria ser ativo. O Bernardo ele gosta apenas de ficar em seu "mundinho".

No seu cercado com seus brinquedos, na frente da TV vendo desenho, ou apenas com um papel e uns lápis de cores.

O Bernardo odeia bagunça, odeia muvuca. Pouco se socializa com as crianças. Ele é na dele.

— Eu tô dizendo Patrick, isso não é normal. — digo colocando a mesa do café.

— Amor, ele quase não sai. Ele só é quieto demais.

— Patrick, eu procurei os sintomas no Google e..

— No Google diz até que você tá morrendo se você procurar por um sinal, Victória. Desencana amor, não é nada. — beijou o topo de minha testa.

— Sexto sentindo de mãe não falha, Patrick.

— Então leva ele na consulta já que já está marcada, amor. Mas você vai ver que não será nada demais.

— Eu espero mesmo. — digo observando o Bê pintar em uma folha de papel.

— Mãe, sabe que outro dia eu ensinei palavrão pro Bê neném, e ele nem falou? Ele só sabe ficar pintando e pintando mamãe.

— Filha, não pode ensinar essas coisas há ele não, sabe que isso é feio!

— Mas era só pra ver se ele falava mamãe.

— Ele fala com você, filha? — perguntei a Tina.

— Só as vezes, ele gosta mais quando pinto com ele, ele pinta o céu de outra cor, mas é porque ele ainda é pequeninho né mamãe?

— É sim. Ele pede pra pintar sempre?

— Toda hora. — ela revirou os olhos — Ele fica, "pita" "pita", e eu sei que é pintar né mamãe. — suspirei e fui até o Bernardo que pintava no chão.

— Oi filho. — ele olhou pra mim é voltou a colorir no chão — Sabe que a mamãe tá esperando uma irmãnzinha? — peguei sua pequena mãozinha e coloquei na minha barriga.

— Neném? — ele sorriu.

— É, neném. — sorri — Você gosta de neném?

— Não. — ele respondeu frio e voltou a pintar.

— E o que você gosta?

— "Pita" — ele disse ainda pintando — Tina, cá — chamou Valentina com a mão — "Pita" Tina, cá.

Valentina sentou ao seu lado e começou a pintar, voltei para mesa e o Patrick me observava, tomando um pouco de café.

— Viu amor, ele dá todos os sintomas que li na internet. — suspirei alisando a barriga.

— Internet não é médico amor. Para de acreditar em tudo que vê por aí. — Patrick disse — Ele é uma criança normal, e pra mim não apresenta nenhum sintomas dessa doença aí que você disse.

— Isso não é uma doença. E é claro que você não vê, você passa pouco tempo com ele!

Patrick me encarou por um longo tempo.

— Então tá. — ele se levantou — Vem aqui filhão, vamos dar um rolê pelo morro.

— Patrick, onde você vai com ele?

— Andar por aí. — colocou a chave da moto no pescoço e saiu.

Patrick.

A Victória tá achando que o Google virou médico, vou mostrar pra ela que é apenas coisa da cabeça dela, não tem nada de errado com o Bernardo.

— Tá pesadão em filho. — coloquei ele no tanque da moto — Vamos ver umas piranhas? Só não pode contar pra mamãe! — ele sorriu — Ah moleque, papai tá certo. — dei um cheiro em seu pescoço.

Liguei a moto e fui em direção ao seu Joca, o sol era forte e o Bernardo fica vermelho com pouca coisa.

— Ih, a patroa te colocou de babá? — Lelê riu bebendo uma cerveja.

— Vou trazer a Tina aqui pra você se continuar falando! — ele fez um sinal de cruz e riu.

Retirei o Bernardo da moto e coloquei novamente a chave da moto no pescoço, comprei um Guaravita pro Bê, sentei na mesa com Lelê e logo Hg veio.

— Tá com o Bernardo hoje porque? Victória te colocou de babá? — Hg debochou.

— Que porra vocês em. Victória que tá com uma desconfiança boba em relação ao Bernardo.

— Sobre? — Hg perguntou.

— Diz ela, que ele tem um comportamento estranho. — observei Bernardo brincar com o canudo.

— Mas ele é estranho mesmo, é todo quietão, brinca com o ar. Olha pro nada. Observei ele no dia em que a Dani cuidou dele. — Lelê disse.

— Ele só é calmo. — Hg disse — Ele gosta muito de pintar. Não é muito de bagunça e odeia barulho, já percebi isso nele.

— É, mas a Vic acha isso um problema. Ela tem que dar graças a Deus que ele não veio que nem a Valentina.

— Mas ele parece um maluco. — Lelê disse e o repreendi com o olhar — Patrick, de homem pra homem, o Bernardo não é uma criança "normal". Ele é muito na dele, e ele não gosta da Julinha. Ele só brincava com a Tina, não olha ninguém nos olhos e só via desenho ou pintava. Ele não aparenta ter sentimentos.

— Ele é pequeno, para de falar merda, caralho.

— Então tá bom, só a Vic que enxerga mesmo.

Continuei lá no seu Joca trocando um papo com os meninos e logo Kl chegou. Observei o tempo todo o Bernardo que continuava a brincar com o canudo, tentei o chamar em algum tempo, mas ele não olhava, era como se tivesse no mundo da lua.

Cheguei em casa e Tina dormia, era por volta de quatro e meia da tarde, Vic estava no sofá vendo novela quando se assustou quando a porta abriu.

— Calma, sou eu. — entreguei o Bernardo a ela.

— E então?

— É, tem razão. Deve levar ao médico.

Primeira Dama II [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora