32

6.6K 733 179
                                    

Patrick

Te falar que eu tô morrendo de tédio aqui, porra não aguento mais essa tortura, não movo nada só ouço pessoas chorando a minha morte, sendo que eu estou aqui, tentando lutar com tudo o que tenho, com todas as forças para sair deste buraco escuro!

Daquela vez pensei mesmo que tinha morrido... Mas não, só vi tudo branco depois corri para o lado negro e não deixei me ser puxado, não podia a deixar eu tenho filhos para criar e mulher para olhar!

Ouvi os médicos dizerem que era milagre e essas tretas de médicos, mas o que eles não sabem é que sou osso duro, sou vaso ruim e nem nessa situação, não me deixo vencer!!

Sei que agora tava aqui o viadinho do Kaio e a Tati, e meu Deus que drama...

Eles querem desligar os aparelhos hoje, mas, eu tô lutando como nunca, eu só preciso que estendam esse prazo!

Senti a presença da Vic, Ah... Como não sentir? Meu Deus que saudade de abraça-la, e inalar o seu cheiro que era como a minha droga favorita.

Senti ela segurar na minha mão mas com a dela trêmula, o meu amor não fique assim... Tudo se vai resolver.

— Obrigada meu amor, por cada momento que eu pude estar ao seu lado, obrigada por nossos filhos. — Tu tá fazendo o que? Irá desistir tão fácil?? Não, não, não! Por favor!—Lembra quando você descobriu o sexo da Tina? Nossa você queria muito um menino, mas quando descobriu que era uma menina fez uma baita festa, lembro até hoje como você disse, A Princesa da Rocinha, a minha cópia. E quando ela nasceu, tivemos realmente a certeza que ela era a sua cópia! — Claro que ia ser minha cópia, minha princesa... Meu pedaço do céu. — Pode ser que tenha chego a sua hora, depois de tanta batalhas, por cada dia em que tu levantou da cama e eu ficava preocupada, mas você voltava, não era? Por que dessa vez teve que ser tão diferente? Por que dessa vez você não voltou pra casa, arrancando de mim aquele medo bobo de não ter mais por perto? Por que tem que ser assim? — Meu amor, não chora. Eu prometo que vai ser diferente! Eu juro eu vou voltar para vocês nem que seja só para poder vê-los pela última vez!

O meu coração está tão apertado por sentir a Vic tão mal, por mesmo sem querer, deixa-lá mal. Eu sei que ela está mal e não gosto de a ver assim. Eu não a posso deixar! O que será dela e dos nossos filhos?

— Deus por favor me ajuda. Não peço nem por mim, nem pela Vic, mas... Pelas crianças inocentes que ali estão envolvidas. — olha eu falando sozinho, é claro que ele não me vai ouvir... Já fiz tanta merda que não tenho o direito de pedir nada...

—Patrick, porque você não me ouve? Desculpa te pedir pra partir, só que eu não posso mais alimentar a esperança  de que você irá voltar. Mas a verdade é que eu não consigo aceitar o fato de que chegou a sua hora, você não pode nos deixar assim, meu amor. — Eu não vou deixar!  — Eu não sei mais o que responder pra Valentina quando ela pergunta, que dia você irá sair do hospital, não tenho mais forças pra ouvir o Bê chamando por você, e o nosso novo filho que você tanto queria e que está vindo por aí? O que falarei a ele quando ele perguntar por ti? Volta pra mim meu amor, volta. — Ah, meus filhos... O Bernardo, meu pequeno jogador. Não é o meu filho, mas é o que eu sempre quis. Um menino pra ensinar a jogar bola, soltar pipa e até comer as piranhas. Mesmo não sendo o meu sangue, é o meu filho de coração. Minha Anna Valentina. Meu anjo querubim. Nunca vi mais arteira, minha cópia fiel. E esse neném que irá vir agora? Menina ou menino? Não importa, vindo com saúde, eu já amo de qualquer jeito.

— Vou te pedir que fique. Mesmo que o futuro seja de incertezas, mesmo que não haja nada duradouro prescrito pra gente. Esse é um pedido egoísta, porque na verdade eu sei que se nada der realmente certo, vou ficar sem chão. Mas por outro lado, posso te fazer feliz também. É um risco. Eu faço de tudo, se você tiver aqui pra me dar a mão.

Eu não sei mais o que fazer... Porque eu não consigo sair daqui, desse vazio?

Eu já não tenho forças pra lutar, eu tentei, mas eu não consigo. É como se eu tivesse preso em uma caixa e que nela estou prestes a me afogar. Só esperando a água atingir um certo limite, comprimindo todo o meu ar.

— Patrick, meu amor, Me perdoa se eu não fui a esposa perfeita, por cada crise ou qualquer coisa que seja, me perdoa. — Como assim? Ela ficou doida? Ue ela foi mais que perfeita, foi a melhor que eu poderia ter arranjado... Ela não desistiu de mim quando tinha todos os motivos... Eu que fui um idiota, mas mesmo assim, ela não desistiu de mim — Eu te amo mais que tudo e quero que você descanse em paz se essa é a sua escolha, olhe por nós, cuide da gente lá de cima.. — Vou cuidar de vocês aqui ao seu lado! A minha escolha é consegui acordar... Ah, Victória... Eu te amo tanto... Amo mais que a mim mesmo.

Senti a mão de Victória na minha, e uma conexão como nunca senti antes, passou pelo meu corpo, como uma corrente elétrica.

E com um pouco mais de esforço...

EU CONSEGUI!

Não acredito, eu consegui eu acordei!!!

Olhei para baixo sem me mexer e ela tava linda com a cabeça deitada no meu peito e de mãos dadas comigo...

Senti seu movimento e fechei os olhos novamente, senti sua respiração ofegante um pouco mais perto do meu rosto e senti ela me beijar, ahh, que saudades, que vontade de beija-la como se fosse a única necessidade que ali eu sentia nesse mundo.

— Meu amor, eu sempre vou amar você, eu vou cuidar de nossos filhos, e sempre vou falar pra eles o herói que você foi. Eu te perdoo, por tudo que fez comigo. Eu sei que sou muito trouxa de dizer isso, aqui e agora, mas se ser trouxa é te amar, que eu continue sendo trouxa pelo resto da minha vida. Você me mostrou que é possível sim, alguém mudar por amor, me mostrou que mesmo com o tempo, o amor verdadeiro continua ali presente e eu te amo, Patrick, te amo tanto..

Senti ela levantar outra vez a minha mão e a beijar e depois passar o seu pequeno dedo pela minha aliança...

— Mesmo que não tenha sido nada consagrado pelo o homem, mas Deus consagrou nossa união, você era, é, e sempre será o meu eterno amigo, namorado, noivo e marido

— Vou pedir aos céus, você aqui comigo... — cantarolou, e que voz... Sempre adorei ouvir ela cantar no banho... Ela nem faz ideia que eu ficava atrás da porta e parava ali admirando a linda voz que ela tinha por horas...

Decidi ouvir um pouco mais ela, como se fosse um pequeno desabafo da mesma, vou só lhe dar um sinal de que estou aqui.

Mexi o meu dedo e por conta do nervosismo de depois de tempos não mover um músculo se quer, os aparelhos começaram a se descontrolar.

De longe consegui sentir o nervosismo dá Vic...

Não me mexi, não falei nada e não fiz qualquer tipo de movimento até que os aparelhos estabilizaram

— Patrick? — Ela me chamou com um certo receio na voz, ainda não acreditando que eu havia voltado para o meu lugar.

É agora!

— Oi, dona encrenca.. — disse e a minha voz saiu meio rouca, como se fosse arrastada...

_____________________

Para quem quiser entrar no grupo do whatsapp, o link está bem no meu perfil, pode ir lá, seram bem recebidos! ❤

Primeira Dama II [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora