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Victória. - Semanas depois.

" Despertador tocou, cadê meu amor pra me dá o primeiro beijo do dia? "

Acordei e olhei pro lado como de costume e ele não estava lá. Suspirei, levantei e caminhei até o banheiro, tomei um banho e fiz minhas higienes matinais. Saí, vesti um short jeans larguinho e uma regata, penteei o cabelo, calcei o chinelo e desci as escadas.

As semanas iam passando voando, cada dia se passava muito rápido, e por um momento, parecia que tudo estava sendo controlado.

Já se faziam quase três meses que ele estava lá dentro.

Meu coração não se acostumou, mas ele se acalmou, pois sei que o Patrick não gostará de me me ver assim, e preciso estar bem por eles e por meus filhos.

Essa semana Tati ficou com as crianças, no começo eu relutei, disse que poderia olhar meus filhos mas não estava, eu sabia que não e por um lado, foi até bom. Pude colocar a cabeça no lugar, tive tempo pra pensar, e sabia que meus filhos estariam em boas mãos.

Essa semana acordei com uma paz no coração, acho que estou tendo uma resposta depois de tanta oração, Deus finalmente está me trazendo sua paz divina.

Sei que estou sendo egoísta e só pensando em mim, quando tenho pessoas que necessitam de mim em minha volta, mas ver seu marido ser preso bem na sua frente, no dia do seu pedido de casamento, não é uma coisa que se vemos com facilidade.

" Na hora do café, cadê minha mulher, Que os meus desejos de cor sabia.."

Tomei meu café, lavei o que sujei e resolvi dar uma faxina na casa. Eu gostava do cheiro de Patrick ainda pela casa, mesmo se passando meses, seu cheiro ainda habitava ali. Mas se quisesse "superar" eu precisava de uma mudança, por dentro e por fora.

"Eu tentei trabalhar, tá difícil concentrar, fim de tarde é pior ao se por o sol, ele me esperava com sorriso estampado na cara, hoje o dia está passando, a saudade apertando e eu sozinha nessa casa.."

Arrumei a parte de baixo toda, limpei o quarto das crianças, e cheguei no nosso..

Tudo estava como ele gostava, seu cheiro emanava no quarto, suas blusas que eu precisava pra dormir todas encima da cama, úmidas com minhas lágrimas, nossos portas retratos pela penteadeira, seus sapatos no canto do guarda roupa, como o mesmo fazia.

Esse espelho.

Ah, esse espelho. Me trás tantas lembranças, boas, ruins..

" Ah se essas paredes não falassem, Ah se o travesseiro não contasse, todas as noites de amor que eu vivi com você.."

Com o quarto arrumado, suspirei o ar que agora carregava o cheiro de produtos de limpeza, mas logo cheiraria novamente com o cheiro dele, o cheiro que somente ele possuía.

Me despi e tomei mais um banho, a água quente tinha um efeito calmante pelo meu corpo, e era a hora que mais refletia na vida. O que me tornei? Será que estava feliz com a nova versão de mim? Pois é, não me agradava.

Não me agradava pelo fato das pessoas me olharem na rua e sentir pena, ou até mesmo, dó.

Dizem que bati na Luana como uma doida que não tinha tomado os seus remédios. Mas não sou assim.

Eu não preciso da pena de ninguém, muito menos do dó de alguém.

Não sofro nenhuma doença, nenhum distúrbio mental. Apenas sofro com a saudades e acho que ela é bem pior que essas doenças que citei acima.

" Ah se essa cama não lembrasse, ah se esse espelho mostrasse você aqui, pra eu conseguir dormir.."

Essa seria uma das inúmeras lutas que venceria, mas dessa vez, não sozinha.

Hoje não estava sol, o dia estava fechado e com ele trazia seu vento, seu vento forte e gelado.

As árvores balançava com os ventos e as folhas bailavam com o mesmo, fechei os olhos e naquele momento desejei que o vento levasse com ele, tudo que era de ruim, toda a energia negativa, todo o mal olhado no meu relacionamento com o Patrick, e sobre ele também, que sempre foi motivo de inveja por ter o comando de um morro em suas mãos.

Limpei a lágrima que insistiu em cair e fechei as janelas, desci até a cozinha e comecei a preparar o almoço, e a manter meus pensamentos em apenas coisas boas. Na saída do Patrick, no aniversário de um ano do Bernardo, das travessuras de Tina e uma risada sincera me escapou, acho que a única risada que dei em quase três meses de dor.

O vento foi tanto que abriu a porta da sala e aquele cheirinho de terra molhada anunciando que começou a chover invadiu a casa. Continuei de costas cortando a carne e o vento lá fora continuava com total força.

Outro cheiro invadiu a casa, e aquele ali, eu conhecia bem, imaginei ser meu psicológico me enganando novamente com um dos melhores que já senti na vida.

Logo outro cheiro me invade as narinas, um cheiro pelo qual eu totalmente desconhecia.

Me viro e meu corpo congela totalmente.

Primeira Dama II [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora