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Victória.

Tati e Kaio foram os últimos a sair da sala.

O Patrick não obteve melhoras..

Decidi então, desligar os aparelhos.

Foi uma das decisões mais ruins da minha vida, eu estava vendo o homem que eu amo morrer, e não pude fazer nada..

Entrei na sala e encontrei Patrick ali, do mesmo jeito..

Eu tinha que deixar que ele fosse procurar sua própria luz e que ele pudesse descansar, mas, no fundo eu sabia que não era isso que o meu coração mandava.

Segurei na sua mão, alisei minha barriga sem volume e me permiti chorar.

— Obrigada meu amor, por cada momento que eu pude estar ao seu lado, obrigada por nossos filhos — sorri ao lembrar — Lembra quando você descobriu o sexo da Tina? Nossa você queria muito um menino, mas quando descobriu que era uma menina fez uma baita festa, lembro até hoje como você disse, A Princesa da Rocinha, a minha cópia. E quando ela nasceu, tivemos realmente a certeza que ela era a sua cópia! — sorri — Pode ser que tenha chego a sua hora, depois de tanta batalhas, por cada dia em que tu levantou da cama e eu ficava preocupada, mas você voltava, não era? Por que dessa vez teve que ser tão diferente? Por que dessa vez você não voltou pra casa, arrancando de mim aquele medo bobo de não ter mais por perto? Por que tem que ser assim? — deitei minha cabeça em seu peito.

Mesmo com todo esse tempo aqui no hospital ele continuava com o seu mesmo cheiro, seu peitoral forte, suas mãos grossas na qual eu me perdia apenas pelo toque.

—Patrick, porque você não me ouve? Desculpa te pedir pra partir, só que eu não posso mais alimentar a esperança  de que você irá voltar. Mas a verdade é que eu não consigo aceitar o fato de que chegou a sua hora, você não pode nos deixar assim, meu amor. Eu não sei mais o que responder pra Valentina quando ela pergunta, que dia você irá sair do hospital, não tenho mais forças pra ouvir o Bê chamando por você, e o nosso novo filho que você tanto queria e que está vindo por aí? O que falarei a ele quando ele perguntar por ti? Volta pra mim meu amor, volta. —alisei sua mão — Vou te pedir que fique. Mesmo que o futuro seja de incertezas, mesmo que não haja nada duradouro prescrito pra gente. Esse é um pedido egoísta, porque na verdade eu sei que se nada der realmente certo, vou ficar sem chão. Mas por outro lado, posso te fazer feliz também. É um risco. Eu faço de tudo, se você tiver aqui pra me dar a mão.

Eu chorava como uma criança, foi o homem da minha vida, o único que eu amei com todas as minhas forças, o único pelo qual eu fiz altas loucuras, o único que me transformou na pessoa que eu realmente sou.

Eu não estou preparada pra deixa-lo partir.

Ajeitei minha roupa no corpo e peguei minha bolsa, dei uma última olhada  por aquele quarto, que foi uma moradia pra mim nesse último mês que passou.

Mesmo com todos os erros dele, eu fui a mulher mais feliz nesse mundo,  minha familia, meus filhos, meus amigos e o homem da minha vida,  que agora iria olhar por mim e por nossos filhos lá de cima, ou de onde quer que ele estivesse.

— Patrick, meu amor — segurei sua mão — Me perdoa se eu não fui a esposa perfeita, por cada crise ou qualquer coisa que seja, me perdoa. Eu te amo mais que tudo e quero que você descanse em paz se essa é a sua escolha, olhe por nós, cuide da gente lá de cima.. — beijei seus lábios frios.

Então era isso, aqui acabava a história de amor que exalava por todo o morro, acabava então, os sorrisos sinceros, todo o esforço, lutas, preconceitos, tudo acabaria quando aqueles aparelhos fossem desligados, eu não poderia me sentir pior.

— Meu amor, eu sempre vou amar você, eu vou cuidar de nossos filhos, e sempre vou falar pra eles o herói que você foi. Eu te perdoo, por tudo que fez comigo. Eu sei que sou muito trouxa de dizer isso, aqui e agora, mas se ser trouxa é te amar, que eu continue sendo trouxa pelo resto da minha vida. Você me mostrou que é possível sim, alguém mudar por amor, me mostrou que mesmo com o tempo, o amor verdadeiro continua ali presente e eu te amo, Patrick, te amo tanto..

Levantei sua mão,e beijei, visando ali a aliança que ainda permanecia em seu dedo.

— Mesmo que não tenha sido nada consagrado pelo o homem, mas Deus consagrou nossa união, você era, é, e sempre será o meu eterno amigo, namorado, noivo e marido.

Ainda com as minhas mãos segurando as suas geladas, deitei minha cabeça em seu peito, exalando seu cheiro pela última vez.

— Vou pedir aos céus, você aqui comigo... — cantarolei

Fechei meus olhos sentindo a lágrima correr e molhar a sua roupa hospitalar. Foi quando senti algo.

Senti um leve aperto em minha mão, e logo os aparelhos começaram a se descompassar 

Eu não podia acreditar, seria coisas da minha cabeça? Ele.. Ele estava voltando a vida, estava voltando mesmo pra mim?

Levantei incrédula, e fiquei o fitando por segundos, mas não soltei, um segundo sequer a mão dele.

Patrick não teve reação nesse momento, os aparelhos se estabilizaram novamente e tenho certeza que era coisa da minha cabeça.

— Patrick???? — o chamei, não esperando resposta.

Primeira Dama II [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora