Incondicionalmente (Romance Gay)

17. Abusada

A água do rio cobre nossos corpos nus, ela estava gelada, porém agradável. Ainda estava em êxtase com aquilo tudo que havia acontecido, eu e Matthew temos uma conexão, uma intensidade, eu sinto isso. Ele é a única pessoa que eu sinto vontade de agarrar no meio de uma conversa, única pessoa que me fez sentir vontade de fazer sexo do nada. Nunca pensei que transaria com alguém como ele, encima de um cais de madeira acima de um rio, ao ar livre, ele me deixa louco de uma forma que não dá para explicar, de uma forma que ninguém nunca deixou, isso até chega a ser estranho, pois só sinto vontade dele.

           

Jogo água em meu rosto, lavando-o e depois passo a mão no mesmo para tirar a água de meus olhos e poder abri-los. Mesmo depois do sexo, eu me lembro do que Matthew havia me dito sobre o lugar, que lá é o lugar que ele costuma a visitar quando está se sentindo só, sozinho e na escuridão, aquilo não saia da minha cabeça, como um homem como ele poderia sentir isso? Um homem desejado pela maioria das pessoas, um homem cujo suas redes sociais eram cheias de pessoas que o seguia, onde ele passava chamava atenção, um homem que tinha tudo não era para se sentir assim.

Me aproximo dele, que está de costas para mim. Chego perto, colocando minha mão esquerda em seu ombro, enquanto ele olha para a água, sentindo minha mão encostando nele. Acaricio seus ombros rapidamente e logo digo:

- Eu não entendi aquilo que você disse – Ele continua quieto, olhando para frente – Que você costumava vir aqui quando se sentia só, sozinho, na escuridão...

Matthew continua olhando para frente, apenas me escutando.

- Sinceramente, você não parece ser um homem sozinho, um homem na escuridão! – Digo em tom baixo, acariciando sua nuca.

Ele segura minha mão, ainda de costas para mim, a puxa, me fazendo ficar mais perto dele e até nossos corpos se encostarem. Ele segura minha mão e leva até sua boca, beijando-a lentamente, até que ele se vira para mim, solta minha mão, ainda olhando para ela, ele levanta a cabeça para mim, me olha e com aquele olhar não sério, não feliz, ele me diz:

- Eu costumava vir aqui quando me sentia só, agora não mais! – Ele suspira – Eu me sinto diferente estando com você!

- Diferente? – Pergunto com o coração saindo pela boca.

- Não sei dizer! – Ele passa por mim, saindo da agua.

Matthew sobe no cais, anda por ele em direção a sua roupa, no mesmo lugar que eu tirei. Caminho pela água, em direção a fora da mesma. Saio por lá, com gotas escorrendo em meu corpo, enquanto Matthew veste sua cueca ali mesmo. Ele começa a vestir sua roupa, eu caminho em sua direção, enquanto ele coloca a calça e pega o cinto no chão, começo a fazer como ele, visto minha cueca. Vestindo a calça, olho para ele que está sentado colocando as meias e o sapato preto, então digo:

- Espero poder entender um dia... – Me sento ao seu lado e começo a colocar minhas meias.

Ele não diz nada, apenas olha para mim, ao mesmo tempo calçando os sapatos em seus pés. Percebo que nenhuma palavra iria sair de sua boca, então volto a colocar meus tênis e amarrar os mesmos.

Dentro do carro, em um clima silencioso, sem nós dois dizer uma palavra, ele me leva em direção ao colégio. Chegando lá, ele sai pelo carro, faço o mesmo. Coloco a mochila na costa e então ele me olha e diz:

- Vamos?!

- Não sei se eles vão deixar eu assistir a aula, estou um pouco atrasado!

- Eles vão deixar sim! – Ele diz afirmando com toda a certeza do mundo.