55. Voo

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Matthew já estava dirigindo há exatamente quinze minutos, quinze minutos e eu ainda estava surpreso, não acreditando que estávamos indo viajar, até olho para minha roupa e penso como eu iria para um aeroporto tão simples?

Chegamos no drive-thru de uma lanchonete e Matthew pede dois sorvetes italiano, que vinham em uma espécie de copinho azul, onde contém a massa do sorvete, uma cobertura de chocolate e pequenos pedaços de biscoitos crocantes de chocolate.

Depois de pegar os sorvetes e ele pagar, ele dá o sorvete dele para mim segurar, enquanto ele conduz o carro até uma vaga no estacionamento do estabelecimento que estava praticamente vazio.

Chegando lá, tomamos o sorvete enquanto ele me olhava e me surpreendia com beijos gelados, a mostra daquele sorriso que demonstrava o quanto ele estava feliz e eufórico e não posso dizer que estou o oposto, eu estou me contagiando com aquela alegria, aqueles lábios molhados por sorvete, o jeito que seus olhos me olhavam enquanto ele sorri, todos os detalhes de seu rosto e como ele é lindo desse jeito, sorrindo, animado, sorrindo a vida fazia mais sentindo, mais sentido que aquela vida triste que ele tinha, a tentativa de tentar gostar de algo que não tem como, a tentativa de tentar ser feliz da maneira errada, a tentativa de tentar se esquivar de quem ele realmente era e do nosso amor, nenhum de nós conseguimos fazer isso, tentamos nos esquivar, eu em alguns momentos que pensava que ele não dava a mínima para mim, ele na maioria das vezes, mas de alguma forma deixava escapar o seu sentimento, porém não por completo. Essa tentativa de tentar se esquivar não deu certo e estamos nós agora, tomando sorvete antes de ir para o aeroporto, nos sujando de calda de chocolate.

Algum tempo depois, ele conduz o carro em direção ao aeroporto enquanto eu tomo o resto do meu sorvete que ainda não acabou. No sinal da rua, encho a colher de plástico, me aproximo dele e levo a mesma até sua boca, Matthew abocanha a colher de sorvete, levando para dentro de sua boca e deixando a colher sem nada. Após isso, ele me dá um rápido beijo superficial, encostando nossos lábios gelados e logo após isso volta a dirigir.

Chegando no aeroporto, descemos do carro e Matthew encontra Marcos, seu Motorista que está parado no ponto de encontro que eles haviam combinado para ele levar o carro de volta. Matthew aberta o botão no carro para abrir o porta-malas e Marcos vai até lá e tira a minha mala e a de Matthew.

Saímos do carro, ficando na calçada e depois de Marcos colocar a segunda e última mala encima da calçada, Matthew entrega as chaves para Marcos que sorri e diz:

- Pode deixar senhor, eu vou levar o seu carro com segurança! – Ele diz.

- Obrigado Marcos! – Ele retribui seu sorriso.

- Tenham uma boa viajem! – Marcos diz olhando para Matthew depois para mim.

- Obrigado! – Digo com um sorriso de canto.

Vamos em direção a entrada do aeroporto, enquanto Marcos entra no carro.

Fizemos todo o processo do Voo e depois embarcamos, enfim estávamos nos céus escuros de Boston em direção a ilha de Tenerife, na Espanha, teremos uma longa viagem pela frente.

Eu pouco me interessava qual era a classe que eu iria viajar, mas chegando lá, vejo que não viajaríamos na terceira classe. Entro no espaço da primeira classe e percebo que apenas sete passageiros podiam estar ali, um casal está em suas poltronas e um homem sozinho com os fones no ouvido.

Sento-me em minha poltrona e Matthew se aconchega do meu lado, um espaço onde haviam só nós dois, eu nunca tinha visto isso em um avião em toda minha vida. Confesso que senti falta de alguma instrução, pois haviam tantos compartimentos para guardar coisas e tantos botões, que se fosse fuçar em tudo, acabaria perdendo alguns bons minutos até descobrir como tudo funciona. A poltrona possuía três posições padrões (sentado, reclinado e totalmente deitado), mas além dessas opções poderia ajustar todas as partes da poltrona do jeito que quisesse. Dessa forma seria fácil encarar as mais de 10 horas de viagem.

Com o avião ainda em solo antes da decolagem, a comissária ofereceu uma pequena porção de amêndoas, passas e amendoim, acompanhados de uma taça de champanhe e um copo d'água. Essa combinação deve ser o aperitivo de boas-vindas, eu estava achando tudo aquilo muito estranho, porém tentava parecer que era a coisa mais normal do mundo. Junto com este aperitivo foi oferecido também três opções de jornais. Nesse mesmo momento, a comissária que é bem-educada por sinal, ofereceu o menu e a carta de vinhos para que escolhêssemos o jantar dessa noite.

Cerca de duas horas após a decolagem, a comissária veio até nós novamente e montou a mesa para o jantar. É uma mesa grande, bem maior que as mesinhas dos poucos voos que tive em minha vida. A própria comissária se encarregou de abri-la e forrá-la com um pano. Logo após isso, ela trouxe um oshibori para limparmos as mãos. O jantar foi dividido em uma entrada quente, o prato principal, além da sobremesa.

O jantar inteiro estava muito gostoso, realmente me sentia jantando em um restaurante de excelente qualidade, sofisticado, no qual não era costumado a frequentar.

Depois do jantar e da comissária tirar a mesa, Matthew se inclina, meio virado para mim e fica me olhando, até que então, ele diz:

- O que achou do jantar?

- O que eu achei? – Olho para ele – Nem pareceu que eu estava em um avião! – Dou uma curta risada, baixo.

Ele dá um curto sorriso de canto, se aproxima segurando meu queixo e encosta seus lábios nos meus, sem pressa, fazendo movimentos curtos, um beijo rápido e suave.

Depois desse beijo, ele afasta seu rosto do meu aos poucos, acaricia meu queixo e diz:

- Durma um pouco! Porque amanhã nós vamos aproveitar muito! – Ele diz lançando um sorriso sincero.

Matthew solta sua mão levemente do meu queixo e depois de algum tempo olhando para algo indefinido no lugar, sem perceber, não estou sentindo a sensação de estar em um avião e acabo dormindo.



Incondicionalmente (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora