26. Á flor da pele

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No outro dia, no colégio, tento parecer normal, como se nada tivesse acontecido. Tudo que as meninas falavam na sala de aula, no intervalo, em qualquer momento, eu apenas concordava, mais nada, eu não conseguia me decidir de algo, decidir se eu iria voltar para o trabalho ou não, eu posso pedir as contas e sair dali antes que tudo piore, antes que meus sentimentos sejam mais feridos.

Acabando a aula, após dar tchau para as duas, elas vão a caminho de sua casa, enquanto fico parado na calçada da escola, pensando se eu iria ou não.

Uma parte de mim dizia para ir, eu não queria ser um covarde, me deixar como vencido por um sentimento, por mais que eu quase esteja, principalmente por Tatiane, ela vai se achar ao ficar sabendo que eu não estaria mais na empresa e também por Yoko, ela parecia gostar muito de mim e eu dela, não foi à toa que eu confiei nela e somente Yoko sabe do que houve entre eu e Matthew.

Ah, me decido ir! Eu vou, como se não tivesse acontecido nada, do mesmo jeito que agi hoje no colégio, só saio de lá agora se Matthew me demitir.

Atravesso a rua pela faixa de pedestres e vou até o ponto de ônibus do outro lado da rua. Hoje não havia tanta gente como sempre. Me sento e espero o ônibus chegar. Poucos minutos depois, o mesmo chega e subo, indo em direção ao trabalho, espero não encontrar Matthew Walker nos corredores da empresa hoje.

Chegando lá, passo pela porta e caminho sem olhar para o lado, sem olhar para a recepção, sem olhar para Tatiane, que ao me perceber, começa me olhar estranhamente e comenta algo com uma de suas colegas de trabalho. Subo pelo elevador, até que chegando no andar onde trabalhava, saio por lá e vou em direção ao setor. Chegando na porta dupla de vidro, encosto nela e passo por lá, registro meu ponto como sempre e vou me sentar em meu lugar.

- Bom dia Yoko! – Digo me sentando na cadeira.

- Bom dia! – Ela me olha – Animado para trabalhar?

- E como! – Digo sendo irônico.

Olho para Yoko, disfarçado e logo digo:

- Na verdade eu nem iria mais vir! – Aproximo meu corpo sentado para perto dela.

- O que? – Ela arregala os olhos – Está doido?

- Não, eu não estou doido!

Percebo que Yoko olha para o corredor que dava acesso ao banheiro e a copa, logo ela me olha rapidamente, disfarçando. Olho para a direção, onde ela estava olhando e vejo que é Matthew. Ele está em pé, ao lado do relógio de ponto, olhando em nossa direção. Logo disfarço e volto meu corpo para meu lugar rapidamente e ligo o computador para começar a trabalhar, Yoko faz o mesmo.

Percebo que Matthew vai até o gerente de projetos, setor ao lado de marketing. Eles conversam em pé, um pouco afastados do setor, dos outros colaboradores. Começo a trabalhar, fazendo meu trabalho como sempre, tentando não me preocupar com Matthew, com a presença dele no setor, estranho, porque ele raramente descia para os outros setores, ele passava o maior tempo do seu expediente em sua sala, é o que Yoko me disse uma vez.

Depois de conversar com o gerente de projetos e de apertar sua mão, ele para em meio ao corredor que separava as baias. Matthew me olha, até que sem perceber, olho para onde ele estava e dou de cara com seu olhar. Viro o olhar rapidamente para a tela do computador, até que ele caminha em direção ao setor, passa por trás de mim e vai até Juliana. Yoko olha para mim sem entender e logo volta a trabalhar, porém bem atenta com a situação.

Matthew chega perto de Juliana que está sentada. Ela se levanta e aperta sua mão. Juliana sorridente diz:

- Boa tarde senhor Walker, é um prazer ter você aqui em nosso setor!

Incondicionalmente (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora