50. Pesadelo

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Continuo olhado para a porta, até que largo minha tia aos poucos e ando com passos firmes em direção a ela. Eu iria entrar, era minha mãe que estava lá dentro e cada minuto pode ser fatal, pois Tatiane realmente está cumprindo o que ela disse, tudo o que eu estava temendo, está acontecendo...

Pouco passo dali minha tia me olha, ainda chorando enquanto Matthew corre atrás de mim e chegando perto, ele segura meu braço e diz:

- Alex, não vai! – Ele me puxa para sua frente – Ela está armada!

- Matt, é minha mãe que está lá dentro! – Digo me soltando da sua mão.

Matthew me olha, meio receoso e volta a dizer:

- Vai que acontece algo... – Matthew me olha preocupado - Eu não quero te perder! Eu te amo!

- Eu também te amo Matt! Mas eu não posso deixar minha mãe lá dentro! Tatiane pode a matar! Ela é louca!

- Eu vou! – Ele diz firme.

Olho para ele, ainda surpreso com sua reação, não esperando até que ele volta a dizer:

- Você fica aqui e liga para a polícia! – Ele diz certo do que estava falando.

Matthew dá as costas para mim e vai até a porta, entrando pela mesma vagorosamente. Fico olhando para ele e na minha cabeça passava que mais uma desgraça poderia acontecer, vai que faz algo com Matthew também, eu não iria me perdoar!

Olho para trás e corro em direção a minha tia, que ainda está chocada. Chegando perto dela, coloco minha mão no ombro, respiro forte e digo:

- Tia – Pego meu celular no bolso e entrego para ela – Liga para a polícia! Eu vou entrar para tentar achar minha mãe!

- Mas o Matthew já entrou! – Ela diz preocupada comigo – Não vá! Ela pode machucar você também!

- Tia, se você tivesse lá dentro, eu faria a mesma coisa! É minha mãe, é minha família! Eu vou entrar, eu sei onde mamãe deve estar escondida!

Dou as costas para minha tia, que segura o celular e diz:

- Cuidado Alex! – Ela diz com a voz tremula.

Caminho em direção a porta, subindo pela pequena escada até que passo pela porta. Lá dentro está tudo escuro, não conseguia ver quase nada, até que olho para trás e vejo a luz da lua entrando pela porta, iluminando uma parte do chão que já passei. Chego na sala, onde percebo que a mesa de centro de vidro está quebrada, os vidros esparramados no chão, e alguns livros da estante estão jogados no chão. Com cuidado, ando lentamente, olhando para todos os lados, cuidadosamente, passando pela sala, com medo, mas com coragem por se tratar da minha mãe, eu sei que ela faria a mesma coisa por mim.

Mamãe, em caso de alguma emergência, se esconderia dentro do banheiro, ela sempre dizia isso para todas as minhas tias quando estavam reunidas, se caso acontecesse algo, por exemplo, se alguém entrasse na casa, ela se trancaria no banheiro e deixaria a cópia da chave atrás de um livro rosa claro na estante e por ironia do destino, ele não estava caído no chão.

Vou até a estante, afasto o livro e pego a chave, ainda com o coração saindo pela boca, eu caminho pelo corredor ao lado da sala que dá acesso à o banheiro e os quartos da casa. Chegando em frente a porta do banheiro, me aproximo devagar e tento abrir a porta, que estava trancada, isso significava que minha mãe estava no banheiro e sem pensar duas vezes, coloco a chave na fechadura, giro a mesma e quando destranco, abro a porta rapidamente e me surpreendo... minha mãe não estava lá, apenas uma toalha estendida na porta toalha, que balançava pelo vento que vinha da janela meio aberta.

Ela não estava no banheiro, talvez tenha saído pela janela ou tenha trancado a porta para atrair a atenção de Tatiane ali e poder sair por outro lugar, não sei qual foi sua reação e seus pensamentos naquela hora, só sabia que tinha que achar ela e acabar com aquilo, a situação que eu estava mais temendo e não imaginava que fosse acontecer.

Sem fechar a porta, olho para trás e dou de cara com Tatiane. Não consigo enxergar seu rosto direito, só sei que consigo ver a esclera branca de seus olhos e algo no seu rosto que fez arrepiar a espinha. Tatiane, com a faca na mão tenta me apunhalar, eu desvio, correndo para o lado direito onde está a sala, Ela acerta a parede e logo depois, me olha com um olhar de fúria. Me viro, ficando em frente a ela, um pouco distante e andando de costas, ela se aproxima com a faca na mão, devagar e sem apontar a mesma.


- Achou que ia armar para mim e não aconteceria nada, não é? – Ela diz em um tom sério, de raiva.

Nunca tinha visto tanta raiva nos olhos de alguém como agora, ela estava desequilibrada, era capaz de qualquer coisa, e eu escapei de ter levado uma facada em meu pescoço por pouco, por enquanto, pois ela não parava de andar em minha direção com a faca com lamina afiada.

Ando de costas, dando uma olhada rápida para ver onde estava indo, até que Tatiane chuta uma mesa lateral que encima dela havia um abajur, que se quebra ao cair no chão. Ela continua indo em minha direção, me olha com aquele olhar exasperado, com a ira em seus olhos e atitudes, ela então diz:

- Achou que iria me ver ser presa e ficar com o Matthew felizes para sempre? Achou errado!

- Para com isso! – Digo tentando não me intimidar – Se você fizer alguma besteira ai sim vai ser presa!

- Quem é você para mandar eu parar de fazer alguma coisa? Seu filho da puta! – Ela diz com um tom de ira.

- Calma! Não vai fazer besteira! – Digo tentando fazer ela se acalmar, com minhas mãos na frente.

- De qualquer forma vou ser presa mesmo! Vamos acabar com tudo isso de uma vez por todas! – Ela diz em um tom sério.

Ela vem em minha direção, caminhando mais rápido, até digo:

- Olha, vá embora! Você pode ficar com o Matthew! – Digo tentando parecer convincente – Se é ele quem você quer, você vai ter! Só não faz besteira!

- Cala a boca! – Ela grita.

Após ela gritar comigo, é reproduzido um barulho de porta sendo fechada, Tatiane olha para trás, consequência do barulho então faço algo por instinto, pois sabia que ela não me deixaria sair dali sem fazer nada. Agarro seu pulso com minha mão, pulso da mão que ela segurava a faca e então começamos uma luta, eu tentando tirar a faca da mão dela e ela tentando ficar com a faca e me acertar se possível. Seguro seu ombro fortemente, enquanto com a outra mão, seguro seu pulso mais forte ainda, pois eu poderia ser acertado se deixasse ela escapar, é tudo ou nada.

- Me solta caralho! – Ela diz tentando ficar com a faca.

No meio dessa luta, seguro seu pulso da mão que segurava a faca, inclino minha cabeça e mordo seus dedos que segurava a faca, os tendões, e ela solta a faca gritando.

- Aaai – Ela grita após soltar a faca e segura sua mão.

Rapidamente, pego a faca do chão, me afasto dela e fico em meio aos sofás e a mesa de centro que estava quebrada. Aponto a faca para ela e digo:

- Vai embora! – Digo com a voz ofegante – Agora! – Grito.

Ela ri, olhando para baixo e depois de algum tempo, ela para, continua olhando para baixo e após isso, ela levanta a cabeça, me olha com o seu olhar que me dava arrepios e começa a gritar e corre em minha direção e sem conseguir pensar, tudo acontece rápido e ela me derruba no chão, encima dos cacos de vidro da mesa de centro quebrada. A faca cai do outro lado perto da estante de livros. Tatiane fica em cima de mim e começa e me enforcar com suas mãos, tento me manter firme e não desistir, mas não consigo tira-la de cima de mim e estava ficando sem ar, até que ela olha para o lado e avista um caco de vidro grande e afiado ao seu lado e não pensa duas vezes, ela para de me enforcar e rapidamente pega o pedaço de vidro e com as duas mãos, segura e tenta apunhalar meu peito e nesse mesmo momento, seguro o vidro, lutando pela minha vida, mesmo sentindo a dor de toda minha mão estar sendo cortada e o sangue caindo em meu rosto, aquilo estava sendo um pesadelo, minha vida toda passa pela minha cabeça, pela minha mente, eu estou certo que posso perder minha vida a qualquer momento se aquele vidro cravar em meu peito.

Incondicionalmente (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora