Helena fez o procedimento de sutura com toda a calma e paciência que uma médica poderia ter, e eu me senti culpada por ter estragado a noite dela com meu pai.
Mas eu não tive muita escolha.
Os cortes de Peter iam de seu braço, passavam pelo abdômen e peitoral e terminavam em seu outro braço, em três linhas paralelas — sendo as do abdômen piores do que as outras.
Enquanto Helena se concentrava em dar um nó em outro ponto, mandei uma mensagem para Ava pedindo que ela avisasse a tia May sobre o estado de Peter, e que eu só poderia dar notícias quando amanhecesse.— Você disse que Peter tem regeneração acelerada. — Murmurou Helena, sem tirar os olhos da linha e agulha em suas mãos.
— Sim. Normalmente, precisamos apenas de uma noite para a cicatrização. De vez em quando precisamos de duas.
— Então, passarei aqui para ver como ele está. Tudo bem se for 7h30 da manhã? Dependendo da cicatrização, eu terei que remover esses pontos.
— Claro.
Ela corta gentilmente a linha do último ponto e coloca os utensílios dentro da pequena bandeja que improvisei para ela. Ela novamente examinou os ferimentos e pela sua expressão suave, pude perceber que estava tudo bem.
— Bom, fiz tudo o que pude. Peter me parece um garoto forte, vai se sair bem — Ela volta sua atenção para mim — Agora, precisamos conversar.
Assenti.
— Não pude deixar de notar a máscara branca caída no chão — Ela aponta para a mesma e eu a pego sem nenhuma cerimônia — Então, você e o Peter são o casal de aranhas que protegiam a cidade.
Assenti, olhando para a máscara.
— O seu pai sabe?
— Sim.
— Ele sabe que Peter está aqui?
Balancei a cabeça, negando.
— Olha, Gwen, eu não quero mentir para o George. Mas a responsabilidade de contar que Peter está aqui é sua.
— Eu sei. — Minha voz sai baixa, impassível. Nunca me senti tão desconfortável.
Helena se levanta da cama e me dá um abraço rápido, porém apertado. Deve ter notado minha preocupação.
— Conte comigo para o que for, ok? — Assenti. — Quanto aos pontos, você tem que dar uma olhada de vez em quando e ver se não há nenhum sinal de infecção.
— ‘Tá bem.
— E se ele tiver febre, não hesite em me chamar. — Seu tom de voz era tão firme, que a única coisa que consegui fazer foi assentir com a cabeça.
Helena deu uma breve olhada para Peter, antes de se dirigir ao banheiro. Eu, por outro lado, decidi contar a verdade sobre Peter ao meu pai e desci as escadas, encontrando-o conversando calmamente com Lily. Expliquei a situação aos dois, e claro, tive que mostrar meu traje para uma Lily saltitante e levemente histérica.
Papai não gostou de saber que eu tinha escondido isso dele, mas não disse nada sobre Peter estar em meu quarto. Agradeci a ele e a Helena e pedi desculpas por ter estragado a noite deles.— Imagine, querida. Você fez certo em ter me pedido ajuda. — Disse Helena.
— Espero que dá próxima vez você me diga o que está acontecendo. — Balbuciou papai.
— Sim, pai.
Helena se despediu de mim com outro abraço rápido e tornou a repetir que voltaria de manhã para ver Peter. Lily decidiu ir com ela e disse que iria dormir aqui no dia seguinte, já que hoje não foi um bom momento para isso. Papai as levou em casa, o que me deu tempo para tomar um banho e me aconchegar na poltrona de meu quarto — ao lado de Peter — e ler um pouquinho de meu livro preferido.
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Spider-Gwen - Livro II
FanficDepois que os cidadãos de Nova Iorque acreditaram na suposta morte do Homem-Aranha, um novo herói aracnideo e uma ladra extremamente habilidadosa(e bonita) surgem, pondo em risco o relacionamento e os sentimentos que Gwen ainda nutre por Peter. O ca...