Capítulo 14: fim da linha

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23/02/2018 – sexta-feira 18:30pm

Playlist: https://goo.gl/D3DgeJ 

As notícias sobre o roubo não cessam e a polícia ainda tem esperanças de encontrar pistas dos suspeitos mesmo após quarenta e oito horas e nenhuma impressão digital encontrada. Tudo que tinham sobre os outros assaltantes eram os retratos-falados feitos pelos reféns. E continuaria sendo assim pois Rio fez um ótimo trabalho apagando as identidades de seus companheiros dos arquivos policiais.

Raquel continuava dando todas as informações que lhe solicitavam, mas mesmo assim podia sentir o clima de desconfiança cercando-a. Depois de anos de um trabalho impecável ter sua credibilidade posta em cheque por mera implicância do Coronel Pietro já estava fazendo com que ela perdesse a paciência.

A gota d'água foi quando ele pediu para revistar sua casa e recolher seu computador pessoal mais uma vez para confirmar que ela não estava em contato com os suspeitos. Perdendo a paciência ela jogou sua credencial em cima da mesa do Coronel dizendo:

- Pra mim chega! Eu permiti que você grampeasse meus telefones, fuçasse meu computador pessoal, colocasse câmeras ao redor da minha casa e seilá mais quantas atitudes invasivas sem nenhum real motivo plausível. – Exasperou-se.

- Quem não deve, não teme, Inspetora. – O sorriso de escárnio era evidente em seus lábios, deixando-a enojada.

- Eu não concordo com a forma como essa investigação está feita desde o começo e não quero mais fazer parte dela. Já provei de todas as formas que me envolvi com Sergio Maquina inocentemente e que não participei de nada. Eu não devo nada para ninguém e por isso mesmo não vejo porque devo ter minha privacidade invadida novamente. – explicou-se tentando manter um tom de voz calmo e racional.

- Se não quiser colaborar com essa investigação, também não fará mais parte de nenhuma investigação. É isso que você quer? – provocou ele unindo as mãos sobre a mesa com um olhar cortante.

- Se é assim, prefiro entregar meu cargo. Até porque não aguento mais trabalhar com alguém que faz questão de me colocar trabalhar com meu ex-marido agressor.

Raquel você está louca? Você tem uma filha para criar e está se demitindo? – Seu cérebro tentou avisar, mas a emoção era forte demais para ser ignorada e trabalhar com homens que não suportava por um salário meia-boca não valia a pena. Sua saúde mental era mais importante no momento, então colocou sua arma e seu distintivo em cima da mesa dele.

- Está se demitindo, Inspetora? Sabe que isso vai soar como se admitisse culpa na fuga dos assaltantes, não sabe?

- Pense o que quiser. – Ela disse simplesmente e deixou a sala dele com a cabeça erguida e a consciência tranquila de quem sabia que não devia nada para ninguém.

Ela buscaria agora um emprego no qual se sentisse bem e que permitisse que ela visse sua filha crescer, algo que este não estava permitindo. Sabia que devia estar preocupada, afinal não se joga uma carreira no lixo sem ao menos sentir uma enxaqueca, mas no fundo ela estava se sentindo livre, como se estivesse soltando amarras que a prenderam por tempo demais.

O que ela não sabia é que ao mesmo tempo em que entrava no seu carro satisfeita por estar indo para casa num horário no qual sua filha estaria acordada para recebe-la, há poucos quilômetros de distância Sérgio lia seu e-mail e enchia seu coração de esperanças. Sorriu para a tela do computador como um adolescente apaixonado, mas precisava ser rápido porque ele havia dito para os outros que eles não deviam entrar em contato com ninguém por enquanto e ele estava contradizendo suas próprias regras. Respondeu então rapidamente antes que alguém entrasse ali no escritório:

Você não imagina como fico feliz em ver que você me respondeu. É claro que eu amo você. Mas não posso revelar onde estou. Não por você, mas você é uma policial, Raquel. Não quero que você tenha problemas por minha causa. (Mais do que já teve.) Por enquanto saiba apenas que não haverá um dia em que eu não pensarei em você até que possamos nos ver novamente.

Enviou o e-mail e colocou novamente na tela do servidor das câmeras. Enquanto isso Nairóbi contava a todos sobre a paixão do professor pela inspetora enquanto preparavam o jantar daquela noite. Helsinque preparava uma sopa típica de seu país com ajuda de Mônica que fatiava os legumes para acrescentar ao caldo. Denver ficou responsável pela trilha sonora que era escassa e composta por alguns cds velhos então optou por uma coletânea de maiores sucessos do Guns n' Roses que se provou unanimidade entre todos.

Enquanto cantavam juntos o refrão de Paradise City o professor saiu do escritório e observou alegre a união deles naquele momento e não interrompeu, apenas sentou-se no sofá e observou o quanto se divertiam e riam de Rio que dublava a música como se fosse Axl Rose e Denver que tocava uma guitarra imaginária.

- Que música é essa? – perguntou Helsinque confuso.

- Em que planeta você tem vivido? – Mônica riu jogando os legumes dentro da sopa dele. Ele deu de ombros, não ligando para o comentário dela.

Quando a música terminou todos aplaudiram a performance de Rio e Denver voltando para as taças de vinho enquanto aguardavam a refeição ficar pronta.

- Aceita uma taça, Sérgio? – perguntou Tóquio, já segurando a garrafa e uma taça de plástico desmontável.

- Sim, por favor. – ela o serviu e não perdeu a oportunidade de citar a fofoca de Nairóbi.

- Quer dizer então que quase fomos descobertos por causa do seu romance com a Inspetora? – ele fitou Nairóbi com um olhar julgador.

- O que? Não sabia que era segredo. – Ela deu de ombros, sentando-se numa poltrona com as pernas abertas.

- Eu não revelei nada a Raquel. – respondeu simplesmente. – Mas sim me apaixonei por ela e ela descobriu quem eu era. No entanto ela está do nosso lado. – garantiu por fim.

- Está dizendo que contou a ela onde estamos? – Tóquio quis saber com visível irritação.

- É claro que não! Eu confio nela mas ela ainda é da polícia. Não estou em contato com ela, nem pretendo revelar onde estamos.

- Mas pretende encontra-la quando sairmos daqui, não é? – Nairóbi deu um sorriso malicioso encarando-o.

- Pretendo. – confessou timidamente. – Isto é, se ela ainda quiser me ver.

- E não é que o professor está apaixonado mesmo. – debochou Tóquio sentando-se ao lado dele e colocando a mão no ombro dele. – Quem disse mesmo que não deveríamos nos envolver? – provocou falando no ouvido dele e todos riram.

- Você está se divertindo com isso, não está Srta. Tóquio? – comentou num tom calmo sem se deixar levar pela provocação.

- Muito. – ela confessou largando a taça na mesinha de centro e inclinando-se contra o sofá com as mãos entrelaçadas atrás do pescoço.

- Denver vamos dedicar uma música para o professor. Coloque a faixa 14 por favor. – disse Rio num tom de mistério e Denver riu ao conferir qual era a faixa citada.

O professor ajeitou os óculos e cruzou os braços sorrindo timidamente quando eles começaram a interpretar Patience olhando para suas respectivas namoradas e mais uma vez todos começaram a cantar juntos olhando para o Professor que acabou cedendo e entrando na brincadeira. Era engraçado pois eles passaram cinco meses juntos antes disso, mas ela a primeira vez em cinco meses que eles se sentiam como uma verdadeira família. 

 

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