Capítulo 66: Novos rumos

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19 de agosto de 2018

Nairóbi acordou bem cedo, vestiu a camisa de Javier e foi até a cozinha preparar um café bem forte para tomarem juntos. Ela sempre acordava antes, afinal ele tinha praticamente só os finais de semana para dormir além da conta e sempre gostava de aproveitar. Aquele seria o último final de semana que teriam juntos na casa dele como um casal. Depois de muitas horas de aula de voo, praticamente morando com Javier para facilitar a logística até o curso, ela praticamente havia esquecido que em breve estariam a quilômetros de distância. Quando se deu conta disso largou a xicara de café no criado mudo e voltou a se esgueirar sobre ele na cama, beijando seu peito nu e inspirando profundamente seu perfume que misturava sabonete e loção pós-barba.

- Bom dia pra você também. – ele resmungou suspirando ainda com os olhos fechados e um sorriso nos lábios. Puxou-a para um abraço derrubando-a e deitando sobre ela, então se dando conta de seu semblante preocupado.

- Porque essa cara? – inquiriu franzindo a testa.

- Porque esse é nosso último final de semana juntos. – explicou com um sorriso triste.

- Último não. Já disse que onde você for eu dou um jeito de ir te ver. – garantiu com tanta veemência que a emocionou. Era a primeira vez que era tão bem tratada por um homem e não conteve as lágrimas. – Shh não chore. – ele sussurrou dando-lhe beijos suaves pelo resto, escorregando pelo pescoço e antes que chegasse aos seios, ela puxou o rosto dele.

- Não temos tempo pra isso. – Levantou-se, sentando na cama e pegando a xicara ao seu lado. – Tome seu café antes que esfrie.

- Vai ser estranho acordar sem você. – confessou, assoprando o liquido fervente.

- Eu te amo, sabia? – confessou mordendo os lábios pois não era sempre que declarava suas emoções assim tão abertamente.

- Não me olhe assim. Eu não vou morrer. – Riu acariciando a bochecha dela e ela pôs sua própria mão sobre a dele.

- Eu sei.... Acho que não estou acostumava a ser feliz e tenho medo de acordar a qualquer momento. – Suspirou resignada.

- Se é um sonho estamos sonhando juntos. – Selou os lábios dela com um beijo suave. E aliás... – completou em seguida. – Também amo você.

Tomaram um café juntos e ela vestiu-se para ir buscar seu diploma de conclusão do curso. Finalmente ela era piloto formada, um sonho que tinha há anos e agora realizava graças a um roubo. Gostava de pensar que Deus escreve torto por linhas certas e que embora a forma como conseguiu aquele dinheiro não havia sido honesta faria de tudo para que ele fosse usado somente para coisas benéficas para si e para as pessoas que amava. Já havia feito uma doação de um milhão em nome de sua mãe, dizendo que ela havia ganhado na loteria. Sabia que ela sempre jogava, às vezes esquecendo os números dos bilhetes então aproveitou essa desculpa para fazer uma doação anônima. Sabia que ela era orgulhosa demais para aceitar o dinheiro se soubesse que vinha dela, mas precisava ajuda-la. Quem sabe assim ela se livraria de seu padrasto inútil que além de enche-la de chifres, estava sempre desempregado.

Ao fim do dia enquanto voltava para aquele lugar que foi seu lar nos últimos meses não imaginou pelo silencio de Santiago que uma festa de comemoração a esperava no apartamento dele.

- Parabéns para nossa pilota de fuga! – gritaram aos risos erguendo taças de champanhe assim que ela chegou. A surpresa até a fez esquecer que estava chateada porque se afastaria de Javier.

- Poxa, vocês podiam ter me avisado para eu me arrumar, não? – reclamou de forma divertida.

- Deixa eu ver a carteirinha. – pediu Denver com animação e ela tirou da bolsa entregando a ele.

- Senhorita Alba Flores está oficialmente autorizada a pilotar aviões particulares. – exclamou com orgulho da amiga.

- Agora você não vai ter desculpa para não nos visitar hein? – ameaçou Tóquio com um sorriso.

- Vocês acham que quero levar vocês porque? Vocês vão cansar da minha visita. – garantiu enquanto pegava uma taça das mãos do Professor.

- Sempre será um prazer recebe-la Srta. Nairóbi. – comentou o Professor com um olhar amigável. Ele sempre teria um lugar especial no coração dela, assim como todos eles, com todas suas qualidades e defeitos. Amava todos eles, não podia negar.

- Eu sou louca se disser que vou sentir falta de morar com todos vocês? – comentou Tóquio com certa timidez e Rio a abraçou rindo.

- Também vou sentir falta de vocês. – concordou Mônica.

- Eu só não vou sentir falta de ter que dormir ouvindo vocês transando. – reclamou Helsinque e todos gargalharam.

- Vamos torcer para que na próxima morada de nosso amigo Helsinque, ele só ouça sons de sexo que ele esteja participando. – afirmou Nairóbi aos risos.

- Um brinde a isso. – Denver ergueu a taça soltando sua característica risada e todos o acompanharam.

- Eu acho que essa comemoração não seria adequada, sem trilha sonora, não acham? – sugeriu Santiago já conectando seu celular no Spotfy e ligando as caixas de som.

- Acho uma ótima ideia. – concordou o Professor.

- O que vocês querem ouvir? – perguntou Santiago.

Todos se olharam com um sorriso cúmplice enquanto uma versão animada de Bella Ciao ecoava pelos quatro cantos do apartamento e todos cantavam, dançavam e bebiam juntos. Era a última festa deles ali com Santiago. Os meses que tanto temeram passar juntos haviam passado rápido demais e agora já sentiam falta daqueles momentos que antes eram chamados de prisão domiciliar.

 Os meses que tanto temeram passar juntos haviam passado rápido demais e agora já sentiam falta daqueles momentos que antes eram chamados de prisão domiciliar

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