Capítulo 28: Serendipidade

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Assim que Rio deixou o escritório seguiu para o quarto ignorando os outros que assistiam televisão e bebiam cerveja tagarelando trivialidades do tipo: de quem era a vez de lavar a louça ou usar a máquina de lavar. Ele havia pedido um notebook para uso próprio na lista de necessidades semanais porque ele não tinha como fazer os ajustes dos próximos passos do plano de fuga se tivesse apenas uma hora ou duas disponível do computador para compartilhar com outra meia dúzia de pessoas.

Então enquanto estava concentrado digitando sentado na cama, Tóquio entra no quarto com cara de poucos amigos cruzando os braços e já dizendo:

- Não gostei desse seu último requisito. Computador no quarto não é uma boa ideia.

- Porque não? – perguntou delicadamente fechando o notebook e fitando-a curioso.

- É uma distração. É como ter uma tv no quarto, é o fim do sexo. – Sentou-se ao lado dele com um olhar de repreensão.

- Acha que não tem sido satisfatório nos últimos seis meses? – perguntou inconformado, colocando o notebook no chão, embaixo da cama para não pisar em cima dele.

- É claro que sim. Mas não tínhamos uma distração no quarto? – queixou-se ela.

- Que distração? Eu fechei assim que você entrou. – ralhou girando na cama para sentar de frente pra ela.

- Porque eu reclamei. Eu sei que você estava louco para passar a noite mexendo nesse computador como fazia na casa em Toledo. – provocou ela.

- E como eu fazia lá, estou resolvendo assuntos do nosso interesse. Não só meu e seu, mas de todos nós aqui dentro. Eu achei um cara que faz passaportes falsos impecáveis. Só precisamos mandar nossas fotos e informações. E o dinheiro claro.

- É mesmo? E quanto isso vai nos custar? – Seu foco de interesse mudou agora.

- Isso realmente importa? – Ele deu de ombros.

- É... Pensando bem, não. O importante é sairmos desse buraco livres e ricos. – Ela se sentou nas pernas dele, colocando as mãos em torno de seu pescoço.

- Ricos não. Milionários. – corrigiu ele.

- Sabe o que eu estava me lembrando agora? – comentou ela, mexendo no cabelo dele.

- O que?

- Que conversa você teve com Berlim que o fez deduzir que ele tinha filhos? – perguntou com evidente curiosidade.

- Logo que nos primeiros dias do assalto ele me chamou para uma conversa "séria" perguntando quais minhas intenções com você.

- O que? – ela riu. – Porque? Que interesse ele tinha nisso? – quis saber com visível surpresa.

- Ele quis "me aconselhar", - explicou fazendo o sinal de aspas com as mãos.

- Já imagino o tipo de conselho. – ela suspirou.

- Sim, eu disse que nosso relacionamento pra mim era sério. Do tipo casar, ter um ou dois filhos e ele riu e disse que você era quinze anos mais velha que eu. Que eu não devia ter esse tipo de planos com você, que devia apenas me divertir.

- E ainda por cima aumentou minha idade! Eu pareço ter trinta e cinco anos? – indignou-se.

- De tudo que eu disse essa parte foi a incomodou mais? – surpreendeu-se ele sorrindo.

- Eu não esperava nada diferente vindo dele. Isso ai é despeito porque eu não quis ele. – garantiu com um olhar triunfante.

- Ah é? Berlim tentou alguma coisa? – ergueu uma sobrancelha interessado.

FANFIC - Bella Ciao (La casa de papel Fanfiction)Onde histórias criam vida. Descubra agora