Capítulo 54: Planos para o futuro

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O Professor conversou com Santiago e estabeleceram que terça e quarta-feira seriam os dias que eles poderiam ir até o bar e obviamente não todas as semanas. Santiago também tinha novidades: comprou walkie-talkies de longo alcance para se comunicar com o Professor fora dos horários estipulados de saída.

Mas para Rio interessante mesmo era a conversa que haviam deixado para trás enquanto negociavam o passeio livre: bebês.

Tóquio passava hidratante em suas pernas sentada na cama quando ele resolveu largar a revista que lia para fita-la.

- Amor. – chamou.

- Sim? – indagou sem olhar para ele e sem parar o que fazia.

- Você realmente nunca pensou em ter filhos? – Tóquio parou e deu um longo suspiro, levantando-se e largando o pote de creme sobre a escrivaninha.

- Aníbal... – começou sentando-se ao lado dele na cama e pegando em sua mão. – Você tem que entender que crescemos em mundos diferentes. Provavelmente nem teríamos nos conhecido se não fosse pelo Professor. – Deitou no ombro dele.

- Eu sei, e vou ser sempre grato a ele por isso. – Puxou o rosto dela para dar-lhe um beijo. – Mas o que isso tem a ver com o que perguntei?

- Tem tudo a ver! – afirmou apaixonadamente. – Eu nunca pensei em ter filhos porque eu nunca tive uma rotina familiar de comercial de margarina. E a minha vida adulta bem.... Você já sabe... – resumiu. – Eu nunca pensei em trazer uma criança para essa bagunça.

- Mas agora é diferente. Você não precisa ter medo. Temos dinheiro e podemos ter uma vida sossegada sem nos colocar em risco. – argumentou ele com um olhar todo esperançoso que a cativava.

- Não preciso? Não podemos nem usar nossos nomes, somos procurados. E ao mesmo tempo pela primeira vez na vida eu tenho dinheiro. Eu quero conhecer o mundo, quero me divertir, e quero fazer tudo isso com você. Não estou pronta pra dividir você com ninguém ainda. – disse um tanto envergonhada por soar egoísta.

- Tudo bem. – sorriu tocando o rosto dela. – Eu não estou dizendo para termos filhos agora. Mas algum dia eu gostaria de ter uma casa cheia.

- Eu nem imagino como deve ser isso. – confessou sinceramente. – Não tive muito contato com bebês desde que eu mesma fui um.

- Podemos treinar com o bebê de Mônica e Ricardo, aí você vê como se sente a respeito. – respondeu ele.

- E se eu nunca quiser um bebê? – Mordeu o lábio, encarando-o de maneira nervosa. Rio a olhou com um longo suspiro, vendo o quanto ela se sentia insegura a respeito daquela conversa toda.

- Então eu vou ter que me conformar, porque eu não quero ter filhos com ninguém além de você. – afirmou com tanta veemência que a emocionou. Então ela sentou-se no colo dele, com uma perna de cada lado de seu quadril, abraçando-o com seu corpo todo e beijando seu ombro. Depois de um tempo em silêncio apenas ouvindo o som da respiração dele e sentindo-o acariciar suas costas ela disse:

- O que eu fiz para merecer você?

- Olha, você não é nada mal no boquete. – sussurrou no ouvido dela rindo e ela não segurou o riso também.

- Ah cara a boca... – Bateu no ombro dele.

- Mas falando sério, quando você vai me contar o que escreveu na carta para os meus pais mudarem de ideia sobre você? Com certeza foi algo muito bom. – instigou ele levantando uma sobrancelha.

- Eu disse que nunca vou contar. – Ela se aproximou mordendo o lábio dele. Naquela noite enquanto ela dormia, ele não parava de pensar naquela conversa então resolveu levantar e pegar seu computador para escrever um e-mail para sua irmã já que tinha certeza que ela já estava dormindo aquela hora.

"Oi Ângela

As coisas tem sido meio corridas por aqui e acabei não escrevendo para vocês. Como estão os nossos pais? E você como está a faculdade? Está namorando alguém?

Por aqui as coisas estão se encaminhando para o fim dessa prisão domiciliar, mas não é sobre isso que quero falar com você.

Tive uma conversa com Silene hoje que me fez pensar novamente sobre aquela carta que ela disse que escreveu para vocês. Ela disse que nunca vai me contar, mas se ela escreveu algo tão bom ao ponto de fazer nossos pais mudarem de ideia eu preciso saber.

Hoje ela me disse que talvez nunca queira filhos, que não quer me dividir com ninguém e eu não sei se isso é porque ela nunca teve uma família de verdade ou se ela realmente não quer. E eu não tenho como saber porque se tem algo em que ela é muito boa é esconder o que ela realmente sente.

Enfim se você puder me dar ao menos uma pista do que ela escreveu nessa carta, eu juro que compro pra você o que você quiser. (E juro que não conto pra ela que você me contou.)

Enfim, estou com saudades, espero que não demore muito até que possamos estar todos reunidos de novo.

Um beijo do seu irmão."

Quando terminava de desligar o computador ouviu Tóquio resmungar ainda com os olhos fechados:

- Desliga essa coisa e vem dormir. Estou ouvindo você digitar.

- Desculpe. – Inclinou-se para beijar a cabeça dela. – Eu estava olhando se aquela ilha que gostamos ainda está no mercado. – O que não era uma mentira, ele realmente estava com a página de venda aberta.

- E está? – Ela virou-se e abriu os olhos de repente interessada. Rio fechou o laptop e o colocou no chão ao lado da cama, deitando-se de frente para ela.

- Está. – Sorriu. – Se isso não é um sinal, não sei o que é.

- Talvez seja um sinal de que o preço está muito alto. – considerou.

- Isso não é problema para nós. – gabou-se.

- O que não significa que vamos sair esbanjando. – advertiu ela. – Agora vamos dormir, sim? – Ela aconchegou-se no peito dele e logo já estava em sono profundo novamente. Com filhos ou sem filhos, a verdade é que não havia outro lugar melhor para estar, que nos braços dela.

 Com filhos ou sem filhos, a verdade é que não havia outro lugar melhor para estar, que nos braços dela

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