Capítulo 47: O beijo

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Assim que Nairóbi entrou na varanda e fechou novamente a porta, Javier disse:

- Anna, preciso atender outra ligação, sim? – e desligou. Nairóbi fez questão de manter as cortinas do lado de dentro bem fechadas conforme estavam antes e se aproximou dele oferecendo a taça.

- Obrigado. – agradeceu ele.

- Estava falando com uma paciente? – perguntou ela com curiosidade.

- Sim, uma paciente hipocondríaca que estava me alugando há uns vinte minutos. – reclamou. - Obrigado por servir de desculpa para desligar. – brincou com um sorriso digno de tremer as pernas.

- De nada, afinal eu também sou uma paciente, como você mesmo disse. – instigou, debruçando-se sobre o parapeito da sacada com um olhar pensativo.

- No que está pensando? – quis saber ele, sorvendo um gole da bebida em sua mão.

- Na nossa última conversa. – instigou.

- Qual parte? – perguntou com um sorriso.

- A parte em que você me ofereceu um cigarro. Não teria um hoje? – ergueu uma sobrancelha e virou-se de frente para ele. Os dois trocaram um sorriso cúmplice. Javier tirou uma carteira do bolso e colocou um cigarro nos lábios dela, acendendo-o com o pequeno isqueiro que mantinha na carteira de cigarros. Nairóbi deu uma longa tragada e jogou a fumaça para o alto.

- Bonito vestido. – elogiou, referindo-se ao vestido vermelho e justo que deixava suas costas nuas.

- Melhor que a camisola com a qual você está acostumado a me ver, não? – disse com uma voz sarcástica.

- Com certeza. – riu. Além de um corpo bonito, ela também tinha senso de humor e era difícil lembrar que aquela era a mesma pessoa procurada pela polícia. Como se lesse seus pensamentos ela disse:

- Sabe, tecnicamente eu não sou procurada. Meu rosto nunca foi descoberto.

- Mas os retratos-falados feitos com base no depoimento de Arturo Román chegaram bem perto. – garantiu ele.

- Arturito... Arturito... Berlim deveria tê-lo matado no primeiro dia. – suspirou irritada. – E olha que eu não sou a favor de violência. – Tratou de redimir-se rapidamente.

- Tem medo que eu pense mal de você por desejar a morte de alguém? – perguntou com interesse, acendendo um cigarro para si mesmo.

- Eu não tenho medo de nada. – afirmou com veemência. – Porém eu não gostaria que você pensasse mal de mim. – acrescentou movendo-se para apagar o toco de cigarro no cinzeiro em cima da mesinha de centro.

Javier observou como ela movia os quadris ao andar e o balanço dos cabelos ondulados com o vento e sem perceber deve ter encarado por tempo demais pois quando saiu do transe, ela riu e perguntou:

- O que está olhando? – sentou-se na cadeira em frente a ele, que continuava de pé, com uma sensual cruzada de pernas.

- Nada. – gaguejou. – Essa champanhe está deliciosa, vou buscar mais um pouco. – Você gostaria? – ofereceu educadamente.

- É claro. – disse com um sorriso muito amistoso. Javier saiu e pegou uma garrafa inteira de champanhe dirigindo-se à varanda novamente. Santiago o fitou com um sorriso de escárnio que ele ignorou prontamente. Quando abriu a porta, Nairóbi havia retirado os sapatos e esticado as pernas sobre a mesinha. Assim que o viu, ela recolheu as pernas, cruzando-as novamente.

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