Capítulo 100: Revelações

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Santa Cruz de Tenerife - Espanha

Aproveitando que está cada vez mais próxima de Axel e sua família Nairóbi resolve aproveitar um almoço com eles para revelar aos pais adotivos do menino quem ela realmente é. Enquanto ele brinca na piscina com o amigo Pablo, o qual ela também está dando aulas, os adultos fecham a porta de vidro para conversar. As mãos dela estão frias e suadas e Javier as acaricia tranquilamente dando-lhe um sorriso.

- Para que tanto mistério, Alba? – questionou Dolores, também conhecida como mãe de Axel. – Se é sobre a festa de Axel, entendo que vocês não queiram um bando de crianças correndo aqui. Esse menino tem cada ideia.

- Não, muito pelo contrário. Vamos adorar fazer a festa aqui. – apressou-se em corrigi-la. – Eu e Javier adoramos crianças.

- Inclusive por mim já poderíamos ter uma nossa a caminho para correr nessa grama – sugeriu Javier com um sorriso que a fazia tremer.

- Então de que se trata? – insistiu Dolores com ar curioso.

- Mulher, deixe ela falar – Jorge tentou acalmar a esposa. Nairóbi sentou-se no sofá e Javier sentou-se ao lado dela. Apoiou o braço nos ombros dela enquanto ela respirava profundamente antes de falar.

- Eu preciso ser honesta com vocês – começou ela. – Vocês são ótimas pessoas e mais que os pais de Axel eu os considero bons amigos em todos esses meses que temos convivido.

- Nós também a consideramos mais que a tutora de nosso menino, Alba – concordou Dolores.

- Eu sei. Por isso mesmo eu preciso contar uma coisa que não aguento mais guardar aqui dentro – pousou a mão sobre o peito, segurando o choro.

- Você está nos deixando preocupados, Alba – Jorge deu um sorriso sem graça.

- Não foi por acaso que eu me aproximei de Axel – explicou com cautela.

- O que quer dizer com isso? – Jorge enrugou a testa com ar desconfiado.

- Eu não sei fazer rodeios então vou dizer de uma vez. Sou a mãe biológica dele. – Pronto ela havia falado finalmente e era como se instantaneamente um peso tivesse saído de seus ombros.

- O que? Não é possível! – Dolores colocou a mão sobre os lábios em choque. – Nos garantiram que ele não tinha mãe, que poderíamos adota-lo e...

- Eu levei muito tempo para descobrir o endereço de vocês. Não permitiam que eu o visse ou soubesse dele. Eu precisei mudar de nome por causa disso – explicou ela calmamente.

- Certamente deveriam ter seus motivos para não permitir que você o vissse. – Jorge vociferou desconfiado.

- Eu errei sim, mas errei porque estava sozinha e não vi outra forma de alimentar a mim e ao meu filho – ela desabou em lágrimas. – Eu sou uma pessoa diferente agora. – Javier a puxou para seu ombro e limpou seus olhos.

- Calma, meu amor – sussurrou ele.

- E o que você quer agora? Quer ele de volta? Quer tirar ele de nós? – questionou Dolores preocupada.

- Ela não pode fazer isso – afirmou Jorge. – Nós que o criamos todo esse tempo.

- Não! Eu não teria ficado amiga de vocês se quisesse rouba-lo de vocês – explicou, tentando soar mais calma. – Eu sei que vocês são os pais dele, ele admira vocês, respeita vocês. Eu sou apenas a professora legal – disse com pesar.

- Porque está nos contando isso então? – quis saber, Dolores.

- Porque eu quero contar a verdade a ele. E quero que vocês me permitam compartilhar a guarda dele. Eu não vou lutar por ele na justiça, nem nada disso. Eu só quero participar da vida dele e tentar recuperar o tempo que perdi.

- Talvez a recepção não seja o que você espera. Ele era muito pequeno, não lembra de você – comentou Jorge.

- Eu sei. Por isso me aproximei dele sem revelar quem eu era. Assim como fiz com vocês também. Eu ainda sou a mesma pessoa. Vão me odiar por querer ter contato com o meu filho? – questionou ela de maneira humilde.

- Não seja boba, Alba. Não odiamos você. Mas você nos pegou de surpresa – respondeu Dolores enquanto Jorge apenas massageava as têmporas com ar preocupado.

- Bem, não podemos impedir você de ver o menino, ele gosta de você, gosta de suas aulas. Porém também não podemos obriga-lo a aceita-la como mãe – comentou ele finalmente.

- Eu estou ciente disso. Sei que ele pode me odiar quando souber, mas eu estou disposta a correr o risco. Já perdi alguns anos da vida dele e não quero perder mais. Mas se ele me aceitar eu quero saber que continuo tendo o respeito e o apoio de vocês. Eu sou muito grata a vocês por terem sido os pais que ele merece ter. Jamais afastaria ele de vocês – garantiu ela e os dois agradeceram emocionados.

- Bem... Nós que temos que agradecer a você por ter colocado esse menino maravilhoso no mundo. – Dolores se levantou e tocou a mão de Nairóbi gentilmente. – Posso te dar um abraço? – ela perguntou de repente, para surpresa de todos ali presentes.

Nairóbi se levantou e as duas se abraçaram em lágrimas e então Dolores segurou o rosto dela dizendo:

- Esse menino tem muita sorte de ter duas mães que o amam tanto.

- O que está acontecendo aqui? Porque vocês estão chorando? – questionou Axel num rompante abrindo a porta de vidro.

- Não é assunto de criança, volte a brincar – Jorge o fez correr dali de forma divertida e assim que o menino se afastou virou-se para a esposa:

- Recomponham-se ou as crianças vão fazer mais perguntas. Eles não são bobos. E você Javier, é o pai de Axel?

- Não, mas bem que eu gostaria – ele riu. – Eu e Alba nos conhecemos no ano passado e ela só falava no quanto queria reencontrar esse filho - garantiu.

- Bom, vocês já provaram que são boas pessoas e é isso que me importa. Se você continuar sendo uma boa influência e nos permitir continuar sendo pais dele eu não me importo em dividir ele com você – resolveu Jorge com um tom amigável.

- Fico feliz que você pense assim Jorge. Eu realmente gosto muito de vocês dois e não só porque eu queria me aproximar de Axel. Quero continuar sendo amiga de vocês – frizou ela.

- Como poderíamos não ser? Temos um filho para dividir agora – Jorge fez a piada meio sem jeito e os quatro caíram na risada.

- Já pensou em quando vai contar a ele? – perguntou Javier.

- Pensei em contar depois do aniversário dele, por isso seria interessante se fosse aqui. Eu estou preparando uma surpresa.

- Neste caso está resolvido que a festa será aqui então. Não sei vocês, mas depois dessa conversa eu preciso de uma cerveja – comentou Jorge e Javier concordou. Logo o clima voltou a ser de descontração e eles voltaram para a piscina com as crianças.

 Logo o clima voltou a ser de descontração e eles voltaram para a piscina com as crianças

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