Lista negra

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Angelique Beaumont

Olhei no espelho pela vigésima vez e deslizei as minhas mãos pela saia plissada azul marinho para que ficasse bem arrumada.

Verifiquei-me de que as minhas duas meias estivessem esticadas até a mesma altura perto dos meus joelhos e depois prendi o meu cabelo com as minhas mãos para decidir se vou com ele solto ou preso...

Resolvi que iria com ele meio preso. Eu sempre faço isso quando estou indecisa.

Peguei a minha mochila, dependurei uma alça no meu ombro e me apressei para descer.

Quando saí pela porta principal da casa o Christopher já estava me esperando escorado no capô do carro dele, com uma camisa escura, braços cruzados e um óculos de sol tapando os seus olhos.

Ele entreabriu os lábios ao me ver e abaixou o seu rosto para me encarar sobre os óculos.

— Estou pronta — Falei e ele me analisou dos pés à cabeça.

— Está atrasada — Ele disse — Perdeu o café da manhã.

— Eu acordei tarde — Menti — Eu vou comer na escola.

Andei até o jaguar e abri a porta do passageiro, entrando logo em seguida e me sentando confortavelmente.

— A escola fica muito longe daqui? — Eu perguntei assim que ele começou a dirigir para fora do terreno da casa.

— Não muito — Ele respondeu — Mas a minha faculdade é. Tente acordar mais cedo das próximas vezes ou vai começar a me atrasar.

— Me desculpe — Olhei para a paisagem e tentei manter o meu cabelo arrumado apesar do vento embatendo em nós por causa do modo conversível do carro — Eu estava tentando ficar apresentável para o meu primeiro dia nessa escola nova. Quero causar uma boa primeira impressão.

— Você conseguiu — Ouvi ele dizer e então o encarei.

Ele percebeu o meu olhar e olhou para mim também, depois esboçou um leve sorriso.

— Está muito bonita — Ele elogiou — Não se preocupe tanto com a aparência, Angel. Você seria a mais bonita da sua escola de qualquer forma...

Fiquei em silêncio.

Antes, quando Christopher me elogiava dessa forma eu achava até engraçado. Pensava que ele queria me agradar e que era exagerado em tudo o que fazia, mas agora eu me pergunto se os elogios dele são inocentes ou se ele está sempre flertando comigo.

A forma como ele me agarrou em seus braços naquela casa abandonada, e as palavras que ele usou...

Ele disse que me queria, da forma mais necessitada que eu poderia imaginar alguém dizer para outra pessoa.

E eu quero ele também, mas não podemos.

Eu não posso me envolver com o meu meio-irmão e colocar o relacionamento da minha mãe em risco, e eu não quero isso, não agora que ela está feliz e que eu tenho um pai que está presente em minha vida...

Eu preciso esquecer isso que comecei a sentir em relação ao Christopher.

Precisamos recomeçar e ver um ao outro apenas como irmãos. É melhor assim.

Senti a mão dele pousar em minha perna e eu perdi o ar.

Fiquei tensa sentada no banco do passageiro e lancei um olhar confuso para ele.

Christopher ainda está olhando para o trânsito, mas a mão dele começou a subir a minha saia.

— O que está fazendo?

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