Angelique Beaumont
Bartholomew estava se despedindo do seu advogado que iria ajudar em meu caso na porta da casa. E eu continuava sentada aqui na sala de estar, calada, com medo de ter mais uma bronca.
Seria a terceira contando com a que recebi de madrugada quando o Christopher saiu do meu quarto depois de brigarmos e de ter nos deixado lá em um clima constrangedor...
O meu padrasto tinha feito eu me sentir extremamente culpada por quase estragar a nossa família dos sonhos "outra vez".
Ele jogou isso na minha cara assim que a minha mãe voltou para o quarto dela chateada, e com razão.
Sei que tinha prometido que não me envolveria com o Christopher, mas eu não posso mandar em meu coração.
O advogado foi embora e o Bart fechou a porta.
Eu estava mais aliviada porque o homem tinha dito que por eu ter apenas dezessete anos e não ter machucado alguém ou provocado um acidente enquanto dirigia bêbada, eu pegaria uma pena menor, como uma multa e horas de trabalho voluntário.
— Nunca pensei que você fosse dar mais trabalho que o Christopher — Bartholomew comentou e voltou para a sala com uma postura intimidadora — Em tão pouco tempo e tantos problemas...
— Me desculpe, pai — Eu suspirei e assisti ele se sentar ao meu lado no sofá. Ainda era estranho chamá-lo de pai mas eu queria que ele se sentisse tocado e amenizasse a bronca.
— Eu vou fazer uma doação para a caridade em seu nome, assim você se livra do trabalho voluntário e poderá ir pra esse colégio — Ele retirou um panfleto de dentro do paletó e me entregou — Não era o que eu planejava para nós, Angelique, mas você não está me dando escolha.
Eu peguei o panfleto e primeiro eu vi a foto de um lugar antigo, parece um castelo medieval no meio do campo.
— É um lugar legal. Celina estudou lá quando era nova porque a mãe dela tinha morrido em um acidente e ela nunca conheceu o pai. Ela não tinha onde ficar. É um colégio interno para meninas e as freiras cuidam muito bem das alunas.
— Não, Bart — Eu pedi e engoli em seco enquanto via a expressão dele seria e dura — Por favor, eu vou me comportar...
— É só durante os últimos meses até você se formar na escola — Ele insistiu — Assim você pensa nos seus atos e a sua relação com o Christopher esfria. Não posso te manter aqui na mesma casa que ele por enquanto ou não vamos chegar à lugar algum.
— Eu fiz amigos aqui...
— Fará amizades lá também — Ele interrompeu — Vai ser bom pra você. Bom para nós. Eu e a sua mãe vamos te visitar de quinze em quinze dias
— Ela já sabe disso? — Perguntei.
— Sim, e ela concorda que você precisa ficar um tempo longe daqui.
Eu senti como se tivesse levado um murro no estômago.
Voltei a encarar aquele colégio e comecei a ler o que falavam dele no panfleto.
— Ele fica na Bélgica? — Perguntei e o encarei com lágrimas nos olhos — É tão longe...
— É um bom colégio — Foi tudo o que ele disse.
Suspirei profundamente e engoli a vontade de chorar. Ele estava me levando para o mais longe possível do Christopher. E a minha mãe estava apoiando.
— Vai ter tempo até o julgamento para se despedir dos seus amigos no colégio, e quando você voltar, vamos fazer uma viagem em família — Ele esboçou um pequeno sorriso — Ah, é melhor que não conte ao Christopher sobre o colégio novo. Vamos evitar mais uma confusão, tudo bem?
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Cicatrizes de Ouro (Grátis até final de dezembro 2022)
RomanceChristopher Goldschmied é filho de um bilionário inglês, herdeiro de uma indústria de mineração de ouro e pedras preciosas. Como um típico jovem rico de berço, ele acha que é dono do mundo inteiro, mas quando o seu pai se casa com a mãe de Angelique...