Vergonha

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Angelique Beaumont

Depois do brinde, para mim, a festa acabou.

Subi para o meu quarto e fechei a porta.

Estou com muita raiva de ter visto o Christopher beijando a Kira. Eles estavam prestes à fazer muito mais do que isso...

Sei que não tenho nada a ver com isso, mas eu e Christopher nos beijamos ontem, eu pensei que tinha sido especial para ele como foi para mim apesar de não podermos ficar juntos.

Eu pensei... Eu queria que ele quisesse beijar a minha boca outra vez, não a de outra pessoa.

Respirei profundamente e engoli a vontade de chorar.

Subi em cima da minha cama e me sentei olhando para o nada.

Meu coração ainda está doendo, ele está assim desde o momento que eu os vi, e a cada respiração minha parece que uma adaga me perfura ainda mais.

Desviei o meu olhar da parede e olhei para a cabeceira da minha cama. Li o nome dele ali, "Christopher, o pirata". Quis risca-lo, mas não fiz.

Suspirei e estiquei o meu braço para pegar um dos meus cigarros e meu isqueiro.

Acendi o cigarro e tentei fazer com que aquilo me acalmasse.

Ergui o isqueiro na altura dos meus olhos e o apertei em minha mão.

Não era a primeira vez que alguém quebrava o meu coração.

Eu preferia conviver com esses dois nomes escritos em minhas coisas. Queria me lembrar...

Antonio em meu isqueiro e Christopher em minha cama.

Sempre me perguntavam quem era Antônio pois viam o nome dele escrito ali. E eu sempre tive que mentir.

Para cada pessoa uma história diferente.

O dia passou e se tornou noite, mas continuei no mesmo lugar, agora, no escuro, apenas o isqueiro iluminando enquanto brinco de acendê-lo e apagá-lo. Pensando sobre minha vida.

A porta se abriu e eu desviei a atenção da chama e olhei para o Bartholomew na porta. Algo dentro de mim queria que fosse o Christopher.

— Eu e a sua mãe já estamos saindo para a lua de mel — Ele avisou e eu assenti no escuro com apenas a luz do corredor iluminando aqui dentro do meu quarto.

Bart acendeu a luz e meus olhos doeram.

— Está tudo bem? — Perguntou e eu assenti novamente.

Mas isso não o convenceu.

Ele entrou e fechou a porta.

— Por que não está mais dormindo comigo? — Ele me perguntou e andou na minha direção — Não é a mesma coisa sem você — Ele se sentou na minha cama e ficou me encarando de perto.

— Queria ficar sozinha — Menti e encolhi as minhas pernas para abraçá-las.

— Isso não tem nada a ver com o Christopher? — Ele tocou o meu queixo e fez-me encara-lo nos olhos. Eu neguei com a minha cabeça e ele assentiu, sorrindo um pouco sem mostrar os dentes — Tudo bem — Bart acariciou o meu cabelo — Você vai cumprir nosso combinado enquanto eu e sua mãe estivermos fora?

— Vou — Eu disse. Minha voz quase não saiu da minha boca — Não quero saber mais dele.

— É melhor assim — Agora ele sorriu com todos os dentes — Não vamos misturar as coisas... Somos uma família agora, certo?

Eu assenti.

— Ok — Ele disse e beijou a minha testa — Os empregados e o Bristol vão cuidar de vocês — Isso pareceu mais como um "vou saber de tudo o que acontece aqui".

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