O Internato

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Angelique Beaumont


— Essas são as suas roupas — Uma freira velha entregou-me um pacote pesado que fez os meus braços quase despencarem — São dois uniformes completos e dois de educação física, sapato, tênis e meias, que você terá que entregar para a responsável da lavanderia toda sexta-feira depois que acabam as aulas, se você se esquecer ou enrolar, terá que usar o seu uniforme sujo durante a próxima semana. É completamente proibido o uso de roupas comuns dentro do colégio durante a semana de aula. É a nossa maior norma. Não podem se diferenciar em relação à estilo e marcas. Você poderá sair de 15 em 15 dias para passear ou ir visitar a família, sempre com a família ou um responsável legal. Nesses dias você está permitida a usar as suas próprias roupas. É proibido sair sozinha sem autorização. Somos os responsáveis por você aqui. Ah, e nos outros feriados você deverá ficar aqui, não tem direito à passeio. Nós desenvolvemos atividades para as alunas na área do colégio.

A freira falou tanto que eu fiquei até zonza.

— Entendido? — Ela perguntou e eu assenti — Irmã Nina levará você para o seu quarto e dará mais instruções. É essencial que você siga as regras do colégio. Há punições caso não siga.

— Punições? — Perguntei preocupada.

— Sim. É melhor não arriscar e se comportar — Ela me encarou em uma expressão que eu compreendi ser para me botar medo, com um olhar escuro, firme e assustador — A nossa educação é bastante rígida — Ela avisou — Seja bem vinda, senhorita Beaumont — Disse por fim e depois saiu.

A freira velha que parecia ser a supervisora do colégio voltou para a sua sala sem falar nem mais uma palavra. Analisei a roupa dela e a da irmã Nina que ficara esperando por mim em pé na outra porta. Essa era mais nova, tinha uns cinquenta anos, e parecia muito menos assustadora, mas também usava o habito, uma roupa de freira preta e branca que cobria o corpo, os cabelos e o pescoço. O único pedaço de pele que eu podia ver era o rosto e as mãos.

Por fora o colégio parecia com o castelo de Hogwarts. O que já era bizarro o suficiente,
mas por dentro... Parecia um cenário de filme de terror! Freiras caminhavam calmamente demais pelo pátio e as paredes eram de pedra, horríveis e escuras, o piso era de cimento queimado, a iluminação era precária para o tamanho do lugar, mesmo estando de dia. O teto era muito, muito alto e as colunas eram colossais. Girei enquanto eu caminhava pelos corredores para olhar tudo em minha volta.

Agora eu não tinha nenhuma dúvida de que se tratava de uma construção gótica, e se isso não fosse um colégio, com certeza poderia ser uma prisão para os demônios, onde as freiras eram as carcereiras.

O colégio é inteiramente silencioso, do tipo que a única coisa que dá para ouvir são os nossos sapatos, os meus e os da irmã Nina, embatendo no chão enquanto caminhamos.

Eu também conseguia ouvir o maço de chaves que está dependurada em um cinto de corda ao redor da cintura da freira à minha frente.

Ela parecia uma guarda. Talvez seja.

Até a minha mala de rodinhas parecia fazer um barulho mais alto do que antes. Ou eu só não tinha reparado que a rodinha parecia estar com problema.

Subimos as escadas em uma torre e depois eu a segui por um longo corredor.

— A partir das nove horas da noite você não poderá mais ficar nos corredores sem a companhia de um responsável — Irmã Nina me informou — Caso queira ir ao banheiro depois desse horário terá que chamar a irmã de plantão — Ela disse, o que me deixou pasma. Isso era um absurdo! Eu não poderia nem ir ao banheiro sozinha? — Esse é o seu quarto, você dividirá com uma outra menina, ela é uma boa garota, mas ela está passando o final de semana com a família, ela deve chegar amanhã junto com a maioria das outras alunas.

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