A queda

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Angelique Beaumont

Eu estava em pé no corredor do hospital e estava inquieta, eu caminhava de um lado para o outro tentando fazer com que o tempo passasse mais rápido.

Kira estava sentada em uma das cadeiras e não tinha movido um músculo desde que chegou.

Ela não tinha tido nenhum arranhão.

Mas o Christopher estava em uma sala de cirurgia.

Ele rompeu uma veia importante do braço e teve uma hemorragia, estão tentando reparar isso.

Pela expressão das pessoas aqui não parecia ser uma situação simples, mas eu não queria pensar muito nisso.

Eu queria pensar que tudo iria dar certo.

Mas depois de tanto tempo estando aqui, eu comecei a enlouquecer...

Eu avancei na direção de Kira e estourei:

— O que aconteceu? — Eu gritei mesmo sabendo que era proibido por eu estar em um hospital.

Alguns enfermeiros olharam para mim com repreensão.

Ela continuou na mesma posição. Isso me deixou enervada.

Eu peguei o seu rosto e a fiz me encarar.

Os olhos dela estavam vidrados, distantes...

— Kira — Eu tentei manter a calma — O que aconteceu?

Eu estava em casa e tinha acordado ao sentir a falta do Christopher, o procurei por toda parte até perceber que o carro dele não estava lá.

A próxima coisa que eu me lembro foi do porteiro ter vindo me avisar que ele tinha sofrido um acidente e que estava no hospital.

Só coloquei uma roupa qualquer e ele me trouxe pra cá.

Os policiais disseram que a Kira chamou por ajuda, e a ambulância os trouxe juntos para cá.

— A culpa é sua — Ela disse entredentes enquanto me encarava fixamente — Se você não tivesse aparecido em nossas vidas. Tudo teria continuado perfeitamente bem.

Eu suspirei e larguei o rosto dela para ir para o outro lado do corredor.

Desisto de tentar conversar com ela...

Ela é louca.

Logo me lembrei do que Daisy contou um dia na escola sobre ela ter estado em uma clínica de reabilitação.

Deixei o meu corpo cair, deslizando pela parede até me sentar no chão, tentando ignorar a presença dela aqui.

Coloquei as minhas mãos em meu rosto e fiquei ali por muitos minutos, talvez horas.

Até que no fim do corredor um tumulto me chamou a atenção.

Eu olhei e vi os funcionários do hospital tentando conter o desespero do meu padrasto.

A minha mãe estava tentando acalma-lo, mas era em vão.

Bartholomew estava tentando entrar na sala de cirurgia onde o Christopher estava já fazia horas...

A cena era de partir o coração.

Eu me levantei e corri na direção dele e da minha mãe.

Imediatamente o abracei e tentei fazer ele ficar calmo.

Minha mãe nos abraçou e então ficamos assim, os três. O meu padrasto chorava em desespero, o seu corpo inteiro tremia, e isso me fez chorar pela vigésima vez naquele dia.

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