Camponesas

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Angelique Beaumont

Estava me afundando em minha desgraça enquanto escutava música.

Já era a décima vez que colocava "Don't Speak" dos No Doubt para tocar porque eu achava que essa musica se encaixava perfeitamente em minha situação.

Eu tinha fumado mais que o normal e se eu tivesse uma garrafa de vinho eu já tinha acabado com ela, afogando todas as minhas mágoas.

— Não fale! — Eu cantei gritando furiosa — Eu sei tudo o que você está dizendo. Então, por favor, pare de explicar... Não me diga porque isso magoa!

— Angelique? — A minha mãe me chamou ao abrir a porta do meu quarto.

Eu a ignorei e continuei cantando.

— Não fale! Eu sei o que você está pensando! Eu não preciso das suas razões... Não me diga porque isso magoa!

Minha mãe entrou em meu quarto e eu me apressei em fechar o meu diário.

Estava escrevendo sobre o quanto eu odiava amar o Christopher.

Olhei para ela e esperei que ela dissesse o que queria.

— Você está bem? — Ela pareceu horrorizada com o meu rosto inchado e vermelho de tanto chorar.

— Não, mamãe. Estou sofrendo por amor! — Eu confessei e me arrastei para me deitar no colo dela assim que ela se sentou em minha cama.

— Oh, Angie — Ela acariciou a minha cabeça e eu molhei a barra do vestido dela com as minhas lágrimas — Eu queria dizer pra você que é apenas uma fase, mas não quero mentir.

Isso não ajudou...

Eu chorei mais com o que ela disse.

— Sofremos por amor por toda a vida — Ela falou e eu ergui o meu rosto para encara-la.

— Oh, Deus. Eu não aguento mais e isso só faz 24 horas — Eu disse me sentindo um pouco zonza — Imagina sofrer assim por toda a vida...

Ela deu risada.

— Terá bons momentos também, querida — Ela assegurou e eu funguei — Você é muito nova... Ainda vai ter muitos outros amores.

— Eu tenho a impressão de que eu nunca vou conseguir me esquecer desse — Contei para ela tentando omitir os detalhes que ela precisa saber, tipo que se trata do meu meio-irmão — Ele sempre vai estar ao redor de mim. Não vou conseguir ter paz nunca mais em minha vida! — Falei a última frase chorando.

— Que drama, Angelique!

— Não é drama! — Me defendi mas a forma como eu disse pareceu dar ainda mais drama ao meu sofrimento.

— O que está acontecendo aqui? — Bart entrou em meu quarto e me pegou no flagra.

Agradeci aos céus por ter conversado tudo isso em francês com a minha mãe, assim nem ele e nem ninguém nessa casa poderia nos entender.

— Drama adolescente — Eu expliquei e me sentei na cama ao lado da minha mãe.

Minha mãe riu de mim.

Quero socar o rosto dela por achar os meus problemas tão pequenos.

— Estava pensando... Que tal aproveitar o sábado e colocar a jardinagem em prática? — Mamãe sugeriu — Não quer plantar as suas margaridas, Angie?

Limpei o meu rosto e assenti positivamente.

Seria bom cuidar de alguma coisa e tentar me esquecer um pouco de ontem.

Cicatrizes de Ouro (Grátis até final de dezembro 2022)Onde histórias criam vida. Descubra agora