Rococó

3.8K 384 57
                                    

Christopher Goldschmied

— ANGELIQUE — Eu chamei enquanto corria no gramado atrás dela.

Ela se virou e continuou correndo de ré por apenas alguns segundos até cair para trás.

Eu ouvi um gritinho agudo e depois uma risada quando ela caiu.

— Você está bem? — Perguntei quando me aproximei e parei, apoiei as minhas mãos em meu joelho para descansar um pouco e tomei uma respiração profunda.

— Sim — Ela disse rindo — Foi apenas um susto.

Ofereci a minha mão para ela e a ajudei a se levantar.

— Posso conversar com você? — Eu perguntei e comecei a caminhar atrás dela — Pra onde você está indo?

— Eu quero saber o quão grande é essa casa — Ela falou e continuou o seu caminho com passos decididos.

Fomos até uma barreira de árvores e ela espiou o outro lado.

— Quem mora ali? — Perguntou curiosa enquanto observava a casa do vizinho.

Eu me juntei à ela e olhei para a casa estranha e abandonada estilo rococó.

— Ninguém — Eu falei e ela olhou para mim surpresa — Eles morreram há muito tempo e os parentes ainda não venderam. Estão brigando por causa da herança, acho que ainda vão demorar resolver isso.

— Que besteira... — Ela disse com o cenho franzido — Tantas pessoas sem ter onde morar e eles estão brigando para saber quem fica com o que... Por que não vendem logo e gastam o dinheiro?

— É mais complicado que você pensa — Eu falei e sorri.

— Não é complicado — Ela negou — São as pessoas que complicam tudo.

Angelique atravessou a cerca e começou a caminhar em direção à casa antiga.

— Onde você pensa que vai? — Ela não me respondeu e eu suspirei, não acreditando que vou fazer isso...

Pulei a cerca com facilidade e olhei em volta.

Em todos esses anos eu nunca tive curiosidade o suficiente para ver como é esse lugar, mas agora eu me pergunto porque não fiz antes...

A grama está morta e a pequena ponte que nos permite atravessar um antigo lago seco está podre.

Atravessamos com cuidado e depois eu segui Angelique até a casa assustadora que um dia pode ter sido um palácio.

Ela pegou a camisa dela e a levantou para limpar a poeira da janela de vidro assim que chegamos lá, depois espiou.

— Uau — Ela disse e tentou abrir a janela mas está trancada.

— Você está mesmo pensando em entrar aí? — Eu perguntei e ela lançou um olhar atrevido para mim.

Seus olhos azuis estão brilhando em uma mistura de curiosidade e adrenalina.

— Você não aparentou ser tão medroso assim quando quebrou a perna do Martin — Sorriu de lado.

— Isso não é ser medroso, é ser racional — Eu falei mas mesmo assim fui até onde ela está agora, tentando abrir a janela — Está trancada — Falei o óbvio e ela olhou para os lados em busca de algo.

Angelique caminhou até o lago seco e depois voltou com uma pedra grande na mão.

Eu abri a minha boca para contestar mas ela quebrou o vidro antes disso, depois ela destrancou a janela por dentro.

Cicatrizes de Ouro (Grátis até final de dezembro 2022)Onde histórias criam vida. Descubra agora