Aberrações

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Christopher Goldschmied

Fiquei pensando em Angelique a noite inteira até não suportar mais e me levantar da cama.

Já é quase de madrugada e eu não dormi ainda mesmo que eu esteja com sono...

A minha mente simplesmente não desliga por mais que eu queira.

Peguei um cigarro e o acendi. Fumei mais uns dois ou três no escuro do meu quarto...

Por que eu tinha que me apaixonar logo pela filha da mulher que o meu pai está se casando?

Apaguei o cigarro no cinzeiro no móvel ao lado da minha cama e pensei muito, pensei até o meu cérebro doer... Mas decidi que iria dizer isso à ela.

Foda-se!

Saí do meu quarto e depois calmamente pelo corredor em direção ao quarto de Angelique que fica na outra ala da mansão.

Está tudo escuro, praticamente não consigo ver, a única iluminação é a que vem lá de baixo e reflete aqui em cima...

Parei quando vi um vulto do outro lado...

Meu pai saindo do quarto de Angelique sem roupas.

Primeiro eu tive vontade de vomitar ou gritar, mas depois eu fiquei sem reação quando ela saiu do quarto dela também e entrou no quarto dele.

— Que porra está acontecendo aqui?

Decidi continuar com o meu trajeto e comecei a dar passos ainda mais lentos e cuidadosos. Não quero fazer barulho e revelar a minha presença aqui...

Prendi a respiração e me encostei na parede ao lado da porta do quarto do meu pai.

Aos poucos fui me virando pela beirada para olhar lá para dentro...

Meu pai, Madeleine e Angelique estão os três deitados na cama.

Madeleine está dormindo do outro lado da cama. Meu pai está se mexendo um pouco, o que indica que ainda está acordado, e Angelique está virada de costas para mim, mas eu consigo ver que a única coisa que cobre o corpo dela é o lençol.

Ela se virou na cama e eu me escondi atrás da parede outra vez.

Quando voltei a espiar meu pai estava virado para essa direção também e abraçado com Angelique.

Isso me deixou com uma raiva nunca sentida antes. Ela me recusa com a desculpa de que causaríamos uma confusão no casamento dos nossos pais mas o que significa essa merda que estou vendo?

Angelique abriu os olhos e encontrou os meus.

Eu virei a cara e quis me socar, ou socar a cara dela...

Saí dali e caminhei rapidamente de volta para o meu quarto.

Entrei aqui dentro e quando me virei para fechar a porta, assustei-me com Angelique diante de mim enrolada com o lençol.

— Eu sei o que você está pensando mas não é nada disso — Ela falou e eu bufei, quis fechar a porta na cara dela, mas agora eu quero que ela me explique essas merdas que acontecem desde que ela e a mãe dela apareceram aqui.

Puxei ela para dentro e só depois eu fechei a porta. Senti o corpo dela estremecer com a força e raiva com que eu bati e depois pressionei o corpo dela contra a madeira.

— Você transa com o meu pai? — Fui direto ao ponto.

— Não — Ela pareceu ofendida — Ele tem problemas para dormir... Eu fico com eles até que ele durma!

Eu tive que rir.

— Vocês ficam nus até ele dormir? Você é muito caridosa, Angelique — Olhei para ela com desgosto e depois me afastei.

Mas de repente a raiva percorreu o meu corpo como tema carga elétrica e eu voltei e esmurrei a porta bem ao lado da cara dela.

A única reação de Angelique foi arregalar os olhos por um segundo.

— Eu não consigo entender! A sua mãe fica sem roupa na minha frente e você fica sem roupa na frente do meu pai... pior, ele fica sem roupa na sua frente! Isso está errado! — Eu quase gritei.

Agarrei o meu cabelo e caminhei pelo meu quarto, mantendo distância dela.

Estou quase tendo um surto...

— Christopher — Angelique me chamou mas eu não quero olhar para ela — Nós, seres humanos, apenas nos cobrimos por vergonha...

— E vocês três perderam a vergonha pelo que constatei.

— Só depois que foram criados os pecados é que começamos a ter vergonha do nosso sexo... Entre mim, a minha mãe e o seu pai não existe pecado, somos uma família!

Eu olhei para ela não acreditando na baboseira que estou ouvindo.

— Estarmos sem roupa perto um do outro é a maior prova de que nossa relação é pura — Ela tentou me explicar mas eu não consigo, e não quero, compreender essa situação anormal — Eu nunca tive nada com o seu pai... Nada! E ele nunca tentou... acredite em mim!

Bufei e deixei o meu corpo cair para trás na minha cama.

— Seu pai avisou que você demoraria entender o nosso estilo de vida — Ela falou e eu voltei a me sentar como se fosse um zumbi e encarei ela com os meus olhos prestes a rolar para trás.

— Meu pai nunca viveu algo assim... Isso é um estilo de vida seu e da sua mãe. Não pense que ele é um hippie maluco como o seu pai! Ele não é assim!

— Eu sei — Ela suspirou — Mas ele é como nós agora...

— Angel — Eu me levantei e caminhei até ela para segurar o rosto dela e fazê-la encarar os meus olhos para que entenda de umas vez por todas — Meu pai é um homem, e um homem não tem controle sobre aquilo que está entre as nossas pernas. Poderia ser o papa abraçado com você ali, o pau dele iria ficar duro, ok?

— A ereção é uma coisa muito natural...

— Oh meu Deus! Angelique! Você é louca? — Perguntei — Estou começando a achar que você e a sua mãe não passam de duas piradas!

Afastei-me dela novamente e depois virei para encara-la, negando com a minha cabeça.

— Mas a sua mãe é mais maluca que você para te submeter à isso desde criança! — Eu apontei e depois suspirei — Ethan me contou que você disse que fuma desde os nove anos?!

— Isso não é culpa da minha mãe! — Angelique defendeu e eu ri sem humor algum.

— De quem é então? Onde ela estava enquanto você arruinava a sua vida? Onde você conseguia os cigarros? Angelique... meu pai não me deixava fumar na frente dele até dias atrás e eu sou um adulto! Já você... fuma desde criança e a sua mãe nem se importa... Pelo contrário... Ela fuma junto com você, porra!

Fechei os meus olhos e respirei fundo. Estou muito nervoso...

— Vocês são aberrações — Pressionei os meus dedos em minha testa e andei até a minha varanda.

Preciso de algum ar fresco...

E então depois de pensar nessa loucura que se tornou a minha vida eu comecei a rir dessa situação.

— Eu posso pedir algo para você? — Olhei para dentro do quarto mas Angelique não está mais aqui.

Cicatrizes de Ouro (Grátis até final de dezembro 2022)Onde histórias criam vida. Descubra agora