Sacrifício

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Angelique Beaumont

Christopher estava dirigindo muito rápido para quem tinha acabado de sair do hospital. O braço dele ainda não estava completamente recuperado, mas o esforço que ele fazia no volante não era muito, então eu acho que isso não estava o predicando em algo.

Ele não disse uma palavra desde a cena que a Kira fez querendo ir com a gente. Eu pude ver o ciúmes e a raiva nos olhos dela.

Confesso que ela me amedronta um pouco.

A música na rádio era alta o suficiente para não ouvirmos as nossas respirações alteradas pela dor.

Eu podia sentir que um abismo estava sendo criado entre nós.

— Angel... Eu queria fugir com você — Ele disse depois de tanto tempo em silêncio, sem tirar os seus olhos do trânsito.

— Eu fugiria com você — A minha voz era tão baixa que ele poderia pensar que eu estava sussurrando um segredo.

Christopher olhou para mim e ele quis sorrir, mas ele não estava de todo feliz para fazer isso.

— As vezes eu fico repassando o dia que nos conhecemos antes de ir dormir — Ele me contou — Mas eu faço isso de uma forma um pouco diferente do que aconteceu...

Eu o encarei e fiquei esperando que ele me contasse as coisas que ele imagina sobre aquele dia.

— Eu imagino o início exatamente como foi — Christopher falou e depois pareceu pensativo — Eu me lembro do seu cabelo no asfalto, do sangue em seu vestido... De quando você abriu os olhos e olhou para os meus... Angel, você me enfeitiçou.

Senti o meu coração medroso relaxar quando ele disse isso, voltando a bater quase que de forma normal.

Eu não tinha percebido o quanto estava tensa.

Christopher estacionou o carro em frente à um parque e se virou um pouco no banco para me encarar de frente.

— Eu não mudaria nada até o momento que eu descobri que você era a filha de Madeleine. A partir daí, eu mudo tudo... Eu crio histórias em minha cabeça. Isso é normal?

Eu sorri.

— Acho que sim — Eu disse e continuei o encarando em silêncio para poder ouvi-lo.

— Eu imagino nós dois voltando do hospital, e eu te deixo em sua casa, mas antes de você sair do meu carro eu tento te beijar... E você me deixa porque você acharia isso muito normal — Ele riu e eu continuei sorrindo e imaginando o que ele disse — Mas então eu tentaria algo mais porque eu sou abusado — Ele falou com humor — E então você iria me dar um tapa na cara como você já fez uma vez — Christopher falou e sorriu ao se lembrar — Eu ficaria tão bravo, amor, porque eu odeio ser contrariado ou que me batam. Mas eu deixaria você ir, apenas porque eu sabia que estaria de volta para te ver novamente, porque eu já estava apaixonado.

— E depois? — Pedi que ele me contasse mais.

— Depois eu faria as coisas normais que um cara faz para tentar conquistar a garota... Eu iria levar você para sair e iria tentar pegar na sua bunda até que você me deixasse. Eu iria dizer o quanto você é bonita e que eu queria você para mim...

Eu sorri e depois eu senti ele tocar a minha perna.

— Eu me imagino pedindo você em namoro, Angel, você seria a minha primeira namorada — Ele deslizou a mão pela minha perna e subiu um pouco a saia do meu uniforme — Existem várias versões dessa história, mas em todas nós ficamos juntos... Em todas eu digo que... Eu amo você.

Cicatrizes de Ouro (Grátis até final de dezembro 2022)Onde histórias criam vida. Descubra agora