Paris Sombria

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Christopher Goldschmied

Decidimos ir de trem até Paris para aproveitar a viagem e ver as paisagens, mas Angelique dormiu grande parte do tempo com a cabeça deitada no meu ombro.

Ela acordou algumas vezes, perguntou-me se nós já estávamos chegando, olhava para as paisagens na janela e voltava a dormir. Mas eu não me importei com isso, deixei que ela descansasse, não me senti sozinho, eu a tinha em meus braços e isso já era o suficiente.

Eu estava preocupado com a nossa ida á Paris, tenho que admitir, não sei se era um boa ideia. Eu odiava tudo o que envolvia o seu passado nessa cidade e eu não queria realmente visitar a sua casa... seu quarto... onde tudo aquilo que ela me contou aconteceu.

Acariciei os seus cabelos e fechei os meus olhos para tentar cochilar também, escorei a minha cabeça na sua e dormi.

Eu tive um sonho ruim. Sonhei que eu perdia Angelique, sonhei que ela me deixava para ir viver com outro... Um homem misterioso que não mostrava a sua face, mas no fundo eu sei muito bem de quem se trata. Era o homem do isqueiro, no meu pesadelo ele acendia um cigarro e ria de mim com os dentes nojentos e cheios de nicotina encrostada nós mesmos.

Esse homem já está morto e eu não preciso me preocupar com isso, mas eu acordei assustado.

Olhei para a garota em meus braços e respirei aliviado. Angel não iria à lugar algum, ela está comigo.

Paris começou a passar pelas janelas e então eu acordei Angelique também.

— Chegamos — Eu avisei e ela abriu os olhos lentamente, esfregou os mesmos e depois se escorou no vidro da janela, pousando as suas duas mãos ali para ver as construções e todo o charme da sua cidade natal.

Ela olhou para trás sobre o seu ombro para me encarar e sorriu feliz, isso me fez sorrir também. Nenhuma preocupação no mundo é mais importante que a felicidade dela.

Eu me aproximei um pouco mais e descansei o meu queixo sobre um de seus ombros para ver as paisagens também.

Chegamos no hotel apenas para deixar as nossas malas e trocar de roupa para fazermos um passeio.

Enquanto Angelique estava no banho eu entrei na internet pelo meu celular. Não sei se queria mesmo ver o que falavam de nós, mas foi o que eu fiz...

A única coisa fora do esperado foi um dos sites ter dito que a Kira negou que o nosso noivado tenha acabado, ficou parecendo que eu estou a traindo com a Angelique.

Angelique saiu do banheiro e eu fechei o site rapidamente para que ela não visse aquilo. Ela ficaria chateada com isso e eu quero que ela aproveite o dia e a viagem, quando voltássemos para Londres eu contaria tudo.

— Eu amo o clima de Paris nessa época do ano — Angelique disse enquanto vestia um short jeans e camisa branca de botões que parece ser minha.

Espera...

— Essa camisa é minha? — Perguntei.

Ela olhou pra mim pelo reflexo do espelho e sorriu como uma criança atentada.

— Ficou bem em você — Eu elogiei e assisti ela arregaçar as mangas.

— Obrigada — Ela agradeceu e terminou de se aprontar para saírmos.

Angelique quis ir primeiro no conservatório onde ela fazia aulas de piano. Ela queria ver a professora que parece ter tido um laço de amizade, mas antes ela parou em frente à uma padaria e espiou o interior pelo vidro.

Eu parei ao lado dela e a observei enquanto ela observava uma mesa vazia.

— Quer comer algo? — Perguntei e ela parece ter saído de um transe.

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