Plano do Fim

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Christopher Goldschmied

Abri os meus olhos e pisquei algumas vezes, eu me sentia péssimo, dolorido, exausto. O meu corpo parecia pesar tanto ao ponto de eu não conseguir nem me mover, e quando eu respirava, doía.

Senti a presença de uma enfermeira que estava dentro do quarto de hospital. Eu já tinha percebido que estava em um por causa das coisas ao redor, lembrei-me do acidente e logo pensei que eu posso ter me machucado feio.

Ela olhou para mim e seus olhos se abriram em surpresa. A mulher estava com uma máscara cobrindo o seu rosto mas pude perceber quando ela sorriu.

— Senhor Goldschmied! — Ela disse com uma voz amável — Não esperávamos que acordasse agora. Como está se sentindo?

— Mal — Respondi com uma voz que nem parecia ser minha — A minha amiga... a que estava no outro carro... — Tentei perguntar à enfermeira como a Kira estava mas eu não conseguia conversar direito.

— Só você se feriu no acidente, Senhor Goldschmied — Ela me contou e eu suspirei aliviado — Eu vou chamar o médico.

A mulher saiu do quarto me deixando sozinho aqui.

Várias coisas passaram pela minha cabeça, mas a mais importante e que me deixava ansioso era se Angelique estava aqui. Eu queria vê-la.

A enfermeira voltou com um médico e eles vieram até mim.

— Christopher, sou o médico responsável pela sua cirurgia vascular — Ele disse e eu franzi o meu cenho — É um prazer conhecê-lo, eu sou o Dr. Turner.

— Cirurgia? — Perguntei confuso.

— A sua veia basílica se rompeu no acidente — Ele apontou para o meu braço e eu finalmente vi um curativo, não havia percebido isso antes — Você teve outras lesões não muito graves, mas esse rompimento fez você ter uma hemorragia interna. Tivemos que abrir o seu braço para fazer o reparo, você vai ver a cicatriz depois, bem nessa região... — Ele pairou a mão dele por cima do lugar — Para isso nós tivemos que dar uma anestesia geral, o que o seu corpo não aceitou muito bem, você teve uma reação alérgica que desencadeou três paradas cardíacas — Quando ele terminou de falar eu estava completamente pasmo.

— Há quanto tempo estou aqui? — Perguntei com medo de ter ficado em coma ou algo parecido, porque era só o que me faltava...

— Quase três dias — O médico respondeu — Tivemos que sedar você para evitar que você acordasse e tivesse fortes emoções. Não podia correr o risco de mais paradas cardíacas...

— Estou fora de risco agora? — Perguntei quando ele começou a checar os aparelhos ligados ao meu corpo.

— Você está estabilizado — Ele falou — Vamos fazer alguns exames ainda. Mas você já vai poder ver a sua família. Eles foram avisados que você acordou.

Eu concordei e senti a enfermeira colocar um travesseiro debaixo da minha cabeça com cuidado, depois deixou a minha cama em uma posição mais curvada para que eu ficasse um pouco sentado.

Depois a enfermeira e o médico saíram e eu fiquei sozinho.

Mas não por muito tempo...

A porta voltou a se abrir e eu vi alguém entrar com um arranjo de flores tão grande que eu nem conseguia ver quem era.

Depois ela deixou o arranjo no móvel e eu vi que se tratava de Kira.

— Chris — A voz dela era cheia de culpa e os olhos dela estavam cheios de lágrimas.

Ela se aproximou e tocou o meu braço com cuidado.

Fiquei a observando e percebi que ela não tinha se machucado, apenas a área dos olhos estavam escuras e fundas como se ainda não tivesse dormido.

Cicatrizes de Ouro (Grátis até final de dezembro 2022)Onde histórias criam vida. Descubra agora