Cicatrizes de Ouro (Grátis até final de dezembro 2022)

Confissão

Christopher Goldschmied

 
Estava anoitecendo... O céu já estava ficando escuro mas no horizonte ainda tinha um clarão alaranjado misturado com um tom de rosa e violeta.

Eu servi duas taças de vinho tinto e fui até a parte de fora do iate, onde Angelique estava sentada na extremidade com o seu diário em mãos.

Aproximei-me em silêncio.

Ela parecia muito concentrada lendo algo.

Coloquei as taças sobre a mesinha e olhei para ela...

Os olhos dela são tão claros que a água do mar refletia neles como se fossem espelhos, sua pele pálida se destacava sob a luz do luar, e os seus cabelos apenas ficaram ainda mais escuros com a partida do sol.

A noite definitivamente é o turno dela. Se ela fosse um bicho, ela seria uma felina, caçando e sobrevivendo na escuridão.

Eu assisti ela rasgando uma página do diário dela cuidadosamente e depois ela a jogou ao vento...

A página voou, rodopiou e depois voou de volta para nós, passou por ela e ela olhou para trás, acompanhando o trajeto do papel.

E como se fosse sorte ou azar, eu aparei aquilo com muita facilidade.

Angelique entreabriu os lábios ao ver a página rasgada em minha mão.

Pelo seu olhar eu percebi que ela não queria que eu soubesse o que ela escreveu ali.

Eu pensei muito, várias coisas passaram pela minha cabeça ao mesmo tempo e então eu decidi que eu preferia não saber, se ela estava jogando aquilo fora então eu acho que eu não precisava me preocupar com o conteúdo.

Já estou cansado de discutir e sei que seja lá o que for, isso iria colocar o nosso amor à prova mais uma vez.

Não importa mais... Passado é passado e eu também não fui perfeito.

Peguei o isqueiro no meu bolso e o acendi, queimando a ponta da página em seguida...

Depois o fogo se alastrou por ela e quando sobrou apenas um pedaço de papel eu sacudi para apagar a chama.

Angelique ficou me encarando durante todo o processo... Ela parece surpresa e satisfeita com o que eu fiz.

— Obrigada — Ela agradeceu-me e levantou-se do sofá para caminhar na minha direção...

Ela descansou a cabeça em meu peito e segurou os meus braços, apertando os meus músculos suavemente.

Abracei a cintura dela e pousei o meu queixo no topo de sua cabeça.

— Eu não quero mais pressionar você... — Eu disse — Se você achar que eu devo saber então eu vou te ouvir... Eu quero confiar em você...

Ela se afastou um pouco e olhou em meus olhos.

Parece que ela está tendo uma batalha interna entre me contar ou manter o seu segredo.

— Eu... — Ela começou a falar com insegurança — Eu tive que fazer uma coisa para ter certeza do que eu sinto... de quem eu sou. Me desculpe por ser tão fodida da cabeça, Christopher.

Eu respirei profundamente.

— Acho que você vai sofrer se manter isso para si... — Eu disse e a analisei. Ela parece muito preocupada e culpada — Eu posso ver que você não quer esconder isso de mim. Você apenas tem medo de como eu vou reagir. Eu quero que você se sinta à vontade comigo, quero ser o seu melhor amigo além de ser o seu homem.