Último Suspiro

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Angelique Beaumont

 
Eu estava certa em pedir ajuda do Robert para me vestir para a première do filme da minha mãe. Ele adorou me produzir junto com seus amigos cabeleireiros e maquiadores. Estou com um longo vestido de seda branco perolado e um casaco felpudo branco, diamantes e ouro por toda parte e a minha maquiagem está impecável assim como o meu cabelo que ficou brilhante como nunca antes, arrumado com uma tiara delicada do acervo de jóias da mãe do Christopher.

E em falar nele...

Christopher está tão lindo vestido com um smoking preto Armani, parece um príncipe e eu não consigo parar de olhar para ele...

Ele pegou-me encarando-o e sorriu para mim.

Acho que não tem como eu ficar ainda mais apaixonada.

— Você está tão linda — Ele elogiou, analisando o meu rosto e cabelo — Você sempre está linda mas hoje você está especialmente maravilhosa.

— Obrigada, meu amor — Toquei rosto dele e ficamos nos encarando e nos acariciando até chegar no evento.

Da fila de carros aqui fora eu vi a minha mãe saindo de uma limusine com o grande vestido vermelho que ela havia me mostrado há dias atrás, e os fotógrafos foram à loucura.

Ela está linda, me sinto orgulhosa e feliz por ela.

Ela está vivendo um sonho... O sonho dela.

— Excêntrica Madeleine — Christopher falou, fazendo-me rir um pouco — Ela e o meu pai faziam um belo casal, não acha? — Perguntou e sorriu — Um belo e fodido casal.

— Você acha que o Bart fez ela sofrer? — Olhei para o Christopher, esperando por uma resposta sincera.

A expressão dele ficou séria, e então ele suspirou profundamente.

— Você ainda tem dúvidas disso? Meu pai usou Madeleine, depois fez dela uma mulher viúva. Mesmo sabendo que ele morreria, ele casou-se com ela e a iludiu, fazendo ela pensar que teria um marido, quando na verdade tudo o que ela teria seria lembranças de um romance falso. A sua mãe só descobriu nos últimos dias de vida dele que ele tinha câncer. Se pelo menos ele tivesse sido honesto quanto à isso... Mas acho que ele tinha medo de que vocês não viessem pra cá. Ou melhor... que você não viesse morar aqui conosco.

Quando Christopher fala assim, faz doer.

— Você acha que ele nunca a amou?

Isso fez Christopher rir seco e sem humor.

— A única mulher que o meu pai amou foi a minha mãe. E você... Porque você se parece com ela. Nunca houve espaço naquele coração para outra mulher. Meu pai casou-se tantas vezes, tentando encontrar algo que perdeu há anos atrás... O amor. E encontrou em Madeleine algo bem parecido com isso... Mas não por ela, Angel, você sabe disso. Ele estava obcecado por você. Mas eu não o culpo... Eu também ficaria confuso no lugar dele. Toda essa merda foi confusa pra caralho. E ainda é.

Conversamos tanto que nem percebi que havia chegado a nossa vez de passar pelo tapete vermelho. O motorista parou e um funcionário do evento abriu a porta do carro para saírmos.

Eu me sinto como Audrey Hepburn hoje.

Eu não sou uma atriz como a minha mãe, mas andar pelo tapete vermelho sendo fotografada por um exército de fotógrafos eufóricos fez-me parecer uma celebridade importante.

Eu e Christopher andamos de mãos dadas na frente dos fotógrafos e eles não paravam de chamar o nosso nome. Eu nem sabia para qual câmera olhar, mas foi legal.

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